Se hoje fosse um dia normal estaria neste momento a comentar o Benfica-Inter.
Mas infelizmente não é. Porque a morte, o medo, o choque e a raiva caíram em casa dos vizinhos. Sim, a infâmia que é o terrorismo caiu em Madrid de forma estrondosa, e, como sempre, cobarde. Os alvos? Simples pessoas que partiam ou chegavam de manhã cedo no comboio para o seu trabalho diário. Meros cidadãos anónimos, na sua vida de todos os dias. Foram estes que pagaram nem se sabe porquê, por alguma ridícula questiúncula nacionalista ou religiosa.
Primeiro pensei, como todos os outros, que tinha sido a minoritária e rancorosa ETA. Agora já se fala na Al-Qaeda, que terá reinvindicado os assassínios para vingar a Reconquista Ibérica (!!!) e o apoio aos EUA na questão do Iraque. Como é evidente, esta 2ª hipótese é aquela que todos menos desejariam, pela força envolvida, pelas sinistras convicções e porque a ETA é "mais caseira". E para os portugueses, acrescente-se a ideia murmurada a medo de que pode sobrar para nós. Porque as motivações apresentadas pelos islâmicos são exactamente as mesmas; daí quererem uma vingança milenar, quais Tariks do séc. XXI, com a óbvia diferença em relação aos antepassados mouros de que estes facilmente lhes dariam lições de civilização e tolerância.
Mas para o actual momento pouco importa quais os autores de obra tão animalesca. Morreram ou ficaram feridas perto de mil pessoas.Uma enormidade. E o que há a fazer é enterrar os mortos, cuidar dos vivos, prestar condolências ás famílias e, aí sim, encontrar e punir os culpados. E pensar que não é com megalómanos planos de guerrinhas baseadas em mentiras que se combate o flagelo do século, mas com acções eficazes e coordenadas que no caso do islamismo fanático terão de ser executadas no coração da besta: as madrassas Wahabitas, grandes inspiradoras desta torrente de ódio, ignorância e demência.
Oponho-me ao iberismo, de que já dei conta neste blog, mas afirmo: HOJE SOMOS TODOS ESPANHOIS! Todos! Sejam portugueses, castelhanos, bascos, catalães, galegos, andaluzes, cubanos, argentinos, filipinos, de outros povos, todos são espanhois hoje! Para responder à barbárie que se abateu no coração da Ibéria. E a melhor forma de lhe responder será o voto em massa no Domingo, o orgulho dos espanhois no seu estado de direito, hoje tão firmemente evocado pelo seu Rei, e a solidariedade que em Madrid e noutras partes de Espanha se demonstrou com as enormes dádivas de sangue e o exemplar trabalho dos serviços de saúde.
Sim, apesar de vítimas da demência e do ódio sem limites, os nossos "parentes" do país vizinho podem ter orgulho em si próprios e nas suas instituições. Que conservem sempre esse altaneiro orgulho, como tantas vezes o fizeram ao longo da história.
sexta-feira, março 12, 2004
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