quarta-feira, agosto 11, 2021

As bolhas geracionais

 

Na época de confrontos e polarizações a que temos vindo a assistir, só nos faltava o confronto geracional. Mas é o que está a acontecer. Além dos problemas directos, a pandemia parece estar a criar um crescente azedume entre as gerações mais velhas e as mais novas.

Não que seja apenas do último ano. É possível que com diferentes educações e uma comunicação demasiado virtual as fracturas já durassem há mais tempo. Vimo-lo com as referências, aqui há uns anos, da "peste grisalha". E vimos também a insuportável e birrenta frase de uma Greta Thunberg transfigurada pela raiva, o inesquecível How dare you, ao acusar os políticos de lhe terem "roubado a infância".

Há pouco tempo, por ocasião do dia dos avós, vi uma data de desabafos na net, incluindo uma daquelas coisas que algumas pessoas passam numa cadeia de mensagens, em que o neto perguntava ao avô como tinham vivido sem internet, telemóvel, etc, ao que o avô respondia que em compensação antigamente viviam com "dignidade, compaixão, bondade, humildade", etc, dando a ideia de que a geração do neto não tem quaisquer qualidades (reparo que ao afirmar que a sua geração tem todas as qualidades não é bem um sinal de humildade). Ao mesmo tempo, vêem-se nas redes sociais imensas recriminações às gerações mais novas por, em tempo de covid, juntarem-se, encontrarem-se, beberem em conjunto e outas malfeitorias. Alguns chegam a dizer que deviam era estar trancados em casa ou ajudar às tarefas da mesma, embora ignore se quem escreve tais coisas tenha algum estudo aprofundado sobre os trabalhos domésticas dos mais novos.

Todas estas recriminações geracionais, dos que desprezam os mais velhos e os tratam como trapos por aparentemente não terem "utilidade" aos que se estão nas tintas para os mais novos e acham que eles têm as mesmíssimas necessidades dos mais idosos podiam provocar mero desprezo ou até algum sarcasmo, mas causam-me apenas tristeza. Parece que são exactamente os extremos geracionais que são mais postos de lado pelos que estão a meio, que também terão as suas queixas (Sérgio Sousa Pinto falava há pouco com imensa graça da nossa geração dos anos noventa como estando entre "gerontes donos disto tudo e unicórnios imberbes"). Os velhos porque não são úteis, numa classificação utilitarista e hiper-materialista, e porque "ficam com as reformas todas", e os mais novos porque são "irresponsáveis" e "florzinhas de estufa". 

Contra mim falo, porque também isso já me passou pela cabeça em momentos egoístas e menos felizes. Mas a verdade é que esta incompreensão mútua, a existir, e se não for uma miragem do que se vê na net, é tóxica e não ajuda nem a uns nem a outros. Quando se começa a falar dos mais novos como "gente irresponsável", amiúde acompanhada dos auxiliares "no meu tempo" e "esta juventude de hoje", é sinal claro de envelhecimento, numa clara imprepração para o futuro. E quando vemos as acusações às gerações anteriores de terem deixado "uma herança pesada" às que se seguem, como a menina Thunberg, à qual, entre outras coisas, deixaram um sistema escolar que ao que parece ela não quis aproveitar, ignoramos tudo o que de bom deixaram, quando tantas vezes mesmo as má herança tiveram origem em intenções nobres. 

Sim, os mais velhos não pensaram só neles. E sim, os mais novos têm percepções diferentes, como em todas as gerações, e não são piores por isso. Os velho têm direito ao conforto, à compreensão e ao respeito. Os jovens a igual compreensão e a fazerem disparates e "irresponsabilidades" próprias do crescimento e da formação de carácter. Não compreendê-las é ficar-se na sua própria bolha geracional, sem perceber o passado de uns nem relembrar o seu próprio. Não é preciso que se compreenda e aceite tudo. Mas ao menos não julguemos que a nossa geração é que é bestial.

PS: a minha geração "rasca" não é definitivamente melhor, mas olhem que os tais anos noventa em que crescemos deixam saudades. Porque havia esperança e optimismo para todas as gerações. 

2 comentários:

pvnnam disse...

USA O TEU BLOG PARA AJUDAR A COMBATER GUERRAS NO PLANETA
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--> Em vez de acusares de ""racistas"" os autóctones que dizem o «óbvio»...
[[[nota: a máfia do armamento fornece armas a 'grupos rebeldes' (sim: os 'grupos rebeldes' não possuem fábricas de armamento!) para lucrar, não apenas com a venda de armas, mas também com o acesso a recursos naturais de baixo custo (petróleo, etc)... e mais... refugiados são deslocados para locais aonde existem investimentos interessados em abundância de mão-de-obra servil]]]
... ajuda, isso sim, também a divulgar o «óbvio»:
- ""quem deve pagar a ajuda aos refugiados devem ser os países aonde são produzidas as armas utilizadas pelos rebeldes""!!!
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Boys e girls do sistema-XX-XXI: muitas 'cambalhotas'... para... não dizerem aquilo que deveria ser uma das afirmações mais simples do mundo:
- "respeitamos a existência de outros no seu espaço" (nomeadamente, povos autóctones no seu espaço).
Mais:
- no passado, o nacionalista-esclavagista protagonizou as mais variadas sabotagens sociológicas anti-intenções Identitárias (prejudicavam interesses...)..., ora, os boys e girls do sistema-XX-XXI querem que essas sabotagens sociológicas anti-autóctones Identitários sejam consideradas uma herança/legado universalista/multiculturalista!?!?!
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NÃO FALES EM EUROPA FALA EM LIBERDADE!
-> a liberdade de ter o SEU espaço e prosperar ao seu ritmo.
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Milénios de História não enganam:
1- muitos europeus aspiram à cidadania de Roma (isto é: aspiram à existência de outros como fornecedores de abundância de mão-de-obra servil).
2- muitos europeus propagandeiam o mais velho discurso de ódio da História: 'o ódio tiques-dos-impérios' -> não podem ver um povo autóctone, no SEU espaço, dotado da liberdade de prosperar ao seu ritmo.
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O 'problema' do europeu-do-sistema XX-XXI não é Identidade, mas sim, 'tiques-dos-impérios' (/cidadanismo de Roma)!
Este europeu (para além de projetar uma economia de índole esclavagista) não gosta de trabalhar para a sustentabilidade... este europeu quer é estar na gestão:
- quer é estar na gestão da atribuição da nacionalidade;
- quer é estar na gestão da atribuição de vistos de trabalho.
-etc.
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São da mesma laia!!!
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Os nacionalistas- esclavagistas foram '''pioneiros''':
1- renegaram o Ideal Identitário que esteve na origem da nacionalidade (''ter o seu espaço, prosperar ao seu ritmo'');
2- projectaram uma economia de índole esclavagista (partiram  do pressuposto da existência de outros como  fornecedores  de abundância  de mão-de-obra servil; nota: era preciso rentabilizar o investimento na construção  de caravelas);
3- executaram as mais variadas sabotagens sociológicas anti-intenções Identititárias... pois, intenções Identitárias prejudicavam interesses económico-financeiros.
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O europeu-do-sistema XX-XXI é mais do mesmo:
1- renega o Ideal Identitário que esteve na origem da nacionalidade;
2- projecta uma economia de índole esclavagista;
3- executa as mais variadas sabotagens sociológicas anti-intenções identitárias...
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[os supremacistas demográficos (africanos, e outros) que se entendam com os neo-esclavagistas... os Identitários, esses, estão interessados é em LIBERDADE!]
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SEPARATISMO IDENTITÁRIO
--> é natural o separatismo Identitário por motivos óbvios:
- na origem da nacionalidade não esteve cidadanismo de Roma, mas sim, o Ideal Identitário: "ter o SEU espaço, prosperar ao seu ritmo".
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--> Urge um movimento pan-europeu de liberdade/distância/separatismo em relação ao europeu neo-esclavagista (o europeu do sistema XX-XXI).
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SEPARATISMO-50-50
Todos Diferentes, Todos Iguais... isto é: todas as Identidades Autóctones devem possuir o Direito de ter o SEU espaço no planeta -» INCLUSIVE as de rendimento demográfico mais baixo, INCLUSIVE as economicamente menos rentáveis.
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'Globalization-lovers' versus Identitários:
---»»» blog http://separatismo--50--50.blogspot.com/

João Pedro disse...

No meu blogue escrevo o que me aptece. O inverso já não é verdade, por isso se voltar com essa lengalenga incompreensível apago tudo. E escusa de fazer propaganda porque não vou ver a sua página.