terça-feira, março 30, 2004

De volta de Paris


Uma semana depois, eis-me de volta, regressado que estou da "Ville Lumiére". A fazer jus ao nome. A luminosidade de Paris no Domingo, dia das eleições, fazia inveja ás esconsas nuvens que cobriam o céu portuense. A Primavera já lá chegou, enfim, com o suplemento de Chirac e a sua política de semi-gaullismo sinuoso estarem no ocaso. Resta saber qual o futuro da política em França, já que os vencedores da hora, o PSF, PCF, Verdes e a Gauche des Citoyens não são movimentos lá muito actualizados. Parece-me que esta amálgama está longe do "Big-Bang" reclamado por Michel Rocard há dez anos atrás, em que propunha um novo partido de centro-esquerda centrado nos socialistas, ecologistas e defensores dos direitos humanos. Desde então, nada foi feito ou proposto.
À direita o panorama é ainda menos animador. Reféns de uma geração que anda pela política há quase 40 anos, Chiracs, Giscars e outros tantos, os liberais e gaullistas estão sem referências e sem rumo, não sabendo muito bem a quem recorrer. Está visto que a nova UMP, aglutinadora do ex-RPR e de parte da UDF, nada trouxe de novo, e não passou de nova jogada do Presidente para recuperar forças. Para sua consolação, a Frente Nacional, que poderia muito bem ter aproveitado a psicose do terrorismo para crescer ainda mais, ficou aquém do previsto.
Só não compreendo aqueles que em Portugal vieram dizer que tinha sido o voto dos eleitores "contra a política de confronto com os EUA protagonizada por Chirac", a propósito da guerra do Iraque. Essas pessoas saberão quem ganhou as eleições, serão ignorantes ou tomar-nos-ão simplesmente por parvos? Qualquer resposta é viável, mas outras haverá, igualmente pertinentes, que respondam a tamanhos disparates.

A confusão dos meandros da política reflecte-se nas medidas sociais e, consequentemente, na rua. Os protestos nunca foram escusados em França, mas agora há um autêntico fartar vilanagem. Quando passava em frente à Ópera (sim, a do Fantasma da dita), e em direcção à Madeleine, uma enorme manifestação de bombeiros, cobertos com respectivos capacetes e brandindo até bandeiras da Bretanha e do País Basco (para além da inevitável CGT), carregou sobre as barreiras organizadas pela polícia de choque, que respondeu com jactos de água. Perante petardos, very-lights e outros objectos arremessados pelos "soldados da paz" (nunca este epíteto poderia ser mais irónico do que aqui), as forças da ordem recorreram então ao gás lacrimogéneo. Qual repórter no calor da guerra, o que escreve estas linhas, que estava no local a registar fotograficamente o evento, teve de fugir dali rapidamente, acompanhado pelos seus companheiros de viagem. Os minúsculos pátios daqueles prédio centenários que constituem os boulevards podem muito bem servir de refúgio num caso destes, não obstante deixarem passar réstias do ardente gás, e foi exactamente o caso. Aconselho quem quer que seja a não querer saber como são tais descargas gasosas, que muito se irá arrepender, nem se fie nos que ao lado estiveram no Maio de 68, "que aquilo sim, aquilo é que era a sério". Mas não precisei de mais coisas "sérias" para ver um protesto "à la grande et à la française". Nem esperei muito tempo no local, mas ainda pude ver a turba em retirada, apesar dos apelos vigorosos dos seus comandantes, dirigindo-se para a Place Vendôme, onde se situava outra barreira policial. Um very-light voou mesmo por cima do Hotel Ritz, estragando o toldo de uma ourivesaria das imediações. Para mim era porém o epílogo da tarde proletária; tinha de me despachar para um compromisso numa noite burguesa, na mais recatada Montmartre.
Enfim, "Paris é uma festa", como dizia Hemingway. Curioso é como a Sorbonne e o Boul Mich´estiveram tão calmos nesses dias.
Ah! Só um acontecimento triste perturbou o brilho parisiense: a injusta, heróica e de todo imerecida eliminação do SLB pelo Inter. Não vi o jogo, apenas ouvi o desenrolar do marcador por sms constantes, mas pelo que todos dizem, nada teria sido mais justo que a passagem do Benfica. A falta de experiência, os (eternos) erros defensivos, uma arbitragem habilidosa, algum azar à mistura e sobretudo a falta de golos da 1ª mão determinaram a queda do SLB. De pé, como as árvores.

E como talvez cá não volte antes, há que não esquecer que os Blóscares são já no apropriado dia 1 de Abril. A Ágora não recebeu qualquer nomeação, mas já se sabe como é a indústria dos blogs comerciais: alguns dos melhores, por não serem tão visíveis, ficam de fora.
Ainda assim, é tempo de preparar o smoking e a faixa para a gala que se avizinha, com o inevitável glamour, sobretudo o feminino, claro. Quem não puder estar lá sempre pode acompanhar pela Origem do Amor, que obteve a transmissão exclusiva do evento.

quarta-feira, março 24, 2004

Quem se importa com a morte do sheik Yassin? Eu. Importo-me porque as consequências do seu assassinato poderão ser desastrosas. Como qualquer pessoa com dois dedos de testa percebe à primeira.
Lá porque o sheik era um velhinho paraplégico e meio cego que vivia numa casa modesta de Gaza não impede que tenha sido ele a mandar hordas de "mártires" para o suicídio, muitos dos quais já levavam essa lavagem cerebral desde sempre. Agora, assassínios selectivos não podem fazer parte do programa de um estado de direito. Por aí se comprova que Israel, sendo uma democracia, não é realmente um estado de direito, sobretudo se comparação for feita com Espanha e a ETA (ninguém viu Bilbao enxameada de tanques, pois não? E os GAL foram desmantelados e punidos). E já agora, a atitude dos EUA, com declarações do tipo "nós não fomos avisados, não tomamos parte activa nisto, mas achamos muito bem", é meritória de um país que envia anualmente centenas de pessoas para o corredor da morte. Sem que os índices de criminalidade diminuam, diga-se de passagem.

A propósito, um dos países que anda desavindo com os EUA é a França. Imperdoável a forma como todos se esqueceram dos 200 anos do Code Civil (eu incluído), um instrumento essencial para a construção do Direito na Europa. Se o código napoleónico está hoje algo ultrapassado, não deixou todavia de influenciar a construção das leis que regulam os cidadãos nas suas inúmeras circunstâncias e casos, obtendo soluções que pretendem resolver os problemas mais banais do dia-a-dia. Ou seja, os mais importantes. Não sei porque é que não se falou mais da efeméride, mas calculo que o anglo-saxonismo dominante não lhe tenha dado grande espaço. Felizmente, em boa hora Vital Moreira nos lembrou de tal.

E é precisamente para França e para a sua luminosa capital (apesar do clima duvidoso) que parto amanhã. Apenas por meros 5 dias. Assim sendo, A Ágora só volta para a semana. Até lá; espero que se portem todos bem!

segunda-feira, março 22, 2004

Depois de tudo o que li na semana que passou sobre os efeitos das eleições em Espanha, sobretudo na blogoesfera, apetecia-me fazer um longo e esclarecedor post. Mas como é tarde e não estou para isso, apenas direi o seguinte:

- a posição de Zapatero é realmente precipitada. É certo que a guerra do Iraque é ilegítima, perigosa e obscura. Mas retirar as tropas estacionadas sem mais não é razoável. Agora que o mal está feito, há que levar a difícil empresa até ao fim. Posso admitir é que o próximo Presidente do Governo espanhol tenha dito isso para justificar uma futura presença da ONU na região.

-pior do que isso só a posição de Mário Soares, quanto a "negociar com os terroristas". É tristemente espantoso verificar como o "Bochechas", hábil animal político por natureza, possa ter proferido uma afirmação dessas em relação a um grupo de assassinos raivosos como é a Al-Qaeda. Ou confundi-la com os movimentos de libertação africanos, cujos objectivos eram até justificáveis. É que pode-se negociar com a UNITA, MPLA ou FRELIMO. Pode-se negociar com as FARC, os Tigres Tâmil ou o IRA. No limite, de estômago agoniado, talvez até com o Hamas e a ETA. Mas nunca, em ocasião alguma, com a Al-Qaeda.
Soluções contra o terrorismo? Já o disse atrás: acabar com as madrassas Wahaabitas, congelar os fundos das organizações terroristas, e, claro, continuar com a vertente armada no Afeganistão/Paquistão. A luta anti-terrorista também passa por aí, quer queiramos quer não. Quanto ao resto, lamento, mas já o disse no post anterior.

Ontem passou um ano que começou a guerra. Nessa altura estava mais próximo do Iraque que de Portugal; mais precisamente na Grécia. Na madrugada em que começaram os bombardeamentos assisti a uma manifestação de iraquianos em frente à embaixada americana em Atenas. De carácter muito pouco religioso, diga-se, antes nacionalista, mas que não era exactamente um agradecimento aos EUA pela "libertação". Durante esses dias, aliás, os helenos também se mostraram muito cépticos quanto ao empreendimento da guerra, governo incluído. As manifestações no dia 21 foram de tal ordem que Atenas ficou completamente em estado de sítio.
Por isso mesmo, aproveitei a oportunidade que os protestos me concederam para dar um salto ao Cabo Sunion (cujas impressões publicarei num post vindouro). Nesse promontório abrupto sobre o azul do Egeu, à sombra das colunas de Poseidon, sob sol helénico, consegui não me lembrar em momento algum do conflito que se começava a travar em terras da Mesopotâmia, a mil e tal kms dali. Como se sentisse toda a inspiração, todo o magnífico ideal que originou a Democracia ateniense. Como seria desejável que Saddams, Osamas ou Sharons sentissem igualmente. Mas pelo menos uma convicção inabalável: há na realidade lugares que tocam e influenciam um ser. Percebe-se como pôde Péricles vir dali. E a Ágora também.


Certos blogs, que à partida pareciam de um humor e qualidade exepcionais, revelam-se amargas desilusões. É o caso paradigmático do Homem-a-dias, que me começa a irritar solenemente. Para além do tom arrogante e até grosseiro que por vezes usa, deu-lhe não só para argumentar que os palestinianos sâo um povo fictício (não hesitando em pôr-lhes aspas para os nomear) como acha inclusivamente que o Paquistão, Marrocos e Jordânia não são sequer países! Embora eu não aprecie grandemente a Indonésia e a Coreia do Norte, não é por isso que lhes deixo de reconhecer efectividade. Tendo em conta que o estado de Israel, que o dilecto blogger tanto aprecia, é mais jovem que dois dos referidos estados, podia já agora negar-lhe a existência, não? Ou tudo isto não passará de um enormíssimo sentimento anti-árabe?

Por outro lado, há blogs que são iguais a si mesmos e que quando acabam deixam infindáveis saudades. Pois é; o Desejo Casar, talvez o meu blog favorito (ex-aqeo com mais dois ou três), despede-se de nós. Não necessariamente os seus autores, mas o espaço em si, portador das melhores páginas que foram escritas "online" em Portugal. A mim deixa-me saudades, não só por isso mas por ter sido aquele que me levou a interessar pelo maravilhoso mundo dos blogs, e a criar o meu próprio. Por isso, e por tantas outras razões inexprimíveis, espero que os seus autores não o apaguem, conservando o pequeno tesouro que é, e que oportunamente dêem o nó, enfim.
Até sempre, DC. A Ágora está-lhes infinitamente grata.

quarta-feira, março 17, 2004

Nova semana, assuntos de véspera. A notícia do momento continua a ser o atentado de Madrid, associado à surpreendente vitória do velho PSOE do jovem Zapatero (o apelido respeitará à profissão ou será uma influência de Zapata?) e ás mentiras do PP quando mais tinha de estar ao lado dos espanhóis e transmitir-lhes confiança. Falharam no momento mais decisivo e pagaram o erro muito caro. Se o resultdo foi benéfico ou não, o futuro o dirá. Mas há duas coisas que constato: uma, é que o povo espanhol mostrou que a sua democracia é realmente sólida e madura, como se sabe desde a tentativa de golpe de estado de Tejero; outra é a comparação entre os dirigentes do PP a gerir o pós-atentado e a forma transparente e humana, além de vitoriosa, como Guterres conduziu o processo de Timor, em Setembro de 99. Nunca como aí o ex-PM teve tanta popularidade (merecida, diga-se). Até porque esse era sem dúvida um momento decisivo.

Ou não ouvi bem, ou este Ministro da Administração Interna é completamente obtuso: então não é que Figueiredo Lopes considera não ser necessário controlar as fronteiras nacionais durante o período do Euro-2004 ( e portanto dos festivais Rock), ao contrário do que pensa o responsável da segurança pelo evento desportivo? Chama-se a isto ser crente, é o que é; ou muito simplesmente, inepto.

Por falar em festivais de Rock: fala-se no Rock in Rio, mas o melhor cartaz está sem dúvida no SuperBock-SuperRock, com os fantásticos Pixies à cabeça. Soube a esse respeito da existência, via Aviz, de um blog contra o evento que veio do Brasil. A princípio pensei que tinha piada, mas passado o entusiasmo inicial tenho as maiores dúvidas: é que se se põem a denegrir o pindérico acontecimento e a elogiar demasiado o SuperBock, os bilhetes para o segundo esgotam-se em menos de um sopro. Ora não convinha nada que isso acontecesse, uma vez que é minha intenção lá ir, mas, dada a condição de morador na cidade do Porto, e estando Junho ainda distante, planeava comprar o "ticket" lá para Maio. Veremos se não terei de rever prioridades...

Já falei disso há semanas atrás, mas a situação deteriorou-se consideravelmente. Moledo está de novo ameaçado pelas ondas do mar. Metade da sua duna é já uma recordação. Da antiga praia nem é bom falar. As casa em frente ao mar estão severamente ameaçadas de queda no Atlântico. Entre as quais a de minha avó. Aquela que me acompanha desde a mais tenra infância. Onde pairam as mais vetustas recordações. Prestes a desaparecer da forma mais terrível.
Nem o facto da casa onde Durão Barroso passa habitualmente as suas férias ser igualmente ameaçada deverá valer de algo. Por culpa das entidades territoriais e autárquicas, Moledo do Minho deverá estar mesmo com os dias contados.

sábado, março 13, 2004

Apesar de atrasado, mas evocando a Passionaria, clamo


!LOS TERRORISTAS NO PASSARÁN!

sexta-feira, março 12, 2004

Se hoje fosse um dia normal estaria neste momento a comentar o Benfica-Inter.
Mas infelizmente não é. Porque a morte, o medo, o choque e a raiva caíram em casa dos vizinhos. Sim, a infâmia que é o terrorismo caiu em Madrid de forma estrondosa, e, como sempre, cobarde. Os alvos? Simples pessoas que partiam ou chegavam de manhã cedo no comboio para o seu trabalho diário. Meros cidadãos anónimos, na sua vida de todos os dias. Foram estes que pagaram nem se sabe porquê, por alguma ridícula questiúncula nacionalista ou religiosa.
Primeiro pensei, como todos os outros, que tinha sido a minoritária e rancorosa ETA. Agora já se fala na Al-Qaeda, que terá reinvindicado os assassínios para vingar a Reconquista Ibérica (!!!) e o apoio aos EUA na questão do Iraque. Como é evidente, esta 2ª hipótese é aquela que todos menos desejariam, pela força envolvida, pelas sinistras convicções e porque a ETA é "mais caseira". E para os portugueses, acrescente-se a ideia murmurada a medo de que pode sobrar para nós. Porque as motivações apresentadas pelos islâmicos são exactamente as mesmas; daí quererem uma vingança milenar, quais Tariks do séc. XXI, com a óbvia diferença em relação aos antepassados mouros de que estes facilmente lhes dariam lições de civilização e tolerância.
Mas para o actual momento pouco importa quais os autores de obra tão animalesca. Morreram ou ficaram feridas perto de mil pessoas.Uma enormidade. E o que há a fazer é enterrar os mortos, cuidar dos vivos, prestar condolências ás famílias e, aí sim, encontrar e punir os culpados. E pensar que não é com megalómanos planos de guerrinhas baseadas em mentiras que se combate o flagelo do século, mas com acções eficazes e coordenadas que no caso do islamismo fanático terão de ser executadas no coração da besta: as madrassas Wahabitas, grandes inspiradoras desta torrente de ódio, ignorância e demência.
Oponho-me ao iberismo, de que já dei conta neste blog, mas afirmo: HOJE SOMOS TODOS ESPANHOIS! Todos! Sejam portugueses, castelhanos, bascos, catalães, galegos, andaluzes, cubanos, argentinos, filipinos, de outros povos, todos são espanhois hoje! Para responder à barbárie que se abateu no coração da Ibéria. E a melhor forma de lhe responder será o voto em massa no Domingo, o orgulho dos espanhois no seu estado de direito, hoje tão firmemente evocado pelo seu Rei, e a solidariedade que em Madrid e noutras partes de Espanha se demonstrou com as enormes dádivas de sangue e o exemplar trabalho dos serviços de saúde.
Sim, apesar de vítimas da demência e do ódio sem limites, os nossos "parentes" do país vizinho podem ter orgulho em si próprios e nas suas instituições. Que conservem sempre esse altaneiro orgulho, como tantas vezes o fizeram ao longo da história.

terça-feira, março 09, 2004

Decididamente não consigo de deixar de referir artigos do Público. Veja-se o perfeito contraste ao nível da opinião e sobretudo do estilo. Compare-se o grotesco e lamechas texto de Ana Drago com a análise oportuna e tranquila de Graça Franco, mesmo ao lado. Imperdível. E por aí percebe-se porque é que a maioria das ditas "feministas" faz por vezes uma figura tão confrangedora (o que só compromete a causa das mulheres), ou porque é que não há despenalização do aborto em Portugal. É que com defesas destas não há causa que aguente. E já agora, a pergunta: porque é que só dezoito anos depois da Engª Pintassilgo é que aparece uma mulher candidata à presidência da República?

Vou no entanto aproveitar a boleia do dia da mulher para falar mais uma vez nos óscares. Ou nos seus resultados.
Conheci Charlize há uma meia dúzia de anos. Não a título pessoal, pobre de mim, mas através da fita "O Advogado do diabo", onde contracenava com Keanu Reeves e o diabólico Al Pacino (eis um motivo para falar de ti n´A Ágora, Miguel Lopo, já que me parece que fui ver esse filme contigo). Na altura achei a gentil menina muito "bonequinha", e nem pensei mais na pessoa. Os anos passaram, e voltei a ver Charlize, ora protegendo gorilas selvagens (nunca esteve tão bonita como aí), guiando Minis a alta velocidade depois de arrombar cofres ou contracenando com Tobey Maguire naquele filme algo xaroposo cujo título não me vem à memória. Até que...chega enfim a consagração com o cobiçadíssimo óscar de melhor actriz, pelo seu papel em "Monster".
Não vi o filme, nem pretendo vê-lo. Só o facto de ver Charlize naquela maquilhagem me faz arrepios; isto é, a certeza de que não me atiraria nunca para os braços de uma mulher com aquele aspecto (ao contrário da Sul-Africana), o que prova que a beleza conta, e muito. Certo é que todas as críticas que ouço acerca da interpretação me levam a concluír uma coisa: que o Óscar se ficou a dever mais à maquilhagem que ao seu conteúdo. Um pouco à imagem de Nicole Kidman e do seu nariz no ano passado. O que já não aconteceu com Willem Dafoe no soturno "A Sombra do Vampiro", em que todavia compunha um Nosferatu perfeito. É pena que num caso ou noutro houvesse este desperdício de talento. Porque Charlize tem-no. Podiam era dar ao filme o prémio de melhor caracterização e permitir que ela ganhasse o óscar numa futura aparição. Como raramente há repetições da sua atribuição à mesmo pessoa, pode-se dizer que Hollywood perdeu uma excelente oportunidade de fazer justiça a Charlize mais tarde, não tendo antes atribuído o prémio a Diane Keaton ou Samantha Morton. O futuro dar-me-à razão, ou a uma Sul-Africana de meia-idade conservando eterno brilho e elegância.

domingo, março 07, 2004

Um dos textos mais lúcidos e certeiros que vi nos últimos tempos é da autoria de Augusto Santos Silva e saíu ontem, no Público. Mosta-nos até onde pode ir a tolerância perante Ferreiras Torres, Jardins e Gaspares, além de inúmeros "cromos", em detrimento de outros que nem precisariam dos respectivos cargos públicos para sobressaír. Há que ler, reflectir e alterar mentalidades.

quarta-feira, março 03, 2004

O capítulo "lasca", do Dicionário do Diabo, fala-nos do que realmente interessa na Cerimónia dos Óscares (sim, porque os filmes vê-mo-los no cinema). Discordo todavia do prémio "Lasca 2004": para mim, era indubitavelmente Zeta-Jones, apesar de um tanto "tigresse". E isso porque Liv Tyler levava aquele penteado à dona -de-casa "sixtie".

Gostava de dar umas achegas sobre o Haiti. E outras acerca do Marco sob o jugo de Ferreira Torres. Mas isso fica adiado para quando encontrar os meus archives.

segunda-feira, março 01, 2004

O esquecimento é imperdoável...A vileza da omissão é abjecta...mas, mesmo com tal atraso, é sempre tempo de dizer
PARABÉNS, SPORT LISBOA E BENFICA, PELOS TEUS CEM ANOS DE IMENSA GLÓRIA!
Em crise? Sim. Mas as crises também passam. Os bons momentos também voltam. Empates caseiros com Moreirenses? Acontece aos melhores. O Real Madrid, por exemplo, perdeu em casa no dia do seu centenário. E se há algum clube maior que o Benfica, só mesmo o dos "merengues".
E depois...Não é todos os dias que aquela que é talvez a mais conhecida instituição portuguesa comemora um século de existência!

Santana Lopes disse que a escolha de Sousa Franco para cabeça de lista do PS era um acto de "masoquismo político". Porquê? Porque segundo o protocandidato presidencial, o ex-ministro das finanças "foi responsável pelo descalabro das contas públicas na governação do PS".
Descontando a oportunidade da escolha, nota-se mais uma vez a falta de clarividência de PSL: é que o tal "descalabro" surgiu sim, mas depois do consulado de Sousa Franco, que foi aliás um dos principais responsáveis pelo cumprimento dos critérios de convergência que permitiram a Portugal aceder ao Euro. Mas isto o autarca alfacinha não quis referir. A título de memória, julgo que não minto se disser que Santana foi o responsável pelo descalabro cultural a que se assistiu no início dos anos 90.

Daqui a nada começa a cerimónia dos óscares. Não dá para ficar até ao fim, mas sempre tiro algumas coisas a limpo já esta noite. Palpites? Como tenho pressa e um pouco de preguiça, remeto-os para a Janela para o Rio; as apostas estão lá, talvez com menos alguns aneis. E para melhor realizador acho que Sophia Copolla pode mesmo agarrar a estatueta em detrimento de Jackson e do velho Clint. A ver vamos...