sábado, dezembro 31, 2016

Adeus a 2016


E já agora, ficam os desejos de bom ano a todos. Não considero que 2016 tenha sido um ano especialmente bom (e algumas das suas consequências virão já em 2017), mas teve alguns momentos inesquecíveis. e claro, consegui escrever mais posts do que em 2015. Que 2017 seja um ano melhor, ou que pelo menos traga alguns momentos de grandeza idêntica como os que vivemos neste quente Verão de 2016.




Bom ano a todos.

2017, um ano arrasador para realizadores de cinema


Nas habituais revistas do ano, é sempre exibida a necrologia. Este ano, como era de esperar, ressalta o desaparecimento de músicos de vulto, como David Bowie, Prince, Leonard Cohen, e agora, já no dia de Natal, para o qual ironicamente tinha escrito uma celebérrima e orelhudíssima música, George Michael, de quem nunca fui especialmente fã mas que era sem qualquer dúvida um músico talentoso e inteligente. E ainda poderíamos acrescentar Pierre Boulez ou mesmo o Coro do Exército Vermelho, desparecido na sua maioria há dias num desastre de aviação no Mar Negro, e a quem referi aqui precisamente no último dia de 2014.

Mas se na música tivemos um ano negro, o cinema não tem menos razões de queixa. Talvez tenha passado mais despercebido, mas a quantidade de realizadores que morreu em 2016 é considerável. Assim, lembro-me de Michel Cimino, Abbas Kiarostami, Jacques Rivette, Hector Babenco, Curtis Hanson,  e até Gary Marshall (o realizador de Pretty Women). E nestes últimos dias, desapareceu Carrie Fisher seguida da sua mãe, Debby Reynolds.

Torçamos para que 2017, em termos cinematográficos, seja melhor. E noutras áreas também. Para começar, já aí está o último do bom e velho Kusturica, com a presença suplementar e sempre apreciada da nóvel cidadã lisboeta Monica Bellucci. Já é um bom começo.


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A praga das virtudes privadas


Entre o Natal (que espero que tenha sido bom para todos os leitores) e o Ano Novo, os "acontecimentos do ano" substituem as notícias. são um autêntico maná para muita comunicação social, porque permite algum descanso: não é preciso estar-se atento a todas as notícias e manchetes, basta ir-se fazendo uma síntese do ano que acaba nas suas várias dimensões. Se o trabalho de casa for feito ao longo dos meses, nem será um período muito trabalhoso.

Mas a verdade é que o país abranda mas não para. E assim temos também os habituais faits-divers da terra. Esta semana, tivemos as frases de Augusto Santos Silva numa confraternização do PS, comentando com Vieira da Silva, em tom jocoso, que o acordo de concertação social para o aumento do salário mínimo "parecia uma feira de gado". Bastou um jornalista mais manhoso (e ainda por cima o inefável Moura-Pinto) e um microfone suficientemente perto para a notícia ecoar e estalar a "polémica", onde não faltou até quem pedisse a demissão do ministro. Que não teve lugar, claro, mas qua ainda assim não escapou a um pedido de desculpas. E para efeitos de comparação, a situação é bem diferente da de João Soares, que proferiu as suas ameaças para todos os que o pudessem ler.

Uma das praga dos nossos dias é esta constante intromissão no que as pessoas dizem ou deixam de dizer ou de pensar fora do âmbito dos seus cargos públicos. Com a tecnologia e as redes sociais, ninguém está a salvo. E temos uma opinião pública muito pouco esclarecida, que cada vez mais confunde o público com o privado. A influência desta lamentável confusão é, muito provavelmente, fruto da cultura protestante anglo-saxónica (e não só: não é por acaso que os programas como o Big Brother nasceram na Holanda), e do seu puritanismo avassalador, procurando sempre os pecadilhos da vida privada. Vê-se no Reino Unido, com a imprensa tabloide e as revistas de mexericos, mas sobretudo nos Estados Unidos e a devassa total com laivos de moralismo exacerbado (quem não se lembra da perseguição enxovalhante a Bill Clinton em finais dos anos noventa?). Uma coisa que até há pouco tempo não tínhamos por cá. Mas com o telelixo, as redes sociais mais as suas frases "indignadas" e mal escritas de gente que acredita mais em sites manhosos de teorias da conspiração e uma espécie de moralismo para quem é indiferente o aborto mas que fica em brasa com piadas entre amigos, ninguém mais está seguro. O cúmulo aconteceu há pouco tempo, quando um qualquer grupo LGBT espanhol quis uma investigação para saber se um jogador do Atlético de Madrid tinha chamado "maricas" a Cristiano Ronaldo num habitual bate-boca a maio do jogo.
 
Bom seria que a próxima vítima apanhada numa fala mais politicamente incorrecta num momento privado e que seja apanhado por um qualquer microfone indiscreto admitisse não só o que disse, mas o reafirmasse a se recusasse a pedir desculpas. Só assim se pode travar esta mania sufocante, sinistra, da confusão entre vida privada e pública. Que em 2017 haja muitas reacções assim.

quinta-feira, dezembro 22, 2016

Bisalhães, Património Cultural da Humanidade


Sabiam que os barros negros de Bisalhães, arredores de Vila Real, são desde há dias Património da Humanidade, classificação da UNESCO? A notícia passou algo despercebida, mas é verdade. Esta louça transmontana, que data de há séculos e que hoje em dia tem apenas meia dúzia de artesãos envelhecidos, que vendem a sua arte à entrada da cidade, tem agora estatuto de Património cultural da Humanidade e goza de maior protecção, nomeadamente de incentivos e formação na arte (embora a verdadeira instrução passe de pai para filho, ou de mestre para aprendiz). As noites de S. Pedro vão poder continuar a exibir a feira dos pucarinhos, com a louça negra a bordejar o largo da barroca Capela Nova. Pode parecer exagerado tanto património mundial, o que a prazo levará a um igualitarismo inconsequente, mas a verdade é que este país não é só fado, cante ou chocalhos.

sexta-feira, dezembro 16, 2016

Recordações e curiosidades dos mancusianos em Portugal

A recordação de concertos dos Pixies e Cure levou-me um que vi dos James, há dois anos, por esta altura, no pavilhão multiusos de Guimarães, por ocasião do início das festas Nicolinas. Não era a primeira vez que os via, não achei que tivesse sido o melhor concerto da minha vida, embora o público tivesse enchido o recinto, mas teve a sua piada. Não tanto, provavelmente, como o outro que tinha havido na véspera, em que a banda inglesa, muito habituada a vir a Portugal (e que até tem elementos a viver cá na terra), tinha dado em pleno átrio da estação S. Bento

Os James, de Manchester, são uma banda com mais de trinta anos e com uma discografia de respeito. Nos seus primórdios, Morrissey disse serem o melhor grupo do Mundo, mas ficaram aquém do que valiam. Talvez por serem perseguidos por duas estranhas maldições: uma é a de que (defendiam eles) os títulos dos álbuns se reflectiam na vida da banda, pelo que decidiram fazer um chamado Millionaires (embora as vendas nem tivessem sido nada do outro mundo). A outra é a de que alguns grupos que fizeram as primeiras partes dos seus concertos acabariam por se tornar maiores do que os James. A lista é elucidativa: Nirvana, Radiohead, Coldplay, Stone Roses (aqui a "grandeza" de um grupo que só lançou dois álbuns é mais duvidosa)...Não sei se houve outros, mas os exemplos atrás mencionados parecem confirmá-lo. Assim, se algum grupo quiser alcançar a fama e a glória, é fazer as primeiras partes dos James, já que as probabilidades de êxito são grandes, mesmo nestes tempos de desmaterialização e "partilha" (o roubo) de música, em que já não se vendem milhões de CDs.

Em todo o caso, honra aos James, que continuam a lançar discos com regularidade, contra ventos e marés. Fiquem com um pequeno excerto do concerto que deram no átrio de S. Bento, entre azulejos que contam a história de Portugal e uma pequena multidão em delírio.

terça-feira, dezembro 13, 2016

Guterres na ONU


A 1 de Janeiro começarão os seus trabalhos na ONU. Mas aposto que esperava um mundo ligeiramente melhor quando se dispor a candidatar-se ao cargo de Secretário-Geral. E daí, talvez não: quem lidou com refugiados durante estes anos de chumbo talvez soubesse ao que vinha. Seja como for, não lhe gabo a sorte. Só lhe desejo as maiores felicidades.
 
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segunda-feira, dezembro 12, 2016

Pós-derby


E pronto, o fantástico JJ  lá voltou a perder na Luz (já não acontecia aí desde 2012). Até acho que o resultado mais justo depois de um jogo tão intenso seria um 2-2, com as diversas oportunidades do Sporting e o retraimento do Benfica, mas tudo o que enterre os planos do inenarrável Bruno de Carvalho merece a minha concordância.

Entretanto, parece que anda tudo furibundo com a arbitragem porque ficou um penalty (há quem diga dois) por assinalar contra o Benfica. Pois ficou, mas no ano passado, nos TRÊS jogos em que o Sporting nos venceu, ficaram sempre outros tantos por marcar a favor do Benfica (num deles até partiram o braço ao Luisão). Não se lembram? É natural, não andamos a choramingar esses erros pelo campeonato fora. Mas quando algo do género acontece ao Sporting, é um sem fi de acusações, recriminações, queixas e comunicados.

A vitória recoloca o Benfica a distância segura na frente e redime a semana anterior, ainda que o nível exibicional precise de melhorar - rodando mais a equipa com jogadores que precisam de ritmo, por exemplo. Já o Sporting, pelo contrário, teve a sua semana horribilis: saída definitiva das competições europeias, arquivamento pela UEFA da queixa dos vouchers contra o Benfica, derrota no derby, e até a equipa B perdeu contra a do Porto. Não admira: o Natal está quase aí. E há certas tradições que dificilmente mudam.


Ah, e há outras coisas que merecem ser vistas. As bancadas também o outro espectáculo, fora do relvado. É também disto que os clubes constroem a sua mística.

domingo, dezembro 11, 2016

Derby

 
Diz a vox populi,, não sei baseado em que mito futebolístico, que ganha o derby entre Benfica e Sporting a equipa que estiver pior. É difícil dizer qual das duas está em pior forma: depois de duas derrotas seguidas, uma num terreno onde normalmente vence e outra em casa, com uma boa mas não fantástica equipa, mostrando debilidades defensivas preocupantes, o Benfica apanha o Sporting numa altura delicada. Mas o adversário também deixa dúvidas: derrotado na Polónia pela pior defesa da Liga dos Campeões, arredado das competições europeias (de propósito?), e desgastado por uma noite no frio de Varsóvia e menos um dia de descanso que o Benfica, o Sporting também não está numa forma invejável. Por isso, qualquer previsão é temerária. Só desejo que Rui Vitória troque Luisão por Lisandro e Salvio por Rafa (ou Carrillo, que pode estar com pica por defrontar a antiga entidade patronal), para que as probabilidades de as coisas correrem melhor aumentarem. O resto é esperar que seja um bom e empolgante jogo, e que Bruno de Carvalho não fique satisfeito.  
 
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terça-feira, dezembro 06, 2016

Barafunda política à italiana


A política italiana é, decididamente, cada vez mais confusa. Não que alguma vez tenha sido simples, à imagem do povo que a encarna. Mas pelo menos até ao início dos anos noventa sabíamos mais ou menos dividir os grupos partidários: ao centro, e sempre no governo, a Democracia-Cristã, apoiada pelos liberais, republicanos, sociais-democratas, e a partir de certa altura, os socialistas. À esquerda, o grande opositor era o PCI. À direita, os neofascistas do MSI, e, durante um tempo, o partido monárquico do armador e sindaco de Nápoles Achille Lauro.

Por 1993, a 1ª República italiana deu origem à segunda, e a velha partidocracia desabou, dando origem a novas formações. O PCI já se tinha convertido nos Democratas de Esquerda, de ideologia social-democrata, ocupando o lugar do PSI (que acabou), e agrupando formações centristas, enquanto que a facção comunista constituía a Refundação. A DC e restantes satélites pulverizaram-se, dando origem à Forza Italia, de Berlusconi, que pulou dos negócios e do futebol para a política, ao Partito Popolare, tentativa de reconstituição do partido com o mesmo nome anterior ao fascismo, e a mais uns quantos partidos menores, ao passo que o MSI seguiu um caminho semelhante ao do PCI, transformando-se em Aliança Nacional e trocando o neofascismo pelo conservadorismo, antes de se aliar a Berlusconi e formar o Povo da Liberdade. A Liga Norte de Bossi, xenófoba e regionalista, cresceu e juntou-se também a Berlusconi. E mais uns partidos, listas e coligações quantos que mudavam de dois em dois anos.

Se esta situação já era confusa, então agora ainda mais. Os Democratas de Esquerda uniram-se com ex-democratas cristãos para constituírem o actual e maioritário Partito Democratico, que depois de várias lideranças colocou o promissor e desejado Matteo Renzi no comando. Berlusconi acabou com o Povo da Liberdade para ressuscitar a Forza Itália, ao passo que outros criaram o Novo Centro-Direita que está próximo dos Democratas. Formações esquecidas foram sendo recauchutadas, e no meio disto tudo, irrompeu o inclassificável, ultra-populista e abrangente Movimento Cinco Estrelas, do já famoso Beppe Grillo, que em 2014 ficou em segundo lugar nas eleições parlamentares, e cujas ragazze conseguiram conquistar os municípios de Turim e de Roma.

Agora, com a recusa por larga margem do referendo constitucional apresentado por Matteo Renzi que, entre outras coisas, permitiria que os governos ganhassem nova solidez e novos poderes e maior suporte no parlamento, aliviando a sua normal curta duração, a situação mais confusa fica,. Renzi conseguiu governar durante mais de dois anos e implantou algumas reformas, bateu o pé tanto quanto pôde a Bruxelas e mostrou que também entre os partidos do centro é possível uma liderança carismática, reformista e inovadora. Mas apostou tudo no acto eleitoral, personalizou demasiado o seu mandato, e conseguiu virar contra si uma coligação negativa unindo o Beppo Grillo, Berlusconi, a Liga Norte, a extrema direita, a esquerda radical e até vários sectores tradicionais do seu partido. Dir-se-ia que 90% dos políticos italianos ou são maquiavéis ou são palhaços. Mussolini tinha um pouco dos dois, como Berlusconi. Poucas são as excepções, mas por vezes lá surge um estadista que realmente obtém resultados, como De Gasperi, ainda que postumamente, mas que conseguiu um país próspero, pacífico e unido, ou outros que foram impedidos, como Moro.
Renzi, que ainda pode chegar a esse patamar, perdeu e afastou-se do governo, deixando a Itália com os seus velhos problemas políticos, uma economia anémica e um sector bancário quase na ruína. Não haverá eleições para já, mas se Renzi, que conta apenas 41 anos nm país em que a classe política se arrasta normalmente até aos noventa, não se afastar da liderança do partido, poderá voltar com renovada força e quebrar a dos adversários, já que Berlusconi, com 80 anos, não é eterno e Grillo já terá perdido o efeito surpresa. Até lá, resta esperar que a banca não desabe.

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domingo, dezembro 04, 2016

O Bloco e a birrinha anti-monárquica


Aquela atitude imatura e parvinha dos tipos do BE não se levantarem com o Rei de Espanha presente no Parlamento (em contraste com os do PCP, que não aplaudiram mas se levantaram) recordou-me a homenagem feita às vítimas do regicídio, cem anos depois, a 1 de Fevereiro de 2008, no Terreiro do Paço. Estava presente uma multidão ainda numerosa, quando já para o fim surge, e pára a uma distância ainda "segura", uma trupe de mascarados com uma faixa que dizia em letras garrafais mais ou menos isto: "viva o Buiça, viva o Costa" (apelidos dos regicidas), enquanto iam gritando vivas aos mesmos. Ficaram ali uns minutos a guinchar, sempre de máscara, e quando sentiram demasiados olhares a virar-se para eles, bateram em retirada, espalhando panfletos com slogans anarquistas, ou coisa vagamente parecida. Mas na tal faixa grande que levavam à frente notavam-se ainda inscrições de uma qualquer campanha do Bloco, com símbolo e tudo. E certamente que o folclórico grupo de entusiastas dos regicidas não o encontrou no lixo. Aliás, entre os tipos que regularmente fazem uma romagem ao cemitério para homenagear os ditos assassinos, conta se o major Tomé, antigo líder da UDP e um dos fundadores do BE. Donde o antimonarquismo do Bloco, que incluiu louvores aos regicidas, já vem de longe, e portanto não será de ficar muito admirado com parvoíces no hemiciclo. Até porque, recordemos, há ali afinidades grandes com o Podemos, que não hesita em suspirar por esses "belos" tempos dos anos 30 e da efémera república espanhola, que tão bons resultados trouxe, e que o deputado Soeiro não deixou de relembrar.
 
No fundo, é uma velha tradição que o Bloco se esforça por proteger. O que não deixa de ser paradoxal, num movimento que se diz tão anti-tradicional.
 
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segunda-feira, novembro 28, 2016

Fidel 1926 - 2016


As notícias sobre a morte de Fidel são tantas e tão variadas, assim como as discussões nas redes sociais, que não haverá muito mais a dizer, pelo menos no que à sua biografia diz respeito. O essencial: um jovem cubano formado em direito comandou uma revolução que derrubou a anterior ditadura, tornou-se um ícone revolucionário (ao lado de Che Guevara e outros, como Camilo Cienfuegos), aliou-se à URSS contra os Estados Unidos, tendo-se tornado o principal escolho dos americanos, resistiu no poder mesmo com o fim da União Soviética e manteve-se à frente dos destinos da ilha durante quase cinquenta anos, retirando-se aos oitenta, tendo vivido mais dez (e, pormenor importante, tendo recebido a visita de Marcelo Rebelo de Sousa, que por acaso também estava em Berlim na altura da queda do Muro...).
 
Os cubanos da ilha e o respectivo regime choram a morte de Fidel, e dos seus apaniguados admiradores, de Maradona ao PCP, ouvem-se louvores ao "herói da libertação", ao passo que em Miami os exilados dançam e abrem garrafas de champanhe. Nada de inesperado. Já mais controversos serão os títulos de jornais que tratam Fidel como um ícone revolucionário e parecem esquecer o regime que prendeu, matou e obrigou ao exílio largos milhares de cubanos. Ou a posição do Bloco, para quem Fidel se limitou a "cometer erros"; sim, trata-se do mesmo Bloco que saiu à rua para defender Luaty Beirão, um preso como há tantos em Cuba, ou que é um feroz defensor das causas gay, tantas reprimidas por Fidel. No fundo, revela apenas a sua natureza, camuflada por roupas democráticas. Mas em Portugal, como noutros países, é comum trata-se Fidel nas palminhas: lembro-me, aquando da Cimeira Ibero-Americana no Porto, em fins dos anos noventa, de apenas uma vintena de pessoas, entre os quais amigos meus, ter ido protestar à porta da Alfândega, onde se desenrolava o encontro, com tarjas lembrando os direitos humanos censurados em Cuba. Já num comício que o "comandante" deu num armazém em Matosinhos acorreram milhares de apaniguados, embora algo desiludidos no fim com mais um dos intermináveis e soporíferos discursos com que Fidel brindava o público.
 
A grande diferença de Fidel em relação a outros ditadores, mais do que ter ele próprio derrubado uma ditadura sob o manto do guerrilheiro romântico, é que quase provocou uma guerra nuclear com a crise dos mísseis que seriam instalados na sua ilha, mesmo em frente aos Estados Unidos. A determinação de Kennedy e o acordo que posteriormente estabeleceu com Krushev provocou a ira de Fidel, mostrando assim toda a sua irresponsabilidade (ou fúria assassina?). Aparentemente, a Crise dos Mísseis de Cuba tem sido por estes dias tratado como um caso menor, apesar de na altura ter deixado o Mundo em suspenso com a possibilidade de uma guerra nuclear.
 
Apesar de todos os encómios que lhe possam dar, Fidel era um ditador anacrónico, que desapareceu agora, em paz. Que em paz possa ficar o seu país, agora que o imprevisível Donald Trump anuncia a animosidade com os laços que enfim se reestabeleceram entre a ilha e os EUA.
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sexta-feira, novembro 25, 2016

Ilustres visitas a Portugal em dias seguidos



Esta semana correu bem no que toca a concertos de pop-rock "independente": tivemos a visita, em dias seguidos, dos Pixies e dos The Cure. Os primeiros ao Coliseu do Porto, os segundos ao Pavilhão Atlântico (agora com outro nome qualquer) em Lisboa. um luxo que em tempos mais recuados daria origem a histerismos.

Como algumas reportagens dedicadas ao assunto salientaram, tanto uma como outra vivem mais do fulgor do passado do que de rasgos do presente. Mas além de serem lideradas por vocalistas carismáticos e bizarros, tiveram imensa influência nos anos 80 e 90. Os Cure do desgrenhado e maquilhado Roberto Smith, como guias do movimento gótico, embora menos soturnos do que a maioria e com capacidade para criar luminosas e magníficas músicas pop, autênticos e respeitosos dinossauros entre as bandas britânicas, dos que nunca interromperam a carreira para se voltarem a juntar anos mais tarde em tournées de "saudade". Os Pixies, é certo, fizeram-no, quando mais de dez anos de se terem separado se reuniram de novo, até hoje. O grupo de Boston, regido por Francl Black (ou Black Francis, apesar de se chamar Charles) produziram um rock poderoso e melódico ao mesmo tempo, que se não teve imediatos reflexos comerciais, ao menos influenciou outros grupos e movimentos. É espantoso pensar como os Nirvana quiseram fazer um disco que soasse à Pixies e criaram Nevermind, que vendeu muito mais do que a soma de todas as obras do grupo de Franck Black, seus inspiradores, e se tornou o ex-líbris do Grunge e Kurt Cobain em estrela rock, contra a sua vontade (sabemos no que deu). A verdade é que os nirvana já lá vão e os Pixies rodam por aí.

Estive tentado em ir ver os norte-americanos na não sei quantésima vez que vêm a Portugal em dez anos, mas uma pesada constipação dissuadiu-me. E os britânicos não mereceriam a viagem a Lisboa. Até porque felizmente já tive oportunidade de os ver, a uns e a outros, em anos seguidos e em terras do Alto Minho, em dois concertos memoráveis (se consultarem os arquivos encontrarão a descrição de cada um deles, incluindo a frustração de não ter visto a estreia dos Arcade Fire na noite dos Pixies - sim, já actuaram em Portugal NA mesma noite), com os Queens of the Stone Age pelo meio). Mas com a queda que têm por concertos e com o apreço pelo nosso país, é natural espero, que os volte a ver. Cá os espero, meus caros.

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quinta-feira, novembro 24, 2016

O DN despede-se da sua casa.

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Tal como vinha sendo anunciado desde o início do ano, o Diário de Notícias deixou mesmo a sua histórica sede na Avenida da Liberdade, em Lisboa, construída de propósito por Porfírio Pardal Monteiro para o albergar, que recebeu o Prémio Valmor e onde estava há 76 anos vindo directamente do Bairro Alto, esse antigo bastião da imprensa portuguesa, qual Fleet Street lisboeta (e a própria Fleet, coitada), onde só resiste inexpugnavelmente A Bola. O jornal com mais de 150 anos de idade vai-se transferir para umas incaracterísticas torres de betão e vidro, perto da segunda circular, um qualquer espaço moderno, asséptico e longe das ruas. O edifício, esse, será transformado em apartamentos de luxo, com a obrigação de conservar a fachada, as letras góticas anunciando o jornal e os painéis de Almada Negreiros, no átrio. Do mal o menos, fica o espaço físico da memória. Mas é mais um símbolo da imprensa e da vida urbana que deixa o centro de uma cidade reservado quase só para o turismo, a restauração e as habitações de preço superlativo. Os serviços, a actividade administrativa e económica e restante faina vão sendo empurrados para a periferia. Causa estranheza a indiferença com que o jornal teve de abandonar a sua casa. E no entanto, perante cenário idêntico, há já uns anos, houve um movimento que impediu que o edifício fosse então usado para outras funções, como testemunha Pedro Correia. Desta vez ninguém, ou quase ninguém, se mexeu, limitando-se a menear a cabeça melancolicamente.

Espero que a sede do JN, no Porto, aquele altaneiro edifício brutalista, não siga o mesmo destino em breve. A ameaça existe. Se a quiserem levar avante, terá de haver mais reacção do que com o DN. Para abandono de sedes históricas da imprensa já bastou (mais) esta.


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Desenho de Stuart Carvalhais, natural da terra da minha Mãe, do ano da inauguração do DN

terça-feira, novembro 22, 2016

O futuro presidente de França...?


Talvez a presidência de França se tenha começado a definir agora com as primárias dos Republicains, como se chama agora a ex-UMP. Quando se pensava que o candidato da direita tradicional sairia de entre Allain Juppé e Nicolas Sarkozy, eis que os eleitores voltaram a confundir as sondagens, tirando o tapete ao ex-presidente, que se ficou pelo terceiro lugar, e dando destacado triunfo ao ex-primeiro-ministro (da presidência Sarkozy) François Fillon. Agora a luta será unicamente entre Fillon e Juppé, também ele antigo primeiro-ministro. Se o primeiro representa uma direita economicamente mais liberal e socialmente mais conservadora, reunindo, na tipologia das direitas francesas, a ala liberal/orleanista e um punhado da gaullista/bonapartista, já Juppé, muito próximo de Jacques Chirac, é o lídimo representante do gaullismo que caracterizava o antigo partido RPR, que liderou, e como acontece em certos políticos de longa carreira, é maire de Bordéus há tempos ininterruptos (também Chaban-Delmas o fora) e já respondeu em tribunal por razões monetárias. Resta saber em quem vão votar as outras correntes minoritárias, como os radicais de direita, os centristas e os democratas-cristãos, sendo certo que toda a "direita republicana" se revê nos dois candidatos. E o mais provável é que o vencedor da contenda seja mesmo o próximo presidente francês. Marine LePen (que agrupa as restantes facções de direita, uma espécie de neolegitimismo e o poujadismo, tem subido gradualmente de eleição para eleição, e os recentes acontecimentos no Reino Unido e nos EUA deram-lhe ainda mais força, mas passando à segunda volta, como parece certo, conseguirá mais de metade dos votos?
 
 
 
A esquerda, enfraquecida, desacreditada e dividida entre um Partido Socialista agónico (que pode nem levar às urnas o actual presidente Hollande, tão desacreditado está), a Front de Gauche do trânsfuga Melanchon, que inclui o outrora influente PCF, e uns candidatos trotsquistas e ecologistas menores, não parece mesmo em condições de passar sequer a uma segunda volta. Assim, o próximo presidente de França seria o candidato da direita tradicional, que a avaliar pelas votações será François Fillon. Parece ser o mais lógico e o mais consentâneo com as sondagens, mas este último ano tem-se encarregue de fintar todas as previsões e toda a lógica e de desacreditar todas as intenções de voto. 
 
Certo, certo, é que estas primárias tiveram um resultado certo e muito positivo: o fim político de Nicolas Sarkozy, um dos maiores bluffs que apareceram na Europa na última década. Ver tal criatura outra vez no Eliseu seria o descalabro (apesar de Bruni), depois da sua presidência de enganos e fachada e das suspeitas graves que caíram sobre ele. A política francesa ganha assim um tudo de nada de credibilidade.
 
 

segunda-feira, novembro 14, 2016

Nos sessenta anos da atribulada Crise do Suez




É possível que os jornais estejam mais virados para assuntos da actualidade, como o orçamento de estado, a questão com os novos corpos sociais da CGD, o rescaldo das eleições presidenciais nos Estados Unidos e a a batalha por Mossul. Mas nas efemérides que constantemente aparecem, não teria sido pior se houvesse referência a uma situação internacional de enorme relevo que acabou há precisamente 60 anos: a Crise do Suez.

Em Julho de 1956, prosseguindo uma política de pan-arabismo e de exaltação nacionalista desde o golpe de estado que afastara o Rei Faruk do trono do Egipto, Gamal Abdel Nasser anunciou a nacionalização da Canal do Suez, detido e administrado por uma companhia pertencente desde a abertura daquela enorme obra de engenharia a franceses e britânicos. O direito de passagem estava garantido até em tempos de guerra e garantia a neutralidade do canal. Em 1936, em boa motivados pela invasão italiana à Etiópia, o Reino Unido e o Egipto tinham celebrado um tratado permitindo que tropas britânicas se mantivessem na área adjacente ao canal. A duração era de vinte anos, ao fim dos quais as forças britânicas aí estacionadas sairiam do Egipto, o que efectivamente aconteceu. E logo a seguir, o anúncio da nacionalização.

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A reacção do governo britânico foi de choque, apesar das desconfianças sobre Nasser, e de indignação. Eden chamou ao presidente egípcio "Mussolini do Nilo" e estabeleceu comparações entre a nacionalização do canal e a reocupação militar da região do Reno pela Alemanha, vinte anos antes, pretendendo que a opinião pública britânica visse uma repetição dos anos trinta em versão árabe. Eden era defensor da ideia do Império Britânico, mas se por um lado tinha seguidores ainda mais acirrados nesse propósito (que argumentavam que a independência da Índia seria a contrapartida da manutenção do controlo do canal), outros não queriam pensar em nova guerra, frescas que estavam as recordações da década anterior.

Em posição idêntica encontrava-se a França, que já perdera a Indochina e parte do norte de África, mantinha a custo o porto de Djibuti, no "Corno de África", e estava numa guerra com as forças independentistas da Argélia, apoiadas por Nasser. O primeiro-ministro francês, o socialista Guy Mollet, simpatizante da Inglaterra, sustentava Eden na ideia de que Nasser poderia ser um perigo semelhante a Hitler. E por razões de inimizade com o Egipto e receio de que a sua passagem fosse definitivamente interdita, também Israel via a nacionalização com o maior receio.

Realizaram-se imediatamente conferências para sentar à mesa as partes interessadas, mas por mais que os Estados Unidos tentassem resolver o diferendo pela negociação (e ao mesmo tempo atrair o Egipto, que se aproximara da URSS, para a sua esfera de influência), a intransigência não permitiu que se chegasse a qualquer acordo.

Na sequência do falhanço das negociações, altas esferas do Reino Unido, Faça e Israel reuniram-se secretamente em Sèvres para delinear um plano de reacção militar, que seria também uma prova de autoridade. Israel entraria no território egípcio sob o pretexto de combater os fedayeen que constantemente atacavam o seu território. A França e o Reino Unido exigiriam de Israel e do Egipto que recuassem numa linha de vários quilómetros do canal, contando obviamente com a recusa deste último para intervir militarmente. O plano correu como o esperado, com Israel a entrar pelo Sinai e a ocupar vários pontos estratégicos (incluindo os que no no golfo de Aqaba, à entrada para o Mar Vermelho, ameaçavam o tráfego marítimo até Eilat), mas parando antes do Suez. Ante a recusa do Egipto em recuar, em fins de Outubro forças francesas e britânicas, que tinham sido já deslocadas em grande número para as bases que o Reino Unido tinha em Chipre e Malta, bombardearam maciçamente posições egípcias, usando uma novidade para a época, os helicópteros, permitindo que tropas pára-quedistas fossem ocupando pontos importantes, apesar da forte resistência dos locais, que fecharam o Suez à navegação e o bloquearam com navios. Mas a operação militar conjunta resultou num enorme êxito, para mais com poucas baixas.

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Contudo, se militarmente as coisas corriam como previsto, no plano político os planos saíram furados. Os Estados Unidos, com eleições à porta, temiam que os aliados árabes do Egipto provocassem uma crise no abastecimento do petróleo e a consequente subida dos preços, em plena ascensão do American Way of Life. Ao mesmo tempo, a URSS intervinha na Hungria, para esmagar e tentativa de mudança de regime, e aproveitou a situação no Egipto para desviar as atenções e os protestos que se faziam sentir. Nikita Krushev ameaçou as forças intervenientes no Suez, usando até a ameaça nuclear, com a possibilidade de usar bombas atómicas contra Paris e Londres. Perante estes cenários, e perante as hesitações de França e Reino Unido, os Estados Unidos de Eisenhower conseguiram que a Assembleia Geral da ONU votasse a favor de um cessar-fogo e ameaçou com operações monetárias contra a libra esterlina. Sob pressão de todos os lados, O Reino Unido teve de assinar um cessar-fogo a 6 de Novembro, e a França não pôde fazer outra coisa senão seguir os mesmos passos, e em Dezembro as forças de intervenção eram substituídas por elementos da ONU. 

A aventura do Suez começou com o optimismo inconsciente das ex-grandes potências e terminou com a sua derrota e humilhação. De facto, tratou-se da última grande intervenção dos impérios coloniais cessantes, e uma passagem de testemunho simbólica para as novas superpotências, EUA e URSS. No Reino Unido, Eden demitiu-se, sendo substituído por MacMillan, que, pragmático ante o fim do império, inflectiria a política externa fazendo com que os britânicos se tornassem nos mais leais e duradouros aliados dos Estados Unidos. Do lado da França, seria também um prenúncio do fim definitivo do império colonial, da Vª República corporizada em De Gaulle e do afastamento dos anglo-saxónicos e no incremento da CEE, que se formaria menos de um anos depois, em Roma (como retorquiu Konrad Adenauer a Guy Mollet, "a Europa será a vossa vingança"), e onde, enquanto De Gaulle viveu, o Reino Unido não teve lugar, uma atitude que se reflectiu também no afastamento dos franceses da NATO, embora os gaullistas receassem igualmente a União Soviética.

Os Estados Unidos viram confirmado o seu estatuto de superpotência, e a URSS mais ainda, pois não só manteve a Hungria sob o seu domínio  como conseguiu fazer do Egipto um aliado próximo, tendo sido engenheiros soviéticos a projectar a Barragem de Assuão, além de fazer recuar nações como a França e o RU. 

Por outro lado,o Egipto conseguiu transformar uma derrota militar numa enorme vitória política: manteve o domínio do Suez e Nasser afirmou-se como líder árabe e do "Terceiro-Mundo". Israel, embora tivesse de recuar às fronteiras originais, obteve liberdade de passagem no canal e no Mar Vermelho e mostrou o que valia militarmente, o que reafirmaria mais tarde, na Guerra dos Seis Dias. Além disso, reforçou os laços com britânicos e franceses 

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A crise do Suez, acontecimento maior dos anos 50, definiu a Guerra Fria: confirmou as novas superpotências, demonstrou a decadência militar dos europeus, deu incremento à descolonização e definiu também as tendências do Médio Oriente para os vinte anos seguintes. Agora que se avista o pós-pós Guerra Fria e um multilateralismo imprevisível, talvez não fosse pior relembrar as lições de crises passadas e tomá-las em conta para prevenir as que possam ou estejam a surgir. Sessenta anos não é assim tanto tempo.

quarta-feira, novembro 09, 2016

Notas de umas presidenciais surpreendentes


Com poucas horas de sono, mas bastantes certezas desde que a Pensilvânia alterou o sentido de voto, acho que já posso tirar algumas conclusões destas presidenciais americanas.


Os EUA elegeram como presidente um tipo que andou anos a tentar provar em vão que Obama não era um verdadeiro americano. Era improvável mas não impossível que ganhasse, tal como o Brexit. Definitivamente, e para quem tinha dúvidas, as sondagens perderam qualquer credibilidade, sobretudo quando há candidatos mais politicamente incorrectos que original o tal voto oculto.



Agora, com esta criatura na Casa Branca (escudado por uma maioria legislativa que mesmo que não concorde com ele ser-lhe-á, pela obrigação dos factos, fiel), a conviver - até ver - com Putin, com o Reino Unido em processo de saída da UE, com uma crise que tarda em acabar no Médio Oriente e outra congelada na Ucrânia, com a China a entrar em conflito com os vizinhos do Pacífico, isto promete aquecer. Esta é a época dos Trumps, Putins, Farages, LePens, Dutertes, Grillos e Iglésias, e só essa comboio de nomes inquietantes diz tudo. Parece que são todos "contra o sistema", seja lá isso o que for. Nos anos trinta também tínhamos dois tipos de bigode e "contra o sistema" à frente dos respectivos países, além de outros compagnons de route. Os resultados são conhecidos.



Sim, Trump não vai propriamente incendiar o Capitólio, mas com todos os ovos no mesmo cesto, os "checks and balances" que sustentam a democracia americana serão menos sólidos.
Quanto a Hillary Clinton, fica com o rótulo de uma das maiores perdedoras da história dos EUA, primeiro com Obama, nas primárias democratas, agora, incrivelmente, com Donald Trump. Clinton não é menos diabolizada que o vencedor destas eleições. Mesmo não inspirando confiança nem particular simpatia, não esqueço que os mandatos em que serviu como primeira-dama e inspiradora foram dos tempos mais seguros e optimistas que o Mundo já viveu.

A única certeza que há é que Obama vai deixar saudades.

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segunda-feira, novembro 07, 2016

Objectivos cumpridos


A tal semana importante da bola de que tinha falado há dias acabou da melhor maneira: com um empate nas Antas, ao minuto 92 (o que tem o mérito de acabar com a piada relacionada com esse minuto), ou seja, mesmo no fim de um jogo em que o Benfica teve uma exibição pobrezinha e o Porto dominou totalmente na primeira parte - só não marcou aí por demérito próprio. Mesmo que na segunda parte as coisas se tenham equilibrado, era difícil adivinhar o golo do empate, que veio mesmo pela cabeça de Lisandro. Isto mesmo antes da paragem para as taças e os jogos da Selecção, e com a enfermaria do Benfica quase lotada. Para mais, esta semana recebeu como utentes Grimaldo e Fejsa, o que ajuda a explicar a exibição de hoje. Nas competições europeias cumpriram-se os mínimos, com uma vitória sobre o Dynamo de Kiev. Uma exibição q.b. para ganhar, sem ser nada de especial, com Ederson a resolver o penalty que ele próprio provocou, mas ainda assim um resultado justo, já que o Benfica mostrou mais futebol que os ucranianos. E com isso guindou-se ao primeiro lugar do grupo, antes de ir à sempre complicada Istambul, e de receber o Nápoles dos De Laurentiis. Sem o mínimo deslumbre, cumpriram-se os objectivos. Agora, é esperar que o sector mais fraco do Benfica - a enfermaria - melhore as suas exibições para que os importantes lesionados regressem definitivamente. É que a certa altura jogar com meia equipa titular pode começar a causar mossa.
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quarta-feira, novembro 02, 2016

Mais um desaparecimento no Porto


No último ano parece que se abateu uma onda negra sobre a câmara do Porto, ou mais precisamente, sobre alguns dos apoiantes e responsáveis pela eleição de Rui Moreira. Em Novembro de 2015, está quase a fazer um ano, desapareceu abruptamente Paulo Cunha e Silva, deixando uma herança riquíssima que levara apenas 3 anos a formar, mas um espaço vazio a custo ocupado pelo próprio Moreira. Em Dezembro, na véspera de Natal, desapareceu o Pidas Espregueira, com apenas 45 anos, um elemento sempre activo na campanha de Moreira, membro da assembleia de freguesia da Foz-Nevogilde-Aldoar, ainda meu primo e meu homónimo. E agora, com pouco mais idade, Manuel Sampaio Pimentel, antigo nº 2 de Moreira, vereador já dos tempos de Rui Rio, com inúmeras competências, ex-director regional da Segurança Social e figura maior do CDS local. Todos, amigos, colegas, adversários políticos, foram unânimes em considerá-lo um político combativo, com feitio difícil, até, leal, directo e sério. E com ele é já a terceira personalidade ligada ao actual executivo a deixar-nos em apenas um ano, todos ainda relativamente novos. Mais um fim de ano tristonho. Dá vontade de ir à bruxa, com tão inimagináveis tragédias, só para se obter alguma paz terrena.

terça-feira, novembro 01, 2016

Semana de bola


E à oitava jornada, o Benfica está em primeiro lugar isolado no campeonato, 5 pontos à frente do Porto e 7 do Sporting, com apenas um empate a manchar uma prova quase imaculada. Na sexta-feira, como que a comemorar a tranquilíssima re-eleição de Luís Filipe Vieira, espetaram-se três golos sem resposta ao Paços de Ferreira, com Gonçalo Guedes, Semedo e Salvio em grande, sem desprimor para os outros, antes dos adversários principais escorregarem nos respectivos zero-zero.
A vida parece que singra, mas a semana que começa é de enormes responsabilidades. A recepção ao Dynamo de Kiev na Luz não vão ser favas contadas, mas repetir o resultado de anteriores encontros não seria nada mau. Depois, no Domingo, o desafio nas Antas. O FCP anda irregular e tem pior plantel que o Benfica, mas é dos tais jogos que vale tripla, e não acredito que os portistas demonstrem qualquer apatia - basta pensar no ano passado, em que sem que nada o fizesse prever, ganharam na Luz. Por isso, um empate é bom, uma vitóia também. Mas por acaso até prefiro a igualdade: demasiado avanço pode ser prejudicial e fazer-nos crer num falso mar de rosas, apesar da prudência de Rui Vitória. Eu sei que os intervenientes não são os mesmos, mas há precisamente um ano o Sporting ganhou por 3-0 na Luz tinha sete pontos de avanço. Por isso, a semana é importante, não decisiva. Venham os jogos.

quinta-feira, outubro 27, 2016

A batalha por Lisboa


A 29 de Setembro passaram 3 anos desde as últimas autárquicas e da noite chuvosa mas emocionante em que Rui Moreira chegou à presidência da Câmara do Porto. Falta portanto menos de um ano para a próxima contenda municipal, e as máquinas partidárias já pensam nos seus candidatos.

Ao contrário do que sucedeu em 2013, ninguém espera uma grande batalha eleitoral no Porto. Moreira reúne uma enorme taxa de aprovação e o apoio é mais que muito, de tal forma que o PS, chamado a partilhar a governação municipal, e ainda que com algumas resistências no aparelho, desistiu de apresentar candidato próprio e apoiará o actual presidente. O CDS, único partido na altura a apoiá-lo, continuará naturalmente na coligação municipal. O PSD, opositor à maioria, anda às voltas para arranjar um candidato que não perca por muitos. Provavelmente será o actual provedor da Santa Casa da Misericórdia do Porto, António Tavares, que anda com o típico discurso do "não estou disponível" até surgir com um "candidato-me com grande sacrifício movido por uma vaga de fundo...". Vai uma aposta? O resto deverá ser o habitual candidato da CDU a vereador e uma candidatura inócua do Bloco.

Em 2017 as situações nas principais cidades estarão invertidas em relação em 2013: uma eleição sem grande história no Porto e uma batalha trepidante em Lisboa. Fernando Medina parte com uns quantos espinhos no caminho por causa das obras intermináveis (e a "obra feita" já não atrai assim tantos votos), mas com a confiança de que não surgirá nenhuma candidatura forte o suficiente para a atrapalhar a sua eleição.
Até agora, só Assunção Cristas se chegou à frente oficialmente como candidata ao município. É duvidoso que ganhe ou mesmo que fique em segundo, coisa que não sucede desde os anos setenta, o que a acontecer seria uma humilhação para o PSD. Mas pode vir a complicar as contas, tanto para um lado como para o outro. Até porque não se esperam grandes maiorias. E depois, há a hipótese improvável do PSD vir mesmo a apoiar Cristas, tal como apoiou Abecassis, com sucesso, no anos oitenta (se bem que aí as condições fossem diferentes, até porque, como atrás se disse, nas primeiras autárquicas o CDS ficou em segundo, em parte talvez porque o PSD tenha perdido eleitorado ao apresentar uma mulher, coisa rara na altura, ainda para mais jovem, de seu nome Helena Roseta). Se assim fosse, Cristas poderia mesmo vir a governar Lisboa. Para o PSD, a tarefa de encontrar um candidato vencedor não parece nada fácil, e mesmo a hipótese Santana, nada certa, pode já não causar grande impacto. Veremos se prevalece o sentido de vitória ou se a trincheira com o CDS se cava, ou quem ganha entre o aparelhismo e sectarismo

Há também a hipótese do BE, que não tem tido resultados muito honrosos na capital, e numa lógica de "geringonça", apoiar Medina. E como muitos se lembrarão, também o PCP se juntou ao PS, em coligações de sucesso que duraram até ao desgaste com João Soares. Mas isso ficará para um próxima post.
 
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sexta-feira, outubro 21, 2016

Imagens da Caledónia


A Escócia é um bom destino de viagem de inícios de Outono, até porque as temperaturas parecem as de Dezembro em Portugal. Mas se se tiver a sorte de não apanhar chuva - difícil mas perfeitamente possível - vale bem a pena. As paisagens das Highlands são imponentes e belíssimas, principalmente a que rodeiam os lochs. Edimburgo é uma cidade ao mesmo tempo monumental e dinâmica. E as velhas tradições coexistem com a modernidade. Ninguém se admire se vir à noite, nos pubs ou restaurantes,  homens de kilt sem serem empregados ou guias turísticos.


Edimburgo ao pôr do sol, vista de um dos clássicos miradouros, a Carlton Hill.


O ex-líbris da capital escocesa, o imponente Castelo de Edimburgo, onde entre outras estão guardadas as jóias da coroa da Escócia, que em 300 anos, só de lá saíram uma vez para a abertura do parlamento, em fins dos anos noventa.

Urquhart Castle, sentinela do Loch Ness. Por ele passaram diversos defensores, invasores, como o clá MacDonald, e reis escoceses. Em fins do século XVII, em plena guerra civil, uma explosão provocada pela própria guarnição em fuga para impedir a tomada pelos Jacobitas retirou-lhe muita da imponência de outrora.


O Loch Ness, visto do Norte, perto de Dores.Uma combinação de cores única, com o famoso lago e os seus 35 quilómetros de comprimento em e evidência.


Inverness, principal burgo das Highlands, atravessada pelo rio Ness, que nasce no loch com o mesmo nome. Uma igreja por cada denominação. À esquerda, a igreja católica local, com um serviço de missa especial em polaco.

Uma curiosidade: como disse um amigo meu, encontra-se uma Union Jack nas Highlands é tão difícil como avistar a Nessie. E no entanto, no referendo de 2014 sobre a independência da Escócia, a maioria dos locais votaram pela permanência no Reino Unido.

sexta-feira, outubro 14, 2016

The Times they are Changing, ou uma nomeação justa


A nomeação de Bob Dylan para o Nobel da Literatura deste ano apanhou a maioria de surpresa. A mim também, em parte, porque já noutros anos tinha ouvido falar na possibilidade de escritores de canções, com Dylan e Leonard Cohen à cabeça, poderem ganhar o galardão, mas era sempre uma hipótese remota. Mas houve algum choque pelo meio, mesmo nos membros da Academia. Percebe-se agora melhor a demora e os sucessivos adiamentos na atribuição do prémio.

Os jornais de hoje noticiavam largamente a decisão e interrogavam escritores, músicos e especialistas na matéria. As opiniões e as razões mais que se dividiam. Se uns se regozijavam, outros não escondiam a indignação, o desprezo e até algum sentimento de ultraje. E não faltaram as piadinhas da praxe nas sempre activas "redes sociais".Se alguma qualidade este prémio tem é o de pôr as pessoas novamente a discuti-lo. Até agora, era a relevância e a notoriedade do galardoado o maior motivo de discussão. Duas características que não faltam a Dylan, pelo que o que se debate agora é a própria natureza da literatura, ou, quando muito, o seu conceito. Para os mais críticos, a escrita de canções é algo de inteiramente diferente da literatura. Pertence ao domínio de outra arte, a música, e logo nas suas vertentes menos "nobres", nomeadamente a pop. A literatura "a sério" serão pois a poesia e a ficção em prosa. E vá lá, a dramaturgia, senão Beckett e outros teriam de ser desnobelizados.

Por muita estranheza que este prémio possa causar, não me parece que se afaste do essencial. Falamos de música, evidentemente, mas acima de tudo da poesia que se emaranha nos sons para firmar as suas letras. Bob Dylan é um letrista exímio, um poeta da música, uma inspiração para os seus contemporâneos e para as gerações seguintes, um activista social através da poesia e dos sons que a sua guitarra emana. Mudará talvez a forma como é exprimida, mas como escreveu o agora nobelizado, The Times They are Changing . as premissas para ganhar o prémio estão lá. E depois, se só se aceita o puro trinómio poesia/ ficção/dramaturgia, como é que Churchill, com as suas memórias de guerra, ou Bertrand Russell, podem ter ganho o respectivo Nobel da Literatura, já que as suas obras não se encaixam nessas premissas?

Não sou um fã de primeira água de Bob Dylan nem conheço a fundo a sua obra. Mas pelo que apesar de tudo sei, tanto do que criou como da sua vida, e não sendo uma absoluta surpresa, compreendo a opção. Antes isso do que uma escolha politicamente correcta por um qualquer obscuro autor da Suazilândia ou do Laos. Só tenho mesmo pena que os de língua portuguesa continuem a ser olimpicamente ignorados desde Saramago.
 E claro, posso mesmo dizer que já assisti ao vivo a uma actuação do agora galardoado, no cenário espantoso de Vilar de Mouros.

A atribuição do Prémio Nobel da Literatura de 2016 ao homem que nasceu Robert Allen Zimmerman é inteiramente justa.

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quarta-feira, outubro 12, 2016

O discurso de Unamuno


No Delito de Opinião, Pedro Correia recorda que passam oitenta anos do corajoso e tonitruante, se não no tom de voz pelo menos na sua carga moral e emocional, discurso de Miguel de Unamuno na Universidade de Salamanca, em frente a Millan Astray, Carmen Polo e José Maria Péman. Aconteceu em 12 de Outubro de 1936, e seria a última aparição pública do velho filósofo da Geração de 98, numa altura em que Espanha mergulhava na mais horrível e dramática das guerras.

 

terça-feira, outubro 11, 2016

Uma reunião no telhado (com provas fotográficas)

 
E se numa viagem de lazer subir a um ponto alto no centro de uma cidade histórica, tirar uma fotografia a um edifício nobre numa cota um pouco mais baixa, e ao vê-la reparar que estão pessoas a discutir com ar tenso no telhado desse edifício? E publicar essa mesma fotografia nas redes sociais, e nas horas seguintes os jornais locais e nacionais a reproduzirem incessantemente?

Aconteceu isso, sem tirar nem pôr, ao Frederico Duarte de Carvalho. Numa fotografia tirada ao acaso do Monumento a Victor Emanuel (também conhecido como o "bolo de noiva"), que apanhou a parte de cima do palácio da Piazza do Campidoglio que serve de sede ao município de Roma, surge a "sindaca" da capital romana, Virginia Raggi, numa discussão com o seu assessor, no telhado do edifício. Nesse mesmo dia soube-se que a Cidade Eterna desistira de organizar os Jogos Olímpicos de 2024, além de outras mudanças da estrutura interna do município. Publicada no Facebook e no Twitter, a foto, com a legenda "supresas nos telhados de Roma", espalhou-se nas redes sociais italianas (ou tornou-se "viral", se preferirem"), e no próprio dia já era difundida pela imprensa transalpina. Alguns jornais citaram o nome do Frederico, outros não, mas o certo é que a foto tirada por "um jornalista português de férias" tornou-se a mais comentada em Itália por aqueles dias.







Se alguns, como o mítico Unitá, antigo órgão do Partido Comunista Italiano, citado nos livros de Don Camillo e hoje despojado de boa parte do seu conteúdo ideológico (mas ainda alinhado à esquerda), a fotografia enche a capa, noutros, como o La Repubblica, também é motivo de notícia, mesmo que não tenha honras de primeira página. E ainda houve caricaturas a satirizar a estranha reunião.



O que é certo é que depois das redes sociais e das capas de jornais houve várias reacções políticas, a começar pela própria Raggi, que tentou ironizar com a situação, coisa que o primeiro-ministro, Mateo Renzi, de que o movimento a que autarca pertence é adversário, não se coibiu de fazer, tentando ridicularizá-la um pouco mais.
Resta saber se depois de se apropriarem da foto, os jornais pagarão os direitos de autor ao Frederico Carvalho. Ou as imagens de Facebook são de livre disposição?

sexta-feira, outubro 07, 2016

Guterres na ONU (e uma previsão)

 
Fiquei particularmente contente com a nomeação de Guterres para Secretário-Geral da ONU por: 1- ser o mais elevado cargo exercido por um português desde o Papa João XXI; 2- por ser Guterres, um dos políticos mais qualificados e com mais carácter que já vi, e que apesar de nalguns momentos importantes ter tido falta de pulso, nomeadamente dentro do seu próprio partido, outros houve em que demonstrou uma fibra incrível (caso de Timor); e acima de tudo porque se tratou da escolha mais transparente e meritocrática possível (descontando todas as cedências, discussões e jogos de bastidores que necessariamente há nestes casos), resultando na escolha de um português excepcionalmente bem preparado, o que mostra que os portugueses podem mesmo ir longe com a sua competência. 
                                                                                 
Demonstra também o quão eficaz continua a ser a nossa velha e experiente diplomacia, que mantém o "pequeno milagre permanente" chamado Portugal há mais de oito séculos. todo um trabalho do corpo diplomático português, incansável, imperturbável e muitíssimo competente.

 Curioso é que há precisamente vinte anos Guterres era o chefe do governo e Marcelo Rebelo de Sousa o líder da oposição. E exactamente no mesmo ano de 2016 os dois velhos amigos, antigos adversários políticos e veteranos da vida pública portuguesa atingem o topo das suas carreiras, um à frente da ONU, o outro como chefe de estado de Portugal.
 
Quem havia de adivinhar? Ora, o major Valentim Loureiro. Ele é que já estava a prever isto e começou a "aclamação" de Guterres vinte e um anos antes do Conselho de Segurança o fazer.
 
 

sexta-feira, setembro 30, 2016

Porque é que os "Mirós" não são temporários?


Os célebres "Mirós" que pertenciam ao espólio do BPN e que tanta celeuma levantaram quando os tentaram vender vão mesmo ficar em Portugal e serão expostos amanhã em Serralves. Em príncipio ficarão no Porto, ainda não se sabe onde, mas já chamaram Siza para providenciar uma solução. Há que dar palmas mais uma vez ao empenho da CM do Porto em manter a colecção por cá. Mas nalguma coisa eu estaria em desacordo com Rui Moreira. Percebo perfeitamente que sejam expostos para todos os admirarem, e até que vão em exposição itinerante a outros pontos do país. Mas depois disso, reiniciaria o processo de avaliação do seu valor, sem pressas, para a sua posterior venda. Sim, preferia que fossem vendidos. Afinal de contas pertenciam a um banco no qual o estado depositou um valor incalculável, com repercussão nas contas públicas, de que todos se queixam. O mais lógico seria mesmo vendê-los para ir amortizando as perdas. Deveria ser o destino lógico dos bens dessa escabrosa aventura que deu pelo nome de BPN. Até porque Miró, ao contrário de Domingos Sequeira, nem era português, nem estes quadros, dizem os entendidos, correspondem ao período de maior fulgor artístico. O risco de obras nacionais saírem do país não se coloca. Por isso, podiam expô-los e daqui a uns tempos procediam ao seu leilão, podendo até o dinheiro obtido ser aplicado noutras áreas da cultura, que bem precisam. Mas ao que parece já ninguém se rala muito com o BPN a tentativa de minimizar o seu buraco. Depois não se queixem quando houver cortes ou aumentos de impostos. É o que dá um país pobre e endividado querer passar por rico.

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