Quem se importa com a morte do sheik Yassin? Eu. Importo-me porque as consequências do seu assassinato poderão ser desastrosas. Como qualquer pessoa com dois dedos de testa percebe à primeira.
Lá porque o sheik era um velhinho paraplégico e meio cego que vivia numa casa modesta de Gaza não impede que tenha sido ele a mandar hordas de "mártires" para o suicídio, muitos dos quais já levavam essa lavagem cerebral desde sempre. Agora, assassínios selectivos não podem fazer parte do programa de um estado de direito. Por aí se comprova que Israel, sendo uma democracia, não é realmente um estado de direito, sobretudo se comparação for feita com Espanha e a ETA (ninguém viu Bilbao enxameada de tanques, pois não? E os GAL foram desmantelados e punidos). E já agora, a atitude dos EUA, com declarações do tipo "nós não fomos avisados, não tomamos parte activa nisto, mas achamos muito bem", é meritória de um país que envia anualmente centenas de pessoas para o corredor da morte. Sem que os índices de criminalidade diminuam, diga-se de passagem.
A propósito, um dos países que anda desavindo com os EUA é a França. Imperdoável a forma como todos se esqueceram dos 200 anos do Code Civil (eu incluído), um instrumento essencial para a construção do Direito na Europa. Se o código napoleónico está hoje algo ultrapassado, não deixou todavia de influenciar a construção das leis que regulam os cidadãos nas suas inúmeras circunstâncias e casos, obtendo soluções que pretendem resolver os problemas mais banais do dia-a-dia. Ou seja, os mais importantes. Não sei porque é que não se falou mais da efeméride, mas calculo que o anglo-saxonismo dominante não lhe tenha dado grande espaço. Felizmente, em boa hora Vital Moreira nos lembrou de tal.
E é precisamente para França e para a sua luminosa capital (apesar do clima duvidoso) que parto amanhã. Apenas por meros 5 dias. Assim sendo, A Ágora só volta para a semana. Até lá; espero que se portem todos bem!
quarta-feira, março 24, 2004
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