terça-feira, agosto 16, 2016

Os olímpicos no Brasil



Não sei se é pelo facto de se estar debruçado no que é essencial (ou seja, as provas), mas esperava uns Jogos Olímpicos mais acidentados. E os prenúncios não eram nada bons: instalações com deficiências, furtos, poluição extrema das águas, obras atrasadas, falta de recursos, problemas infindos no Rio, tudo sob uma grave crise económica e política que levou à substituição da presidente do Brasil a poucos meses dos jogos por um vice pouco conhecido e ainda menos popular. O certo é que apesar de alguns problemas que provavelmente têm sido camuflados, as atenções viraram-se para a competição. Os enormes desportistas Phelps e Bolt (sobretudo o jamaicano) subiram ainda mais no panteão dos atletas, surgiram novos nomes, como Simone Biles e Van Niekerk, e até dia 21 ainda há muito para ver. Entre os portugueses, Telma Monteiro conseguiu a tão almejada medalha, depois de duas edições de jogos desoladoras, mas o resto tem sido frustrante, apesar dos esforços dos jogadores. Ainda hoje, Nelson Évora e Fernando Pimenta ficaram perto do pódio, sem hipóteses de o pisar. A selecção C de futebol conseguiu a proeza - mais uma de Rui Jorge - de ficar em primeiro lugar no seu grupo, antes de ser derrotada sem apelo nem agravo pela Alemanha. Veremos o que faz o limiano daqui a dias, assim como a cavaleira Luciana Diniz mas as esperanças de medalhas vão-se eclipsando.

Apesar de tudo, as coisas vão correndo satisfatoriamente e a cerimónia de abertura, de que só vi partes e em diferido, agradou, embora duvide que tenha ultrapassado o excelente espectáculo inicial de Londres em 2012. Não houve grandes referências aos portugueses nestes primeiros jogos num país lusófono, mas a correcção política das "causas indígenas" falou mais alto. Enfim, houve Gisele Bundchen.

Sem querer ser chato, há uma questão que surgirá inevitavelmente: acabada a festa, que Brasil teremos no pós-jogos? Dilma deve ser definitivamente exonerada no fim do mês, os problemas com as expropriações por causa dos jogos voltarão, e a herança do evento vai pesar. Aliás não compreendo como é que se pode organizar um Mundial de Futebol e uns Jogos Olímpicos com apenas dois anos de intervalo, o que revela que os brasileiros, na senda de se tornarem uma superpotência, tiveram mais olhos que barriga. Agora, em plena crise e desaceleração económica, caiu-lhes tudo em cima. O futuro próximo não vai ser fácil.

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