terça-feira, setembro 27, 2005

O adeus às armas




O terrorismo também tem fim

sexta-feira, setembro 23, 2005

A esperança encarnada renasce

O ano começou mal, é verdade, mas depois das últimas vitaminas até já podemos dizer, com um sorriso trocista, que demos oito pontos de avanço aos adversário e que já os apanhámos.

O ídolo do momento é o minorca Miccoli, jogador que não conhecia mas que promete momentos fabulosos de bola nos pés (ou na cabeça, como já mostrou).
Atenção a Karagounis: o grego tem arrancadas explosivas e remates fulminantes. Não se impressionem apenas com o que viram no EURO 2004.
Leo, outro minorca, mostrou ter velocidade e consistência defensiva. Quando ganhar ritmo vai ser um caso sério junto de Simão.
Andersson surpreendeu-me pela colocação, destreza e classe no desarme. Precisa de melhorar no jogo aéreo, porque no resto é simplesmente impecável.
Beto tem desiludido mais, depois de uma excelente pré-época. Não se podia esperar grandes milagres de um médio proveniente do Beira-Mar que custou trezentos mil euros, mas ainda assim acho que, na sua posição original, será um bom e raçudo suplente de Petit e Manuel Fernandes (que até nem têm jogado grande coisa).
Kariaka não teve tempo para se mostrar muito, mas revelou alguns bons pormenores técnicos. Pode ser uma boa alternativa ao capitão, na esquerda, assim como o jovem mas promissor Hélio Roque.
Nelson é uma autêntica revelação. Até costumo acompanhar os vizinhos do Bessa, e ainda há tempos um juvenil dos axadrezados, que torce pelo Porto me tinha garantido que ele seria um novo Miguel; na altura desconfiei; agora, dissiparam-se-me as dúvidas.
Já agora, fica aqui uma pequena nota relativa, num blog recomendável (apesar do nome), não só ao novo e explosivo lateral canhoto mas também ás outras contratações:

Os adeptos do Boavista ficaram desolados com a sua saída. Mais, consideram que o preço pago pelo Benfica foi "ridículo". Também acho. Vender Miguel e Alex, comprar Nélson e ganhar, no fim, 8,5 milhões de Euros, é um negócio da China.
O Veiga terá estado mal?
PS - já agora, se lhe juntarmos um Leo, um Anderson, um Karagounis e um Miccoli, praticamente sem gastar um tostão...


Esperemos que as coisas se confirmem em Penafiel, cujo golo solitário na antepenúltima jornada de Maio passado, que tantos nervos me criou, ainda me está atravessado. Quanto ao teste mais duro, Old Trafford, terá de ser encarado como isso mesmo: um teste à capacidade deste benfica de koeman. Não se esperem milagres, mas ambição e realismo.

domingo, setembro 18, 2005

O fim do Verão

Oficialmente o Verão acaba lá para 21 de Setembro e algumas horas. Para muitos, o término da estação é no regresso das férias (se calharem nessa altura) e nem mais um dia. E há quem trace o limite com as vindimas.
Para os que frequentam as Feiras Novas de Ponte de Lima, em meados do mês, esse é o ponto exacto em que o Verão, o bronze, as conversas até tarde cá fora, etc, têm o seu termo. As tradicionais festas da terra de Campelo são o último suspiro estival, particulamente para quem está na fase de estudo e vê o primeiro dia de aulas chegar (e para os outros também). Naquele caos de pó, frango a fritar, vinho verde, chapéus de palha e entre a praça (e o seu típico chafariz do Alto Minho), a alameda e o rio Lima, com a ponte e as inúmeras igrejas como cenário de fundo, a comunhão entre gente de proveniência absolutamente distinta é já uma tradição que se vai perdendo nos tempos. Comunhão que não evita por vezes cenas de pancadaria entre locais e forasteiros, nomeio das barracas de pano cru e a multidão que ou aplaude ou foge, como é típico nestas situações. Se houver feirantes de varapau é pior.
Certo é que entre viras e chulas (agora com umas resmas de techno pelo meio), que fazem as delícias das novas gerações que invadem as festas todos os anos(não demasiado novas, apesar de tudo), e ao lado dos cavalos que passam a caminho da feira, despedimo-nos do Verão prontos para enfrentar as agruras ou os prazeres de um novo Outono. Até ao amanhecer, raros são os que não ficam, de preferência com um copo na mão, ou comendo um caldo verde à laia de ceia, num banco corrido, com o chapéu pousado ao lado, recordando os acontecimentos da noite e do Verão que terminam.



A todos os que ainda tiverem oportunidade de ir às Feiras Novas, que decorrem em Ponte de Lima até terça-feira, aconselho-os a ir lá, sobretudo aos que não conhecem. Eu já tive a minha conta de 2005. O Verão segue para o ano.

terça-feira, setembro 13, 2005

Post populista-sério (ou "os políticos são todos iguais")

O Bloco de Esquerda candidata Louçã para "impedir a ascensão da direita". O PCP e o "Secretário-Geral camarada Jerónimo de Sousa " idem aspas. Mário Soares avança depois da confiança mostrada pelo PS. Os "notáveis" do PSD e as bases apelam à candidatura de Cavaco para "derrotar a esquerda" e particularmente Soares. Ribeiro e Castro fala na necessidade de "impedir a esquerda de ficar com a maioria das autaquias".
Para quem tinha a menor dúvida de que os partidos e respectivos aparelhos (com as jotas à frente, bem entendido) são actualmente o maior cancro da vida política pode tirar daqui as devidas conclusões. Os grandes objectivos são impedir "os outros", a esquerda ou a direita, de ganhar. Ideias construtivas é que nem vê-las.
Não é à toa que o PS não manifesta dúvidas quanto à OTA ou ao TGV, que Campos e cunha saíu do Governo ou que Vara está na Administração da CGD e Gomes na da GALP. Ou ainda que os barões do PSD recusaram a lei da limitação de mandatos. é tudo claro como à água. Pelo menos à superfície. O fundo, esse, deve ser escuríssimo.

segunda-feira, setembro 12, 2005

Pixies alive


Enquanto muito sonhavam ver Bono e os habituais óculos escuros, ladeado por The Edge de chapéu texano, Clayton e Mullen sob holofotes e neons, cantando o Vertigo entre os azulejos amarelos e verdes de Alvalade, o meu pensamento ia para aquela banda meio esquizofrénico, meio masoquista, proveniente de Boston, e que se tinha voltado a juntar após demasidos anos de separação. Isso mesmo: os Pixies.
 
Esse grupo, chefiado por um alucinado de mais de cem kilos com o estranho nome artístico de Black Francis/Frank Black, e por uma senhora com ar de dona de casa e voz estridente chamada Kim Deal, acompanhados pelo guitarrista filipino Joey Santiago e pelo baterista David Lovering, mudou a face do rock dos anos oitenta/noventa, com o seu noise (menor que o dos Sonic Youth, apesar de tudo) melódico, que influenciou gente como Kurt Cobain - ainda que este nunca lhes tenha chegado aos calcanhares. Músicas cantadas (ou berradas) ora em inglês, ora em espanhol, sobre OVNIs, praias portoriquenhas, mentes a explodir ou bastardias avulsas eram o mote deste quarteto. Claro que a dita influência não se notou assim tão bem a olho nu, já que os seus discos não rebentavam com as platinas da época, e muito injustamente, diga-se (veja-se esta notícia, se ainda estiver online). O que é certo é que a banda espalhou os pós que haveriam de criar o grunge e depois dissolveu-se, por decisão unilateral do seu líder que queria enveredar por uma carreira a solo.
A vida de Franck black não melhorou com isso; Kim Deal conseguiu alguma notoriedade com as suas Breeders; mas sabiam que a sua carreira se devia à mítica banda que fora a sua.
 
Há alguns anos atrás, também eu punha os Pixies como um dos três ou quatro grupos que mais gostaria de ver ao vivo, mas acrescentava sempre um desconsolado "mas isso é impossível, porque eles não se vão voltar a juntar", enquanto ouvia o seu álbum live.
Oh, homem de pouca fé que eu era! Algures no ano passado, os agora distintos quarentões decidiram-se juntar-se e fazer umas tournées, sem esquecer a Ocidental Praia Lusitana. Para meu infortúnio, não pude comparecer na comissão de boas vindas dos Pixies a Portugal, vulgo público do Superbock Superock, e, vésperas do EURO. Prometi a mim próprio que se me fosse dada mais uma oportunidade, não a perderia por (quase) nada. E assim sucedeu. Aí em Maio soube que voltavam para actuar no festival de Paredes de Coura. a 17 de Agosto. Essa data não mais me saiu da memória, até porque sabia que nessa altura ia estar igualmente no Alto Minho. Chegado o grande dia, e mesmo com problemas de óleo no carro (e mais de trinta kms pela frente), ainda sem bilhete e com os meus companheiros de romaria courense a cortar-se à última do hora, rumei ao local escolhido. Curvas e mais curvas depois, ao som do Death to the Pixies no discman da viatura, consegui deixá-la num qualquer campo convertido em parque por uma quantia exagerada. Tal como era a que se pagava pelo bilhete. Mas deu tempo para inspecionar o local, ( hélas, demasiado tarde para ver os Arcade Fire), comer e beber alguma coisa e dar uma vista de olhos à Blitz (a única coisa grátis em toda aquela noite). As rádios e TVs "jovens" andavam todas por lá, mas infelizmente não vislumbrei a Rita Andrade.
O sítio, novo para mim (Paredes de Coura era mesmo o único concelho do Alto Minho que desconhecia), é bastante acidentado, com numerosos altos e baixos e um anfiteatro natural, inclinado para o palco, com o rio Coura - ali quase um ribeiro - atrás. Devo dizer que o seu primo mais velho de Vilar de Mouros é bem mais confortável e menos poeirento, além da proximidade e acessibilidades.
O que é certo é que ainda assisti aos Queen of Stone Age, bem cá atrás, não fosse ser acometido de uma surdez crónica, tal era o som e a potência da banda, mas não desgostei. Com o hiato da praxe, aproveitei para me chegar umas centenas de metros à frente, até que, quase inesperadamente, sem nada que os anunciasse, os Pixies fizeram a sua entrada em palco. Carecas todos, menos a senhora. Frank Black ainda mais gordo e com ar de sono (Kim Deal também ganhou uns kilos), envergando roupas banais, nada de blusões de couro, óculos escuros ou chapéus de texano. O que é certo é desde o início atacaram os clássicos: Wave of Mutilation, Where is my Mind, Here comes your Man, tudo seguido, para pôr o público efervescente, muito embora algumas estátuas de cera no meio dessem a impressão de nunca ter ouvido tal coisa na vida. Estas figuras irritam-me particularmente, quase tanto como aqueles que no seu frenesim musical quase que agridem as pessoas ao lado à cabeçada involuntária.
Claro que depois de semelhantes temas, vieram as menos conhecidas, pontuadas sempre com um ou outro clássico a meio (como a soberba Gouge Away, óptima para se ouvir à noite, perfeita quando tocada sob o luar). Houve um encore e a oportunidade de ver Mrs Deal balbuciar coisas em português, na sua simpatia contagiante, antes de encerrar com o seu Gigantic. Sem grandes rasgos, foram 25 músicas em hora e vinte de espectáculo, mas é sabido que as canções do grupo de Boston não primam pela sua longa duração. Não sendo o concerto da minha vida, a coisa teve a sua piada e dei-me por satisfeito. Embora tivesse sabido a pouco, os lendários Pixies ficaram vistos ao vivo e a cores; mais um para a colecção; mas se voltarem a este torrão ibérico num futuro não muito longínquo, e se tiver uma oportunidade clara, não deixarei de os rever. Porque apesar de tudo julgo que ainda me devem algo; se assim for, considerarei sempre um tal evento como a segunda parte do concerto do qual estive à espera tempos a fio. Caso contrário, não será por isso que me vou chatear com eles.

PS: para provar a minha boa vontade, no regresso vim o caminho todo a ouvir a segunda parte do Death to the Pixies: um concerto ao vivo dado pelos mesmos em Utreque, por volta de 1990. Exactamente o que tinha ouvido antes, só que com mais voz e um pouco mais de "loucura".


quarta-feira, setembro 07, 2005

Com o fim da saison balnear, das respectivas nortadas e brumas (e uma carga enorme de constipação por causa disso) e o regresso definitivo à rotina de todos os dias, confirmo com pesar que o Fora do Mundo , o Aviz e o Jaquinzinhos se acabaram mesmo. É o render da guarda, mas é sempre penoso.
Em relação ao primeiro, sabendo que FJV a uma quantidade de blogs sobre literatura brasileira, e que Pedro Lomba anda arredado da escrita online, só posso concluír que Pedro Mexia se cansou das bloguices durante uns tempos, e, aproveitando a quase ausência dos outros dois companheiros, resolveu parar e consequentemente encerrar o blogue. A questão é saber quanto tempo é que vai estar afastado, mas suspeito que não será tanto como isso. Entretanto, Viegas, apesar deste duplo desaparecimento, já tratou de se estabelecer no seu novo Origem das Espécies. Ainda não sei bem como será, mas é crível que entre outras coisas o seus autor fale de literatura, charutos, cerveja e actualidade brasileira.
No caso do blogue algarvio, sportinguista e liberal, acredito que o fim da sua caminhada se deva ao facto de ter blogado incansavelmente durante mais de dois anos, coisa que, parecendo que não, acaba por fartar. Embora na maior parte das ocasiões tenha discordado de JCD, encontravam-se lá posts - e fotografias - magníficos. Relembro como um dos mais felizes a enorme texto sobre a constituição do Ministério da Agricultura. Já um dos mais indefensáveis talvez tenha sido aquele em que fazia a apologia de Roman Abramovitch e da origem da sua sinuosa fortuna.
Como tudo o resto, os blogues não são eternos nem imutáveis; por cada blogue que acaba, há mais dez a ser criados num qualquer enter. Mas também neste mundo em expansão há referências, e os blogues que agora chegaram ao fim da linha eram-no incontestavelmente. Agora só espero que este volte rapidamente de férias.
E por ora é tudo. Os incêndio continuam a lavrar - ainda estamos em Setembro - e nos últimos dias pude ver bem os seus estragos, em sítios como o alto Minho, Trás-os-Montes, Coimbra, Douro Litoral (Valongo ficou quase totalmente cercada pelas chamas, e por um triz não ardia a biblioteca municipal), etc. Felizmente, a chuva resolveu aparecer. Louvada seja.

É claro que ja voltei de férias há uns dias, mas à excepção do post sobre o solidariedade, não tenho tido grande oportunidade de blogar. Espero agora ter mais disponibilidae para voltar às descrições mediterrânicas.

quinta-feira, setembro 01, 2005

Um quarto de século