quinta-feira, junho 30, 2011

Há governo


Agora sim, há governo. Os Ministros e o Primeiro-ministro já tinham sido empossados na semana passada. Faltavam os secretários de estado, para a composição estar completa. Nos dias anteriores, havia um governo amputado, ou uma cabeça sem corpo. Com as tarefas que aguardam os novos titulares das várias pastas (para alguns, são mesmo várias), os secretários de estado eram essenciais para a boa governação. São 35, em lugar dos anunciados 25, mas com tão poucos ministros via-se logo que as secretarias de estado nunca poderiam ser menos.



Tal como sucedeu com os ministros, há muitos independentes, muitas caras desconhecidas e algumas surpresas. Não soube o que dizer à nomeação de Marco António, até que me informaram que ele já tinha tido uma fugaz passagem pelo sector, além de liderar o aparelho laranja do Porto, o que conta muito. Curioso ver Daniel Campelo na agricultura, mas é uma área em que reúne experiência e conhecimentos, que certamente ajudarão a novata Assunção Cristas. Já de Miguel Morais Leitão (que remete para o seu pai, ministro da AD), estranha-se a pasta, mas entende-se a justificação com a necessidade de "diplomacia económica". De resto, Carlos Moedas, Luís Marques Guedes, num cargo que já ocupara anteriormente, e Francisco José Viegas, titular anunciado na cultura, despromovida a secretaria de estado (que deixou os designers do logótipo do Ministério da Cultura indignados), já tinham tomado posse ou sido anunciados.



Continuo a pensar que mais um ministério não era descabido. Acredito na boa é a na capacidade de trabalho de Assunção Cristas, mas entregar-lhe uma catrefada de pastas de áreas em que não tem experiência e que podem até chocar é demasiado arriscado. Mais valia terem mantido o convite - depois retirado - a Jorge Moreira da Silva, já há muito envolvido nas questões ambientais, e entregar-lhe o ambiente, ordenamento do território (um autêntico quebra-cabeças, que envolve barragens, florestas, planeamento urbanístico, etc) e energia, deixando a agricultura nas mãos de Cristas.

Com o governo devidamente em funções, e o programa apresentado, resta desejar-lhe as maiores felicidades. Até agora tem sido coerente. Goste-se ou não do programa governamental, e há pontos em que discordo cepticamente, não há dúvida de que propõem-se a cumprir o que prometeram. Os dois partidos têm maioria parlamentar, escolhida pelo povo português, e têm toda a legitimidade para levar a cabo as mudanças a que se propuseram. Não vale a pena vir com lamentos contra a "regressão neoliberal" ou ameaçar com "maiorias sociais". As medidas vão ser duras, vão causar protestos, mas na sua maioria, serão necessárias. Não se arrancam dentes cariados sem tratamento. Para tragédias sociais, já basta a grega.

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