sexta-feira, junho 06, 2008

Cinemateca precisa-se

 
Esteve previsto para fins de Maio, mas adiaram. Sabe-se contudo que mais dia, menos dia os cinemas Cidade do Porto fecham mesmo as portas. O que significará tão somente o seguinte: que no perímetro da cidade restarão as salas do Dolce Vita das Antas, num extremo, e o cubículo do Teatro do Campo Alegre. Quem quiser ver mais cinema terá de ir aos shoppings de Gaia, Matosinhos, Rio Tinto e Maia.

Longe vão os tempos do Foco, Pedro Cem, Lumière, Charlot ou, mais recentemente, Nun´Álvares, além de muitos outros. Construiu-se um Central Shopping que está completamente às moscas. Tirou-se o cinema da Baixa - o renovado Batalha está muito bem, mas filmes só quando calha - e transformaram-se salas históricas em IURDS, como o Vale Formoso, isso quando não ficam uma ruína, caso do Águia d´Ouro, para o qual ninguém tem soluções.

 
A agudíssima crise no Porto é tanto mais aviltante e deprimente se nos lembrarmos que se trata da cidade pioneira do cinema em Portugal e a terra e morada do mais antigo realizador do mundo em actividade. Sintomático será que o animatógrafo de Aurélio da Paz dos Reis tenha sucumbido para dar origem a uma rua no Carvalhido.

Por isso mesmo, urge acelerar o processo de criação de uma secção da cinemateca no Porto. Sítio não falta, basta aproveitar a Casa das Artes, espaço incrivelmente fechado há já uns tempos, demonstrando um desperdício a toda a prova dos equipamentos culturais de qualidade. Há espaço de sobra, jardins, dois auditórios, etc. A ideia já tem circulado, embora não conste do abaixo-assinado disponível desde há uns dias. Fica aí o endereço e a esperança de que se reverta, ao menos em parte, a triste condição do cinema portuense.

Nenhum comentário: