terça-feira, setembro 18, 2007

A transladação política de Aquilino

Um excelente texto, já com alguns meses, com as razões - pessoais e gerais - pelas quais Aquilino Ribeiro não merece ir para o Panteão Nacional. Mesmo as letras e a prosa beirã não o permitem. E as justificações de Aquilino Ribeiro Machado, seu filho, que compreensivelmente defende o seu pai, não justificam tal cerimónia.

"O meu pai, quando veio para Lisboa, do ambiente fechado da província, tinha 21 ou 22 anos. Com essa idade, citando uma frase muito batida, `todo o homem é incendiário e mais tarde será bombeiro dos fogos que acendeu`, e é natural que na ânsia e no ideal de mudar o mundo e de criar uma sociedade mais justa, ele se identificasse com os revolucionários que viessem, aqueles mais impacientes, mais insubmissos", argumentou.
"Ele era um homem que vinha do mato, bravio e homem de acção por natureza. É natural que não fosse alinhar pelo pensamento mais conservador da época. Dir-se-á: `isto é um pensamento que depois, ao longo da sua vida, se manteve, foi sempre um homem de intervenção directa` Não, não foi. A vida dele prova-o"


Há que perceber que mesmo com um espírito revolucionário, uma coisa é participar em acções de propaganda, manifestações ou confrontos com a polícia, mesmo que isso implique a detenção. Outra completamente diferente é ser cúmplice sapiente de um Regicídio, para mais de um Rei, e do seu filho, D. Luís Filipe, que estavam longe, bem longe, de ser uns tiranos. E se João Franco, Sidónio e Salazar governaram, à sua maneira, ditatorialmente, a 1ª República não teve melhor desempenho, com a agravante de ter deliberadamente levado Portugal para uma guerra terrível se ter feito passar candidamente por um regime liberal.
Como as razões para a transladação do escritor são também políticas, como provam as alusões ao seu combate "pela República e pela liberdade", não posso, como monárquico, concordar com ela.

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