O máximo responsável
O castigo aplicado pela UEFA ao Porto poderá ser exagerado se comparado com o do AC Milan há dois anos, e até com o do Marselha em tempos idos. Os encontros com árbitros não justificariam tal castigo. Mas do ponto de vista moral, e lembrando apenas todos aqueles casos descarados em que o clube das Antas passou impune, aqueles em que não se queixavam de ser perseguidos pela justiça, acaba por sr um justo castigo. Justo também pela pesporrência e chico-espertice demonstrada com o não recurso da perda dos seis pontos, como se pensassem "desta já nos safámos". não se safaram e conseguiram apenas trazer males maiores ao clube.
Mas a maior nota de perplexidade vem da confiança cega no seu "Grande Timoneiro". Antes das declarações de Pinto da Costa, ouviam-se mil e uma opiniões, das críticas ao Departamento Jurídico pela estratégia tomada aos mais patéticos "até a UEFA tem inveja de nós". Depois das ditas declarações, tudo acalmou um pouco: sim senhor, houve recurso, o presidente vai ser ilibado, vai-se na mesma à Champions. E se se confirmar a punição, vão pedir contas a quem? A todos menos a Pinto da Costa, claro está, a quem "reforçam a confiança". Em qualquer instituição os desaires são antes de mais assacados ao máximo responsável. No FCP, pelo contrário, é sempre este que se safa. Os culpados são sempre outros, nunca o presidente: este é infalível, omnisciente e eterno. Como diz Filipe Nunes Vicente, quando ganhou foi contra tudo e contra todos, quando perde é por culpa de tudo e de todos. Menos dele. E esta é uma das maiores aberrações daquele clube: com o tempo, deixou de ser uma colectividade para se transformar praticamente num one man club, concentrado nas mãos e na vontade de uma única pessoa em quem os outros confiam cegamente, e que periodicamente é reentronizado numas eleições formais e plebiscitárias sem qualquer concorrente à vista. Se a maioria dos sucessos que obtiveram se devem a ele, também os desaires e sobretudo a mancha de vergonha que agora alastra pelos canais noticosos internacionais são da sua responsabilidade. Tanto pior para os portistas: ao dar-lhe todo o poder incondicionalmente, ficaram com a obrigação de arcar com erros que Pinto da Costa cometeu. A questão é saber se já se deram conta disso.
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