A polémica que dominou alguma blogoesfera nas últimas semanas parece-me um tufão em alguidar de água turva mas tem que se lhe diga.
O post que desencadeou toda a polémica é discutível, duro e tem o seu quê de brutal. ainda bem: as verdades devem ser ditas, e numa revista como a Atlântico, que pretende ser "politicamente incorrecta" estão claramente no espaço indicado. Mas assim não o entendeu a maioria dos seus elementos.
O assunto que serviu de base à polémica é uma risível causa menor. Tudo começou por causa do artigo de Francisco José Viegas sobre a reacção à campanha do Orgulhohetero, da cerveja Tagus.
Reacção essa absolutamente despropositada e ridícula, com os já célebres Panteras Rosa e o inevitável Bloco de Esquerda como "reaccionários" de serviço, falando de "opressão", "poder homofóbico" ou "extrema-direita. Uma coisa totalmente digna da Contra- Informação.
Como é seu timbra, André Azevedo Alves veio concordar com o posta usando uma linguagem que lhe é costumeira: as "patrulhas ideológicas". Tanto bastou para a explosão de Tiago Mendes no texto já conhecido.
Concordando com a crítica aos excessos da trupe rosa, não posso todavia deixar de reconhecer que Tiago Mendes estava carregado de razão em boa parte da posta. Quando diz Alguém que se assume como “ultra-conservador, neo-liberal de extrema-direita” (não me apetece procurar links), que vive obcecado com o patrulhamento do que ele apelida de extrema-esquerda, está coberto de razão. Poucas vezes encontrei na blogoesfera alguém tão intolerante como AAA, e que não hesita em defender avidamente Pinochets, Senadores McCarthys ou Pat Robertsons contra o " politicamente correcto da extrema esquerda", ou o que ele acha que pertence a esse grupo, como o New York Times, ou em invocar constantemente essa taliban evangélica que é Ann Coulter.
Outra parte na mouche é esta: dão-se alvíssaras a quem encontrar, naquilo que o André Azevedo Alves escreve há anos sobre o que quer que tenha uma dimensão social e humana, uma molécula que seja de amor, de compreensão ou de compaixão de inspiração cristã. Também já me tinha apercebido que sentimentos cristãos só mesmo o da Doutrina e um pouco de Fé. Caridade, Esperança, Alegria, onde estão elas?
Quanto à parte da excelsa educação do AAA, que ao que parece não é timbre do TM, ficam aqui uns bons exemplos dela. Não faltando os ditos "patrulhamentos ideológicos", claro.
O que mais me admirou foi a reacção dos Atlânticos, ou da sua maioria. Tudo a cair em cima de Tiago Mendes e a deixar incólume a pobre vítima dos "patrulhamentos ideológicos". Num silêncio cúmplice, parece haver muita simpatia pelas ideias Insurgentes, como silêncio tem sido o que impera sempre que se elogiam McCarthys e Ann Coulters. Quando Tiago Mendes denuncia estas ideias, Aqui Del-Rei que ele está feito com o Daniel Oliveira, a Fernanda Câncio e o Demo! Afinal, onde está a suposta direita liberal, o corte com a herança Salazarista do respeitinho, a defesa da liberdade de expressão? E que ideia é essa de ficarem todos tão chocados com a "falta de educação" (que nem é assim tanto, não o mandou a nenhuma parte menos condigna, nem insultou a sua mãe) do TM? Onde ficou guardado o "politicamente correcto", afinal? Ou uma qualquer defesa da classe impera?
Não me alongo mais. Apenas queria escrever mesmo sobre as atoardas impunes do AAA e o facto de finalmente alguém lhe esfregar aquilo no ecrã. E estou farto de fazer links. além do mais, é Sexta. Para uma muito melhor síntese do que aconteceu, fiquem com este último.
2 comentários:
Suponho que o episódio que narra pouco valha de significativo. Simbolicamente, todas as contradições que aponta só fazem sentido se, no bloco ideológico agregado à volta da revista de que fala, aquilo que parece afinal não é…
Num outro bloco ideológico, também muito dinâmico aqui há uns 40 anos, houve quem só se apercebesse que o que parecia afinal também não era quando, concretamente, houve a invasão de um país chamado Checoslováquia…
E, no entanto, aquela invasão havia sido precedida de tantos episódios de polémicas, rupturas e silêncios cúmplices protagonizados por pessoas tão semelhantes às que nomeia…
Curiosa comparação. Não querendo levar o assunto tão longe, é possível que haja mesmo alguma desagregação do cimento se situações destas se voltarem a repetir, o que não é improvável (já tem acontecido em blogues ideologicamente próximos).
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