E continua o toque de finados dos blogs de referência. Aconteceu agora ao Dicionário do Diabo, de Pedro Mexia, que passa a estar disponível em versão colectânea, juntamente com os posts da Coluna Infame; é facilmente encontrado em qualquer Feira do Livro por esse Portugal fora.
Mas não é causa para desespero: termos sempre notícias de Mexia na GR ou até em situações em que ele esteja, eventualmente, fora do mundo. Para não falar nas eventualidades, é claro.
Sim, eu sei, não há como lhe escapar: o FC Porto ganhou a final da Champions ao Mónaco,marcou três golos, atingiu o céu, mostrou-se a todo o mundo e a festa redobrou, embora aqui tenham tido a generosa contribuição de numerosos adeptos de outros clubes. Eu próprio não deixei de apreciar a vitória, embora ao princípio tenha julgado que me ia ser indiferente. Acabou por não ser, até porque estava em companhia de amigos portistas moderados, que mereciam o maior apoio.
A isto sucedeu a natural euforia, um pouco por todo o país, e a chuva de elogios ao Porto. O problema é que nestas situações aparece sempre gente que desconhece o fair-play, as regras de cortesia e desportivismo, etc, e que começa logo com expressões do tipo "curvem-se perante nós", "curem-se da azia", e outros vocábulos irreproduzíveis num blog civilizado como este (ou pelo menos, que o tenta ser). Ouvi isto tanto pessoalmente como na blogoesfera. Por essa razão, e por estar farto de ver em diversas publicações loas ao FCP,como lampião que se preze, tratarei de pôr as coisas nos devidos lugares. Os amigos portistas que me desculpem, mas isto é sobretudo dedicado àqueles de quem falei anteriormente.
Apesar de estar neste momento bastante acima (desportivamente falando) do que o SLB, não considero de forma alguma que o Porto seja maior, coisa que muitos tentam agora defender, mas que não tem o menor cabimento. É certo que têm mais títulos internacionais; mas o Benfica tem mais títulos nacionais (agora até tem o dobro das Taças de Portugal), mais finais europeias (sete só da Taça dos Campeões, o que nos dá o duvidoso título de campeão das finais perdidas), melhor ranking internacional desde sempre, muitos mais adeptos (uma condição inegável)e, mais uma vez, o maior estádio. Além disso, o Porto faz gala de representar "uma cidade e uma região"; absolutamente legítimo; mas em compensação o Benfica representa todo um país. Eis a condição de maior totalmente justificada. O que não significa que seja o melhor, qualidade que atribuo ao Porto sem a menor hesitação.
Há tempos vi um ranking em que eram apontados os dez maiores clubes da Europa, baseados nas vitórias e finais onde já tinham estado. Correspondia exactamente aos dez Gloriosos Europeus, tal como os tinha pensado, a saber: SLB, Real Madrid, Barça, Inter, Juventus, Milan,Manchester, Liverpool, Ajax e Bayern. Para lá da situação actual, das decepções que tenham constituído este ano ou de outras deficiências, todos estes clubes marcaram uma época (Benfica, década de 60, ou Liverpool, fins dos 70)ou introduziram novidades no futebol então jogado (Ajax, como futebol total,ou Inter, cattenacio). Daí o galardão que se lhes atribui.
Aquém disso estão diversos clubes grandes mas que não cabem na classificação anterior, nos quais se encontra o Porto ao lado de outros respeitáveis nomes como o Borrusia Dortmund, Marselha, PSV, Feyeenord, Celtic, Anderlecht ou Valência, com presenças notórias mas fugazes na Europa do futebol. Atrás virá ainda outro grupo, onde está o Sporting, enquadrado pelo Rangers, Parma, Galatasaray, Dínamo de Kiev ou Lazio de Roma.
Por isso, o SLB, pertencendo à nata da nata dos clubes europeus,tem forçosamente de voltar à ribalta rapidamente. O seu lugar natural é lá. A mística e a glória assim o exigem.Em Agosto outra oportunidade de voltar à Champions se abre; há que aproveitá-la, qualquer que seja o adversário. E ir o mais longe possível.
Acredito mesmo que o SLB volte a conquistar a Taça dos Campeões (lamento, mas este é o seu verdadeiro nome). Num futuro não muito distante. Em pleno Estádio de Saint Denis, Paris, perante o AC Milan, com quem temos velhas contas a ajustar. Depois de eliminar Inter, Manchester e PSV. Perante um coro de dezenas de milhares de portugueses de vermelho carregado. O título que nos foge há mais de quarenta anos, desde a maldição de Bella Guttmann, e que tão ardorosamente merecemos. Porque não me esqueço daquele momento decisivo em que o guarda-redes do PSV defendeu o penalti de Veloso. Podia até ser um miúdo que não gostava muito de futebol na altura, mas essa ferida na alma clubística conservou-se sempre. E só cicatrizará com o regresso ao maior nível do SLB ás grandes vitórias que o caracterizaram e dele fizeram o que é.
Quem quiser pode pensar que isto é um post escrito por um adepto fanático do clube em questão. Não me interessa. Olhando para o SLB, e lembrando.me por exemplo dos 120.000 apoiantes que chegou a ter num só jogo aclamando-o até à exaustão, não posso deixar de dizer que é o MAIOR! E atenção que digo isto com toda a racionalidade que se pode exigir quando se fala da bola e em particular do clube amado.
Mais uma vez escrevi um post extremamente longo sobre futebol. É perfeitamente natural. Afinal de contas, o país inteiro anda a ser impregnado, coberto por uma imensa onda de futebol, a levar uma injecção de bola que pode provocar overdoses. Se é que já não provocou. Perante tudo o que se vê nos media, nos cartazes de campanha para as europeias ou que se ouve nos cafés, de que é que se há de falar mais? Ah, pois, no Rock in Rio. Sinceramente, aguardo com mais expectativa pelo SuperRock. E até por Vilar de Mouros.
E depois, há um assunto que também provoca grande excitação no país e no continente: as eleições europeias. Pena é que o grosso das pessoas se lembre mais depressa do dia de inauguração do Euro do que da data das eleições. Que por acaso é no dia a seguir.
Mas falando da campanha, parece que Paulo Portas resoveu ditar piadas algo descabidas sobre Sousa Franco, entrecortadas por gargalhadinhas irritantes. Além de injusto, é ridículo. Alguém podia avisá-lo que é Ministro de Estado. Mas depois dos louvores do chefe de governo ao "boss" da Madeira, é de esperar o pior.