quarta-feira, novembro 11, 2020

Reacções ao cordo regional e falta de memória

O acordo para viabilizar o novo executivo açoriano trouxe à memória a constituição da "geringonça" e o precedente que causou. Ou antes, devia ter trazido.

Por um lado, temos o nosso PM, arquitecto da geringonça, o homem que permitiu todo este novo desenho parlamentar, que tirou sentido ao voto útil ao fazer acordos com os que até aí eram inimigos de longa data e de natureza completamente diferente, a criticar o PSD e a referir-se a "linhas vermelhas". Mas a questão em 2015 não era a de que se não houvesse geringonça "a direita ficaria no poder"? E isso implicava atravessar inhas literalmente vermelhas para fazer tratados com os seus velhos inimigos (por vezes mais do que advesários)? Então...
 
Por outro, temos um abaixo assinado de um conjunto de pessoas de alguma forma ligadas ao centro direita que critica os acordos com direitas "iliberais". Os subscritores já foram mimoseados nas redes sociais com os habituais insultos do cardápio - "direita fofinha", "direita de que a esquerda gosta", "cobardes", "pusilânimes", etc. Ora isso lembra muito o tipo de remoques que socialistas como Francisco Assis ou Sérgio Sousa Pinto ouviram por se oporem à geringonça e avisarem com que esquerdas estavam a assinar. Lembram-se dos "traidores", "neoliberais do PS" e "vendidos à direita" que lhes atiravam? É que alguns dos que então os aplaudiam (até havia o jargão "Assis, salva o país") viraram-se agora indignados contra a "direita de que a esquerda gosta".
 
Francisco Assis demite-se de cargo europeu após ser impedido de falar pelo  PS - Política - Jornal de Negócios
 
É fantástico ver como a falta de memória gera os oportunismos mais descarados. E também tem o seu quê de divertido.

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