Dizem que agora é preciso um «plano B». Como assim, um plano B? Este «Tratado de Lisboa» já era o plano B. Não se esqueçam que o plano A, a infame «Constituição», foi rejeitado por países que ninguém se atreve a deixar para trás. Talvez apareça então um «plano C» que consista precisamente em deixar para trás a velhaca Irlanda. Já sabemos que quem discorda das ideias eurobeatas merece «castigo». Eis a «Europa democrática» destas santas cabeças.
Como bem ironiza Pedro Mexia, a "Europa Democrática" mostra a sua face quando é apanhada de calças na mão. Porque a referendo na Irlanda mostra exactamente como funciona a vontade do povo contra os euroburocratas bem pensantes que julgam possuir a panaceia para todos os males. Podem-lhes chamar nacionalistas, eurocépticos, atrasados, o que quiserem: os irlandeses exerceram o seu legítimo direito a recusar um modelo de construção europeia que lhes é estranho. E se mais referendos fossem feitos, outros resultados semelhantes surgiriam com certeza, como bem mostraram franceses e holandeses em 2005.
Põe em risco o "Tratado de Lisboa"? Põe. Mas paciência. Os senhores membros do Conselho Europeu deviam pensar que um tal passo jamais poderia ir contra a vontade popular, uma das pedras basilares desta mesma Europa dos 27. Caso contrário, se pensarem que bastam as suas magnas decisões por se imaginarem inatingíveis, não estarão muito distantes do Doutor Salazar no tempo em que a única Europa que tínhamos era a EFTA e as remessas dos emigrantes.
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