segunda-feira, novembro 27, 2006

Cartaz de mestres

Dá ideia actual de que este ano chegaram a Portugal as mais recentes obras de quase todos os grandes mestres do cinema anglo-saxónico. Confirmemos: Woody Allen chegou no início do ano com Match Point e está aí a reaparecer com Scoop. Scorsese traz-nos Departed. O seu vencedor nos óscares do ano passado, Clint Eastwood, virá com Flags of Our Fathers e a sua correspondente japonesa, Iwo Jima. Minghella também não tardará, creio, com novo filme (na pior das hipóteses em 2007); Ridley Scott traz-nos uma comédia romântica com o taciturno Russel Crowe; o recentemente desaparecido Robert Altman deixou como legado A Prairie Home Companion; Coppola não filmou obra nova, e em compensação enviou-nos a filha mais a sua Maria Antonieta versão New Wave. Almodôvar conseguiu Volver em grande, e trouxe por arrasto Penélope Cruz e outras conhecidas. Stephen Frears chega daqui a dias revelando o lado humano da Rainha; Spielberg passou por aqui no início do ano com Munique, assim como James Ivory e a sua Condessa Russa. Brian De Palma trouxe-nos finalmente o aguardado (mas algo mórbido) The Black Dahlia. Shyamalan revelou-nos a sua fábula aquática, A Senhora das Águas, envolvendo narfas próprias dos sonhos mais belos, cães do inferno e águias celestes. Pena que O Código Da Vinci tenha sido entregue ao progenitor da narfa, mas há coisas piores no mundo. Ou que Wolfgang Petersen e Richard Dreyfuss tenham regressado com filmes-catástrofe.

E ainda tivemos Terence Malick, com The New World, e Michael Mann, recriando Miami Vice no Século XXI. Além de alguns bons valores do chamado "cinema independente". Paris viu-se homenageada em pelo menos dois filmes, e romain Duris sobe cada vez mais. E com alguma sorte, ainda vamos poder ver muito em breve a nova opus de Soderbergh, The Good German, com o seu amigo George Clooney (outro que não esteve parado) e a encantador Cate Blanchett na Berlim do pós-guerra, no que promete vir a ser um clássico moderno. Temos e tivemos todas as razões para não nos queixarmos da safra anual.

sexta-feira, novembro 24, 2006

Don Duarte a a Democracia

Sobre o lançamento do livro de Mendo Castro Henriques, Dom Duarte e a Democracia, houve vários testemunhos, que se pautaram não apenas pela crítica ao conteúdo, mas sobretudo à estranheza ou à satisfação de se ver Manuel Alegre como convidado para a apresentação da obra, em Lisboa, no Espaço Chiado (no Porto a missão coube a Paulo Teixeira Pinto, assumidamente monárquico). Alguns podem ser vistos num post do Combustões. Corroboro, obviamente, a opinião de Miguel Castelo Branco. Já sabia que Alegre tinha um certo respeito pela ideia da monarquia, por tradição paterna, conquanto se declare sempre republicano e tenha sido candidato às últimas presidenciais. Mas o facto do autor do preâmbulo da CRP admitir um referendo sobre o regime não deixa de ter a sua importância, marca uma posição, e talvez seja uma porta aberta para a revogação do iníquo Artigo 288º - b. Que outros sigam os seus passos e percam os precnceitos herdados do 5 de outubro.
Ah, e o livro vale a pena, como biografia e como esclarecimento de algumas ideias preconcebidas.

quinta-feira, novembro 23, 2006

RIP

Ferenc Puskas
O Major Galopante, líder da melhor equipa de futebol de todos os tempos, a magnífica selecção húngara dos anos 50, que teve de fugir do seu país com a invasão soviética. No Real Madrid causou terror entre as defesas adversárias, mas nem o seu hat-trick impediu o Benfica de ser bi-campeão europeu. Um imortal da bola, daqueles que seguramente não serão esquecidos.

Sotomayor Cardia
Do antigo ministro da educação foram inúmeros os blogues que se pronunciaram. Pouco conhecia dele. A imagem mais visível é a do seu inesperado anúncio a uma candidatura presidencial, em 1994. Mas deixou caír a intenção e não se tornou a falar do caso.

Marcus Wolff
O nome mais conhecido da STASI, a famigerada polícia política da RDA, mais esguia e eficiente do que o próprio KGB. Deste certamente não se esquecerá John LeCarré.

Milton Friedman
Um dos ídolos do liberalismo económico, a par de Hayeck, guru dos Chicago Boys, antigo Prémio Nobel da Economia e muitíssimo influente nos anos oitenta. Muitos adeptos das suas teorias económicas certamente ficarão com um certo sentimento de orfandade. Curiosamente, morre apenas seis meses depois de um dos seus grandes adversários, Galbraight. Semelhante coincidência envolvendo pensadores opostos deu-se em 2002, quando desapareceram Rawls e Nozick.

Jack Palance
ficou conhecido pelos seus papeis de duro, de vilão de inúmeros westerns. Ganhou um Óscar pela sua participação em A vida, o amor e...as vacas, no qual, curiosamente, morria a meio. Quanto lhe entregaram a estatueta, não se coibiu de fazer umas flexões para mostrar a sua forma. Também a BD a proveitou a sua fama como mau da fita, quando Morris nele se inspirou para compôr Phil Defer, um dos inúmeros inimigos de Lucky Luke.

Robert Altman.
Ainda há 15 dias tinha visto a última obra deste realizador, Prairie Home Companion, sem imginar que ele sobreviveria tão pouco tempo. Deixou um bom par de filmes e um sem número de personagens, interpretados por uma legião de estrelas, que foram um testemunho precioso da América e da incrível diversidade dos seus habitantes( e não só, como em Prêt-à-Porter e Gosford Park).

Actualizado: Mário Cesariny de Vasconcelos; durante tanto tempo deixei de ouvir falar do pintor e poeta surrealista que julgava que tinha morrido antes. Desinquietei-me quando soube que estavam a fazer um documentário sobre ele, com a sua própria colaboração. Por pouco tempo.

Philippe Noiret: outro que dificlmente esqueceremos, pelas Grandes Bouffes deste mundo e pelos "italianos" Cinema Paraíso e O Carteiro de Pablo Neruda.

sábado, novembro 18, 2006

Haverá plágios inevitáveis?


Sigo com particular atenção os artigos dessa personagem maior das colunas opinativas portuguesas que é o Miguel Sousa Tavares. Aprecio sobretudo os artigos mais generalistas ou políticos, que durante muito tempo acompanharam o Público e agora continuam no Expresso, apesar das muitas discordâncias. O mesmo não posso dizer dos seus escritos na Bola, em que são muito poucos os momentos em que lhe concedo razão. Este é um bom exemplo do radicalismo portista que por vezes lhe atravessa a mente, como a vitimização sem bases, o mau ganhar ou a mania de atirar para os outros os seus próprios pecados (já para não falar das suas mirabolantes criações normativas, como a dos jogadores portistas, tipo Andersson, serem uns génios e umas pobres vítimas, e por isso merecerem protecção especial dos "caceteiros" ou "jogadores banais", que é como ele apelida o Katsouranis; Paulinho Santos e André devem-se esfumar das suas memórias, sem dúvida).
Também conheço a sua singular carreira literária. Li as suas impressões políticas em Um nómada no Oásis e Anos perdidos; os percursos de Sul-Viagens e esse gênero sem categoria fixa, talvez a do conto, a que pertence Não te deixarei morrer, David Crockett; e a sua opus magnum, Equador, best seller prestes a ser adaptado a televisão (uma boa ideia, estranhamente vinda da TVI, já que a obra se presta ao formato). Não li os seus livros infantis e estou à espera do seu novo romance, que ao que parece, envolverá zeppelins. E fui fiel assinante da Grande Reportagem durante dez anos, até a revista adquirir o formato semanal que levou ao seu desaparecimento.
O recente caso do suposto plágio de um romance inglês que teria originado Equador não tem ponta por que se lhe pegue. As provas são próprias de chicos-espertos que não souberam fazer o seu trabalho devidamente, ou então não puderam pela razão natural das coisas. Acredito sem qualquer dúvida que Sousa Tavares ocupou-se naquele tempo todo do seu romance e em pouco mais.
O problema é que pode haver expressões, passagens, descrições, sensações lidas que fiquem no inconsciente e se revelem no momento em que se pega na caneta para redigir algo que, pensa-se na altura, é original e único. Por vezes não é. Olhando agora para os escaparates das livrarias, vêm-se as novidades, entre romances, (auto)biografias, ensaios,experiências vividas, etc. Os dois primeiros gêneros estão claramente na moda. Claro que a quantidade, que é muita, não significa um aumento percentual de qualidade, embora haja mais possibilidades de se encontrarem bons livros. Biografias são incalculáveis, de personalidades mais ou menos relevantes, de toda a vida ou parte dela. Os romances históricos, então, não param de saír do prelo: há-os de todas as épocas e situações, envolvidos em particulares situações temporais e suas circunstâncias. O Código DaVinci deu um valente empurrão a este tipo de literatura, que anto pode ser lida no aeroporto como pode ocupar umas boas noites de sono. hoje em dia, basta fazer uma pesquisa com algum aprumo a certo acontecimento e à sua época, delinear a narrativa e as personagens (de preferência juntar-lhe um toque "místico") e conseguir editar a resultado. Graças a esse boom, vivemos atafulhados em romances históricos, ou ensaios variados, que por vezes vêm a dar no mesmo.
É por isso que com tanta historieta, tanta aventura envolvida em acontecimentos reais, tanto novo autor a surgir, tanta publicidade e tantos novos locais onde comprar livros (e não me digam que não, entre supermercados, livrarias e feiras dos ditos), o mais provável é que se retenha uma ou outra coisa que se viu algures e que depois não se recorde. E ainda a velha história de haver pensamentos coincidentes, que muitas vezes se repetem em pessoas diversas. A pessoa não pode conhecer tudo quanto se edita. Sabe-se lá se alguma boa alma não está a editar o seu primeiro romance ficcionado, e descobe subitamente com horror que a sua ideia já estava imprimida num qualquer opus de esquina de um autor do outro lado do mundo. Com a avassaladora porção de literatura light/histórica/esotérica que hoje domina as prateleiras, e seus responsáveis, não é de espantar que novas acusações de plágio se repitam. E com as hipóteses de sacar dinheiro que estes processos às vezes proporcionam, tornam-se um filão ainda mais apetecível

quinta-feira, novembro 16, 2006

Sadismo

Na sala de espera do dentista, a televisão estava acesa no canal Hollywood. Estava a dar O Silêncio dos Inocentes. Convenhamos que as opções do consultório são assim um bocadinho para o sádico. Ou quanto muito para o inconveniente. Não tivesse visto à saída e daria para desconfiar. Felizmente para quem estava a seguir, sempre se podia distraír com alguns números da revista NS e as simpáticas raparigas da capa.

terça-feira, novembro 14, 2006

Tão liberais que eles são

"Chile, Índia e China, são alguns dos exemplos de países que, por tomarem a decisão de ampliar cada vez a liberdade em suas economias, desfrutam de maiores e crescentes taxas de desenvolvimento a cada ano.
Temos o Brasil hoje em direção oposta aos ideais liberais e nas mãos de políticos incompetentes e desonestos.(...) temos novamente o Lula dos escândalos, que acoberta “movimentos sociais” que colocam em risco a liberdade e a propriedade privada"


Este é o texto que uma colunista brasileira chamada Marília Bertoluci escreveu na Causa Liberal antes da segunda volta das eleições brasileiras. Como se vê, para alguns "liberais", a China é um modelo preferível ao Brasil. E também se verifica que a liberdade, para esta senhora, se resume à sua vertente económica. Nada de novo. Era só para confirmar.

domingo, novembro 12, 2006

Links

No Franco Atirador, um interessante desfile de Joly Rogers, dos mais diversos estilos e formas (mas não cores, está claro), revelando as influências Stevensonianas que percorrem esse blog.

Surgiu o Apatia Geral, uma espécie de fotocópia light do Blasfémias, mas com menos imaginação. Parece que todas as ideias foram retiradas aos seus mentores (inclinação política e económica, clubismo, autores, e compare-se o nome e subtítulo do blog com o "combate à bovinidade" dos blasfemos originais). Por certo uma filial não muito bem disfarçada, para espalhar o "combate político".

"Rui Rio, o que gosta de carros, mudou as placas com os nomes das ruas da Invicta. Foi o seu maior gesto, encher as esquinas com placas verdes", no 5dias, um blog que merece ser visto, porquanto esteja politicamente identificado numa área bem precisa. É a minha oportunidade para falar de um mero assunto local muitas vezes adiado: uma das grandes obras de Rui Rio foi a alteração das placas toponímicas da cidade. Melhoras? Poucas. As placas verdes não são mais visíveis do que as suas antecessoras de letras negras sobre fundo branco. E na minha rua a substituição deixou-me particularmente aborrecido. A placa que a sinalizava era muito maior do que qualquer outra da cidade; era visível, elegante e altaneira. Só que não sei por que carga de água, tiraram-na e puseram no seu lugar uma das tais tabuletas, que se confunde com o verde da relva em que assenta. A massificação de tabuletas dessa cor, sem critério nem atenção ao caso concreto, também deve ter custado uns dinheiros à câmara, para mau serviço de sinalização e menos fundos pecuniários em coisas para as quais seriam bem mais úteis.

sábado, novembro 11, 2006

O fascismo britânico













Um comício da BUP; o seu líder, Oswald Mosley, com o Duce.

Pois é. Apesar dos mais anglófonos relegarem sempre o fascismo para o "Continente"(com notória influência em Alberto João Jardim) , recusando liminarmente que a Velha Albion tivesse sido influenciada pelo ar de tempo, a verdade é que também lá a moda pegou. Não me refiro às simpatias temporárias de Churchill e outros políticos pela ascensão de Mussolini, mas sim a verdadeiros movimentos inspirados directamente no fascismo italiano, onde pontificava o British Union of Fascists(BUP), de Sir Oswald Mosley, antigo Conservador e Trabalhista desiludido. Além de toda a doutrina, não faltavam as indispensáveis camisas negras e os grandes comícios.

O partido teve um grande crescimento até à Segunda Guerra Mundial, altura em que, fazendo campanha pela paz, Mosley e outros companheiros de luta foram presos, e o seu partido acabou por se dissolver. O líder fascista regressaria depois com ideias federalistas para a Europa, que pretendia transformar em nação única, e com um novo partido, recauchutado do anterior (tinha até o mesmo símbolo, o "flash and circle"), o National Party of Europe, com ligeiros resquícios actuais. Mas ideias de Mosley ficaram com ele e com poucos admiradores. Eram fundamentalmente produto do seu tempo, da efervescência política e ideológica dos anos trinta, e não sobreviveram à derrota do fascismo na 2ª Guerra.
Já agora, atente-se no aproveitamento que a BD e a ficção científica de animação, como alguns super-heróis, fizeram do símbolo dos fascistas britânicos, o "flash and circle". Casos da soberba aventura de Blake and Mortimer"A Marca Amarela", ou de Flash Gordon. E muitos outros.




Olmert: mortes de palestinos foram causadas por erro técnico

Parece que desta vez, ao contrário do que alguns quiseram fazer querer, as causas das mortes de 18 palestinianos não foram os "escudos humanos" nem um "ataque cirúrgico com danos colaterais", nem "odireito de Israel a defender-se". Foram "erros técnicos". Voluntários ou involuntários é coisa que se descobrirá. Já é positivo que o governo de Olmert tenha reconhecido o facto e oferecido ajuda. Mas o mal está feito, as vítimas estão contadas, o ódio de novo espalhado, e as suas consequências serão provavelmente demasiado gravosas para que se pense em tréguas milagrosas.

sexta-feira, novembro 10, 2006

Ora aí está


O Benfica é (reconhecido oficialmente hoje pelo Guiness) o maior do clube do Mundo em sócios. A parte dos sócios não será propriamente uma notícia inesperada. Mais cedo ou mais tarde sabia-se que isso iria acontecer. O que me intriga mais é a primeira parte da notícia. Mas então isso é novidade para alguém?

quinta-feira, novembro 09, 2006

Estranhas reacções (e o anti-europeísmo da moda)

Entretanto, há já algumas reacções curiosas. A de João Miranda, por exemplo, antes de saber da demissão de Rumsfeld, mostrando porque é que a derrota dos Republicanos nada tinha que ver com Iraque nem sequer com Bush (Schwarzenegger, sendo Republicano, não parece ser da mesma opinião). E a de Henrique Raposo, tentando disfarçar um pesado aborrecimento com os resultados eleitorais, despejando um par de sentimentos do mais puro e sintético anti-europeísmo, comparando as virtudes americanas com os pecados da "decadente" Europa. Comparações facilmente desmontáveis, como a do "líder neo-fascista com 18% de votos", ou do "presidente que se mantém no poder para fugir a condenações". É só pôr parte da classe política americana ao lado, sobretudo a que perdeu hoje, para avaliarmos as suas "virtudes". Ou relembrarmos que problemas raciais são coisa que não falta nos EUA. E que certas restrições à liberdade, como as provenientes de certos fundamentalistas dos costumes, provêm precisamente do Novo Mundo. Que deste lado a pena de morte não é bem vista. Ah, e não esquecer também a indecorosa perseguição a Clinton pelas suas escapadelas extra-conjugais. Não me lembro de ver tal degradação moral na Europa.
Quanto a sentir-se melhor entre habitantes do Cabo Horn ao Alasca, é com ele. Conheci muitos nativos da lado de lá do oceano com quem me dei muito bem. Por mim, gosto muito de ser europeu e é entre eles que me sinto bem, particularmente com os do Sul. Se o Henrique experimentasse com uma menor dose de preconceito, talvez até conseguisse. Mas se se sente tão pouco à vontade, porque é que ainda vive nesta terra que detesta e não se muda para as Américas? Ninguém o impede, e sempre se aumentava a auto-estima de que esta terra tanto precisa.

PS: reparei entretanto noutra coisa: Henrique Raposo diz que "parecemos (ele também, portanto) aqueles aristocratas do filme da Coppola". Olhando para a galeria, não unicamente a dos espelhos, acho que não sou minimamente parecido com eles. Ainda por cima, os anglófilos/americanófilos lamentam sempre a sorte dessas tais aristocratas. Acho piada é que quando querem dar exemplos destes, recorrem sempre a franceses. Depois falam no anti- americanismo a torto e a direito.
condenações de grau diferente

A condenação à morte de Saddam, sendo já esperada, não pode deixar de ser criticada por todos os que se opõem à pena capital e que pensam que a privação da vida não é uma solução justa, mas meramente vingativa. Claro que desse grupo não faz parte o sempre inenarrável W. Bush, que reagiu à notícia com a esclarecedora frase "é uma grande conquista para o Iraque". Como é óbvio, quem se baseia unicamente no coldre e na Bíblia para daí construír as suas únicas concepções do mundo, ou que acredita que Jesus era um filósofo, só se podia congratular com esta sentença. Provavelmente tentando esquecer que o réu era um fiel aliado da Administração da qual o seu pai era Vice-Presidente (para depois se tornar em inimigo directo, em 90).
É claro que depois do dia de hoje, o Presidente americano terá muito mais com que se preocupar. A derrota no Congresso para os Democratas acabou por ser mais expressiva do que o imaginado, mesmo com a agressiva campanha republicana. Também em governadores estaduais houve subidas pelo partido do burro. O Senado está por um fio, e se também o perder, o bloco conservador americano averbará um fracasso em toda a linha, mais visível ainda por uma afluência às urnas maior do que a esperada.
Com este desaire, uma cabeça já rolou: a do ignóbil Rumsfeld, arquitecto da invasão do Iraque, responsável político por Guantánamo, Abu Grahib e outras situações semelhantes. Já vai atrasado. Desde que se soube das torturas nas prisões iraquianas que a decência teria obrigado este homem a ir para a rua. Algum dia tinha que ser. A atoleiro do Iraque acabou por ser a razão maior que o condenou a saír. Sempre é melhor que a do homem cuja mão apertou nos anos noventa.

terça-feira, novembro 07, 2006

A polémica das seringas

Tem toda a razão este texto de Filipe Nunes Vicente no Mar Salgado. Até ao momento em que se começou a falar de troca de seringas na prisão, não se comentava o assunto nem se propunham soluções. Agora que estes novos métodos para impedir a expansão de doenças infecto-contagiosas vão ser aplicados, só se ouvem exclamações como "afinal parece que há droga nas prisões", ou "não se deve estimular o consumo, e sim impedi-lo" . Mas que há consumo nas prisões já se sabe há que tempos! Uma prisão não é um jardim infantil, é um local de suposta regeneração ou de isolamento daqueles que desobedecem às regras da sociedade, onde a droga corre, como uma escapatória imaginária às grades, onde há violência, homossexualidade imposta, presos com mais status que outros, suicídios. E só agora é que se apercebem disso? Parece até que é uma revelação do Apocalipse. E que medidas alternativas haverá? Existirão algumas, com certeza, mas até conseguirem ser implementadas mais vale aliviar o drama prisonal. Por isso, concordo totalmente com a troca de seringas nas prisões. Diminuír flagelos como a SIDA e outras doenças parece-me um bom princípio, e os bons exemplos vêm-se como de costume em países onde estes métodos são já correntes.

sexta-feira, novembro 03, 2006

Império


Depois do jogo estreei-me no imponente Café (e antigo cinema) Império. O espaço agradou-me, como já esperava, até por ser imenso e eclético, muito embora faltassem os bilhares que me disseram terem existido ali. Só é estranho que tenha lá ido pela primeira vez DEPOIS do estabelecimento fechar.

PS: falando em cafés, há dias vi num álbum imagens da Brasileira do Rossio, já extinta. Há também a do Chiado, a do Porto, em Sá da Bandeira, a de Braga, e houve até há poucos anos a de Coimbra, no correr da Ferreira Borges. Agora até abriram uma no centro comercial por baixo do Campo Pequeno, obviamente mais escondida e artificializada, e decorada a neons. Akguém tem ideia se havia ou há outras Brasileiras por esse país fora?
Benfica 3 - Celtic 0

Até correu benzinho. Lá despachámos os simpaticos célticos por 3 secos, a resposta ao descalabro de Glasgow. Mas fiquei com a impressão de que com mais um bocadinho de vontade e menos perdas de bola podiámos ter ido mais longe. Daqui para a frente é uma guerra sem quartel. Até ao próximo jogo, continuarei a pensar como pudemos perder com estes tipos por números tão volumosos.