sábado, junho 28, 2008

Por uma vez

Já fiz a minha escolha para Domingo. É uma vez sem exemplo. Merecem, apesar de tudo. Arriba España!

Os trabalhos de RangelDos 71 deputados que o PSD tem no Parlamento, só 41 votaram a favor de Paulo Rangel para a liderança do grupo parlamentar. Menos do que os que votaram em Santana Lopes. que por acaso, além de Mendes Bota e Miguel Relvas, ausentes do país, foi o único a não pôr os pés no acto. Andava por aí, provavelmente a pensar em mais injustiças de que é vítima. É bom recordar que tivemos esta criatura ressabiada e irresponsável como primeiro-ministro durante sete longos meses. E que os deputados do PSD o preferem a ele do que a Rangel, mostrando bem quanto apreciam a retórica "guerreira" à substância do discurso e dos assuntos em discussão, e portanto, a sua própria qualidade de legisladores eleitos. Mas é bom lembrar que foram para S. Bento precisamente no tempo de Santana, como consequência de uma das maiores derrotas do PSD.
Paulo Rangel terá complicações com essa gente. Veremos como correrá missão no hemiciclo. Na faculdade, onde me deu Ciência Política e Direito Constitucional, as suas aulas eram concorridíssimas e enchiam anfiteatros, e delas saíram algumas máximas curiosas (ai de quem chegasse atrasado: apanhava logo com uma directa mordaz e sibilante). No Parlamento, espera-se, mutatis mutandis, igual brilho, com outra responsabilidade.
A resposta à estupidez
Soube-se há dias que não se pode gozar com o feminismo, muito menos com as suas guias, ou neste caso, as suas "Marias; que não podem ser satirizadas, ridicularizadas ou caricaturadas; que o Inimigo Público, que já teve como alvo todos os partidos, figuras da política, clubes de futebol, religiões, grupos cívicos ou de quaisquer interesses, e que até agora nunca tinha sido invectivado em público, cometeu uma terrível falta e um sacrilégio horroroso ao colocar uma simples coluna com uma brincadeira sobre as feministas da pátria.
Felizmente, perante a histeria de algumas Marias e das suas seguidoras Paulistas, responderam hoje com a devida moeda. Mencionando algumas hortas devidas, com a verrina que os caracteriza. Não se dar por achados: eis a resposta a dar nestas ocasiões.
A propósito: será que alguém levou mesmo a sério aquelas ridículos e absolutamente intolerantes protestos, próprios de quem não se sabe rir de si mesmo e se acha acima de qualquer caricatura? será que as feministas não perceberam que só atraíram má publicidade aos seu Congresso, que se realiza este fim de semana? Ou terá sido por isso mesmo?
Da minha parte, fica a promessa: o Inimigo Público continuará a ser o suplemento a procurar imediatamente mal apanhe o jornal à Sexta (juntamente com o Ipsilon, claro).

quinta-feira, junho 26, 2008

Gente com lata


Segundo o Expresso de Sábado, o ex-secretário de estado de Cavaco e ex-administrador da Companhia das Lezírias e da PT, Salter Cid, vai pôr um processo a esta última empresa, porque acha que é insuficiente a sua reforma de...17.900 Euros.
Quando quiserem um bom exemplo de gente que está nos organismos públicos não com o sentido do bem comum e do interesse público mas unicamente para se servir a si próprio, pensem em Salter Cid. Espero é que não venham as pessoas do costume falar em "inveja" ou "moralismo". Há coisas que pura e simplesmente não podem passar em claro, e este abuso é uma delas. Tamanho descaramento é de uma falta de ética de de bradar aos céus.
Actualização - a continuação do Euro

Com vários problemas com a net e um fim de semana fora, isto anda um pouco parado. Convém actualizar o blogue.
Não falei por isso mesmo da vil eliminação da Selecção Nacional frente aos panzers alemães. Olhando para o percurso dos nossos adversários na fase de grupos, estava optimista. Infelizmente, Scolari voltou a não estudar convenientemente a equipa e a não saber fazer as mudanças quando devia; Ricardo voltou a falhar nas saídas; Paulo Ferreira errou todas as marcações; Bosingwa errou na forma como defendeu; o árbitro errou mais do que uma vez em benefício da Alemanha; e face a todos esses erros, estamos fora do Europeu. Fim à euforia que dominou todos estes dias. Com o regresso a casa, as notícias desportivas podem voltar a concentrar-se no defeso, em assuntos como o da partida do Porto ao Benfica ao "roubar-lhe" um jogador sul-americano por um balúrdio.
O que aconteceu à nossa equipa aconteceu às outras favoritas: a Croácia surpreendentemente batida pela Turquia no último minuto do prolongamento, depois de marcar no penúltimo. Os penaltis determinaram a sua sorte. A Rússia deu um banho de bola à Holanda tão grande como os laranjas já tinham dado aos adversários, e ainda podiam ser mais, caso não fossem tão perdulários. Os cento e tal mil neerlandeses tiveram assim de abandonar as cidades suíças, cuja população era menor do que o número de adeptos. Depois a Espanha carregou sobre uma Itália cínica como sempre mas sem Gattuso e Pirlo, impediu-a de marcar nos momentos do costume e expulsou-a de penaltis.Tendo em conta que já não lhe ganhava desde 1930, é uma grande surpresa.
Vitórias? A Alemanha não, por favor. É uma Grécia com mais centímetros e melhores avançados. A Turquia até podia ser, para melhor discutirem com os gregos, mas a inveja lusitana não me permite torcer por eles. Entre a Espanha ou Rússia, que vença a melhor e que ganhe depois na final. Mal por mal, antes estes que os germânicos.
PS: Sacanice! Os alemães venceram a Turquia nos últimos minutos com uma sorte enervante! Estes tipos ainda ganham o Euro. Que a Fúria ou o Urso Branco não permitam tal sacrilégio!

quinta-feira, junho 19, 2008

Stone Roses

Os Stone Roses: uma banda que apareceu no momento certo mas lançou o segundo disco tarde demais. Explodiram no fim dos anos oitenta, em plenos movimentos Madchester, Shoegazing, e na loucura Rave potenciada pela Hacienda de Manchester, pelo extasy e pelas viagens económicas a Ibiza. Foram durante breves meses os arautos de uma geração, mas pararam por demasiado tempo e o seu Second Coming só chegou em 1994. A queda do sucesso, as saídas de músicos, e as zangas deterioraram a banda. Em 1996 vi-os em Vilar de Mouros para um concerto melancólico e já sem garra, embora agradável (pelo menos para mim, que à época mal tinha ouvido falar deles). Mais duas actuações desastrosas e tomaram a única decisão possível: pôr fim ao grupo e ir cada um para seu lado.
À parte os projectos a solo, destacando-se o ex-vocalista Ian Brown, ficou o psicadelismo incandescente da sua música. Na onda de reuniões de bandas extintas que se faz sentir de há uns anos para cá, quem sabe se os Stone Roses não aparecem para um Third Coming e mais umas sessões ao vivo. Se o tempo passado não for demasiado, como no seu anterior retorno.
Deixo-vos com I Wanna Be Adored, a melhor amostra dos Stone Roses.

terça-feira, junho 17, 2008

O "novo" Nepal


Ainda Pedro Mexia, sobre o novo regime do Nepal

Os donos da novel república do Nepal serão grotescos e parecem directamente vindos dos anos vinte. são aliás comandados por um terrorista que ao que parece abandonou as acções violentas sem qualquer tipo de responsabilização. Teme-se pelo país, que ao que parece não deve saber muito bem o que se passou com outros países asiáticos que optaram por regimes com as mesmas referências.
Mas há que culpar igualmente o deposto rei Gyanendra pelos últimos anos que acabaram com a monarquia nepalesa. Depois da morte colectiva da família real, ao que se supõe pela loucura do filho mais velho, numa história suspeitíssima de que só restou um pretendente ao trono, Gyanendra, que já não era popular, reinou como se de um tirano todo-poderoso se tratasse, insensível ao povo, suspendendo a constituição e chamando a si todos os poderes. Acabou por traçar o seu próprio destino e o da monarquia nepalesa.

Faço outro link, desta vez para umas linhas do Combustões, que demonstram isso mesmo:

Não sei se a monarquia voltará ao não áquele país. Tendo em conta que o novo regime proibiu manifestações monárquicas e certamente não admitirá movimentos pró-Tibete, é crível que a sua popularidade não deve durar muito. Mas se algum dia um novo rei vier a ocupar o trono nepalês, terá de ser outro que não Gyanendra, ou de espécie semelhante, mas sim um soberano que não se exima a olhar para o seu povo e que não se feche na fantasia do seu poder absoluto que força divina, constituição ou assembleia alguma lhe entregará.

sábado, junho 14, 2008

Democráticos? Pois sim

Dizem que agora é preciso um «plano B». Como assim, um plano B? Este «Tratado de Lisboa» já era o plano B. Não se esqueçam que o plano A, a infame «Constituição», foi rejeitado por países que ninguém se atreve a deixar para trás. Talvez apareça então um «plano C» que consista precisamente em deixar para trás a velhaca Irlanda. Já sabemos que quem discorda das ideias eurobeatas merece «castigo». Eis a «Europa democrática» destas santas cabeças.

Como bem ironiza Pedro Mexia, a "Europa Democrática" mostra a sua face quando é apanhada de calças na mão. Porque a referendo na Irlanda mostra exactamente como funciona a vontade do povo contra os euroburocratas bem pensantes que julgam possuir a panaceia para todos os males. Podem-lhes chamar nacionalistas, eurocépticos, atrasados, o que quiserem: os irlandeses exerceram o seu legítimo direito a recusar um modelo de construção europeia que lhes é estranho. E se mais referendos fossem feitos, outros resultados semelhantes surgiriam com certeza, como bem mostraram franceses e holandeses em 2005.
Põe em risco o "Tratado de Lisboa"? Põe. Mas paciência. Os senhores membros do Conselho Europeu deviam pensar que um tal passo jamais poderia ir contra a vontade popular, uma das pedras basilares desta mesma Europa dos 27. Caso contrário, se pensarem que bastam as suas magnas decisões por se imaginarem inatingíveis, não estarão muito distantes do Doutor Salazar no tempo em que a única Europa que tínhamos era a EFTA e as remessas dos emigrantes.

Está de parabéns













Completar 120 anos é digno de nota. Mais a mais se se pode dizer que está na moda (o que se deve também aos retratos de Almada). E ainda nem se lhe conhece a obra integral.

quinta-feira, junho 12, 2008

Resumos

Depois de um excelente "Dia da Raça" passado debaixo do sol - com os pequenos senãos de ter apanhado depois uma arreliadora constipação e de quebrar o recorde de espera num restaurante por uma refeição - lá pudemos ver Portugal a vingar-se de 96 e a vencer a República checa por 3-1. Um resultado excessivo, diga-se, por causa dos constantes calafrios que os checos impuseram na segunda parte e da raridade das oportunidades. Mas com a eficácia de um excelente Deco, ao lado de um Crisnaldo e subir de forma e de um Nuno Gomes lutador, a equipa mostrou eficácia e inteligência. tivemos ainda ajuda dos otomanos, que venceram nos descontos e despejaram um enorme balde de água fria sobre os helvéticos, que ficaram fora da competição. com pouco sorte, diga-se. Mas a Turquia, muito embora possa ficar fora, já é especialista em eliminar os anfitriões destas provas (Bélgica em 2000, Coreia em 2002 e agora a Suíça).
Não pude ver o primeiro jogo, mas parece que Portugal se superiorizou muito aos turcos. Com a Suíça já não temos que nos preocupar, podemos mesmo usar uma equipa alternativa. Fontes de maior preocupação serão as falhas da defesa esta tarde, as eternas saídas de Ricardo e a notória falta de adaptação de Paulo Ferreira à esquerda.
Sobre as outras equipas, e com apenas um jogo decorrido, podem-se tirar algumas notas, mas restam algumas incógnitas. Não me espantou a vitória da Alemanha sobre a Polónia, mas não sei se teremos voltado ao tempo dos "11 contra 11 e no fim ganha a Alemanha". A Polónia terá sérias dificuldades em passar. A Croácia tem outros argumentos, e a frágil Áustria, embora esforçada, só por milagre porá os pés nos quartos de final.
Segue-se o "grupo da morte": a Holanda entrou da melhor forma e quase esmagou a temível Itália, campeã do Mundo em título. Um 3-0 surpreendente, mas merecido. Já a França, de novo sem Zidane, desiludiu. Não terá grandes facilidades em passar. Aposto mais na recuperação dos transalpinos. A Roménia tem um equipa interessante, com jogadores da craveira de um Mutu, Lobont ou Chivu, mas a sorte não quis nada com ela e pô-la no meio dos tubarões. Mas às vezes há surpresas: lembram-se do Euro 2000, em que juntamente com Portugal, os romenos expulsaram" Inglaterra e Alemanha?
Resta-nos depois uma Espanha que para não variar começou em grande em grande deve pensar. Acho que vão aos quartos mas não passam daí. A Rússia, supostamente uma "revelação" do certame, mostrou-se uma vez mais acabrunhada e apanhou com um 4-1. Não me parece que passem, nem eles nem os nossos carrascos de 2004, os gregos. A Suécia deve ocupar a outra vaga, mas deste grupo não sairá com certeza o vencedor do torneio. Oxalá não me engane: é só trocar Suécia por Portugal e temos os mesmos intervenientes que "abriram" e "fecharam" 2004.
depois desta fiada de prognósticos e de frases feitas, duas notas. Uma para os suíços e as suas incríveis restrições em nome do seu "sossego"; proibir manifestações de júbilo meia hora depois do final dos jogos não cabe na cabeça de ninguém. As interdições à exibição de material nas fan-zones de outras marcas que não as patrocinadoras é de uma radicalismo bem à helvética. Para isso não tinham co-organizado o Campeonato. Bem dizem que é o povo mais chato da Europa. Tanto pior para eles, que agora têm de aturar as manifestações "tugas" e dos restantes adeptos por baixo das barbas. Não tenho pena nenhuma.
A segunda constatação vai para um erro já cometido e sempre relembrado em Portugal: em Klagenfurt, cidade dos seus oitenta mil habitantes e capital da alpina Caríntia, construiu-se um estádio para trinta mil espectadores. É pouco crível que tenha grande utilização no futuro. Se assim for, sempre se prova que não somos só nós a apostar em elefantes brancos parados (em França e Espanha aconteceu o mesmo). Mas mais insano que isso é planear para a pequena cidade um jogo tão perigoso como o Alemanha-Polónia. Desacatos não faltaram, e até houve um morto. Agora, Klagenfurt vai receber o Croácia-Alemanha. Não sei se haverá lá mais festa ou sentimentos de coração nas mãos. Que dirá o controverso governador Jorg Haider?
Amanhã temos mais um dia e mais uma fornada de Euro. A seguir com a atenção possível.

terça-feira, junho 10, 2008

Elastica


Efémero grupo britânico, este, e muito pouco activo. Comandados por Justine Frischmann, antes namorada de Brett Andersson, vocalista dos Suede, (onde aliás tocou), e depois de Damon Albarn, dos Blur, os Elastica foram daquelas bandas que aproveitaram da melhor forma a vaga de britpop e o regresso do glam rock e com um par de singles tiveram impressionantes ascensão na tabela discográfica. A decadência do grunge pusera de novo os ingleses ao comando do pop-rock, e esta típica banda de músicas de dois minutos, entre o glam e o punk, chegou em 1995 a nº1 no Reino Unido, com o álbum Elastica, impulsionada pelos singles Stutter e Connection. Depois do entusiasmo inicial e de uma extensa tournée, passaram pelos problemas de drogas e de deserções costumeiras nas bandas rock, e só voltaram a lançar um álbum anos mais tarde, em 2000, pouco antes de se separarem definitivamente. Um pouco como no caso dos Stone roses, mas sem o mesmo mediatismo. Foram pouco a pouco sendo esquecidos, a não ser talvez em Inglaterra.
Lembrei-me deles ao recordar os anos da pop britânica reinantes dos anos noventa - embora aqui estejamos mais no domínio do punk - e ao encontrar alguns dos seus vídeos no Youtube, como Stutter, o seu primeiro êxito, demonstrativo do estilo dos Elastica e da autêntica rocker que era (ainda é?) a imparável Justine Frischmann.
 

sexta-feira, junho 06, 2008

O máximo responsável

O castigo aplicado pela UEFA ao Porto poderá ser exagerado se comparado com o do AC Milan há dois anos, e até com o do Marselha em tempos idos. Os encontros com árbitros não justificariam tal castigo. Mas do ponto de vista moral, e lembrando apenas todos aqueles casos descarados em que o clube das Antas passou impune, aqueles em que não se queixavam de ser perseguidos pela justiça, acaba por sr um justo castigo. Justo também pela pesporrência e chico-espertice demonstrada com o não recurso da perda dos seis pontos, como se pensassem "desta já nos safámos". não se safaram e conseguiram apenas trazer males maiores ao clube.

Mas a maior nota de perplexidade vem da confiança cega no seu "Grande Timoneiro". Antes das declarações de Pinto da Costa, ouviam-se mil e uma opiniões, das críticas ao Departamento Jurídico pela estratégia tomada aos mais patéticos "até a UEFA tem inveja de nós". Depois das ditas declarações, tudo acalmou um pouco: sim senhor, houve recurso, o presidente vai ser ilibado, vai-se na mesma à Champions. E se se confirmar a punição, vão pedir contas a quem? A todos menos a Pinto da Costa, claro está, a quem "reforçam a confiança". Em qualquer instituição os desaires são antes de mais assacados ao máximo responsável. No FCP, pelo contrário, é sempre este que se safa. Os culpados são sempre outros, nunca o presidente: este é infalível, omnisciente e eterno. Como diz Filipe Nunes Vicente, quando ganhou foi contra tudo e contra todos, quando perde é por culpa de tudo e de todos. Menos dele. E esta é uma das maiores aberrações daquele clube: com o tempo, deixou de ser uma colectividade para se transformar praticamente num one man club, concentrado nas mãos e na vontade de uma única pessoa em quem os outros confiam cegamente, e que periodicamente é reentronizado numas eleições formais e plebiscitárias sem qualquer concorrente à vista. Se a maioria dos sucessos que obtiveram se devem a ele, também os desaires e sobretudo a mancha de vergonha que agora alastra pelos canais noticosos internacionais são da sua responsabilidade. Tanto pior para os portistas: ao dar-lhe todo o poder incondicionalmente, ficaram com a obrigação de arcar com erros que Pinto da Costa cometeu. A questão é saber se já se deram conta disso.

Cinemateca precisa-se

 
Esteve previsto para fins de Maio, mas adiaram. Sabe-se contudo que mais dia, menos dia os cinemas Cidade do Porto fecham mesmo as portas. O que significará tão somente o seguinte: que no perímetro da cidade restarão as salas do Dolce Vita das Antas, num extremo, e o cubículo do Teatro do Campo Alegre. Quem quiser ver mais cinema terá de ir aos shoppings de Gaia, Matosinhos, Rio Tinto e Maia.

Longe vão os tempos do Foco, Pedro Cem, Lumière, Charlot ou, mais recentemente, Nun´Álvares, além de muitos outros. Construiu-se um Central Shopping que está completamente às moscas. Tirou-se o cinema da Baixa - o renovado Batalha está muito bem, mas filmes só quando calha - e transformaram-se salas históricas em IURDS, como o Vale Formoso, isso quando não ficam uma ruína, caso do Águia d´Ouro, para o qual ninguém tem soluções.

 
A agudíssima crise no Porto é tanto mais aviltante e deprimente se nos lembrarmos que se trata da cidade pioneira do cinema em Portugal e a terra e morada do mais antigo realizador do mundo em actividade. Sintomático será que o animatógrafo de Aurélio da Paz dos Reis tenha sucumbido para dar origem a uma rua no Carvalhido.

Por isso mesmo, urge acelerar o processo de criação de uma secção da cinemateca no Porto. Sítio não falta, basta aproveitar a Casa das Artes, espaço incrivelmente fechado há já uns tempos, demonstrando um desperdício a toda a prova dos equipamentos culturais de qualidade. Há espaço de sobra, jardins, dois auditórios, etc. A ideia já tem circulado, embora não conste do abaixo-assinado disponível desde há uns dias. Fica aí o endereço e a esperança de que se reverta, ao menos em parte, a triste condição do cinema portuense.

domingo, junho 01, 2008

A previsão dos candidatos

Manuela Ferreira Leite lá ganhou as directas no PSD com escassa margem de avanço, mesmo sobre Santana Lopes. Absolutamente previsível e previsto. A ex-ministra de Cavaco terá agora muito trabalho pela frente, embora seja razoável crer que possa pelo menos tirar a maioria absoluta a Sócrates.
Mas esta candidatura a três lembra-me uma sarcástica caracterização que Miguel Sousa Tavares traçou em tempos num artigo: a de que quando havia eleições para a liderança do PSD havia sempre o candidato "credível", o candidato "do futuro" e o candidato Santana Lopes. Uma análise e uma previsão certeira, como hoje se provou supinamente. Só falta saber onde colocar Patinha Antão.
O videoclip mais britânico de sempre






Descobri que Don´t look Back in Anger, dos Oasis, é o mais british dos videoclips. Como se sabe, a banda dos irmãos Gallagher foi a mais popular dos anos noventa no Reino Unido, tendo ficado muito à frente em discos de platina (mas não necessariamente em qualidade) dos seus rivais Blur. Em 95/96 a banda esteve no seu auge com o álbum Morning Glory, com músicas que se tornaram clássicos dos anos noventa como Wonderwall, e o número de crianças chamadas Liam ou Noel aumentou brutalmente. Depois de muitas zangas, copos e escândalos, o grupo deixou de interessar ao resto do mundo e resguardou-se na sua sempre alta taxa de popularidade no Reino Unido.Don´t look back in Anger é também das mais conhecidas músicas desse álbum. Além da música, muito Beatles (como era próprio dos Oasis), tipicamente britpop, o videoclip transpira Britishness: o London cab, a mansão com o seu garden, a própria postura e visual da banda (com a inevitável pandeireta, porventura o instrumento mais utilizado da britpop), etc. Mas há um pormenor que atribui só por si o galardão à banda: a presença de Patrick Macnee, o célebre John Steed da série dos anos sessenta Os Vingadores, que aprendi a conhecer nos Agora Escolha e que a RTP-Memória em boa hora repôs. Steed é o gentleman inglês em todo o seu esplendor, com os seus fatos impecáveis, o seu chapéu de coco, e o seu guarda-chuva que o salva em mais do que uma ocasião, sabe também lutar com mestria e manejar armas e cumpriu o serviço militar na Segunda Guerra. É o elemento imutável da série, acompanhado de uma agente que tanto pode ser Emma Peel como Tara King, ou outra. Houve ainda uma infleiz adaptação ao cinema, com Raçph Fiennes e Uma Thurman. No clip aparece como o velho condutor do táxi, e pelo meio vê-se a sua silhueta rodando o guarda-chuva. Com tão ilustre personagem, que provavelmente fará inveja ao Prof. Espada, não tenho quaisquer dúvidas que o nº1 dos telediscos british iria certinho para Don´t look Back in Anger.