quarta-feira, fevereiro 02, 2022

Depois das eleições, com duas conclusões

Não vale a pena vir para aqui fazer as análises das eleições porque podem encontrá-las para todos os gostos nos jornais, na TV, no Facebook, nas rádios e podcasts, nos twitters desta vida, etc. Seria uma perda de tempo. Basta dizer que o PS teve uma maioria acima das melhores previsões de António Costa, ganhando totalmente a sua aposta, que o PSD teve um resultado inversamente proporcional às expectativas do PS, que o Chega como tem sido hábito cresceu muito mas sempre aquém das previsões de Ventura e que os liberais cresceram mais do que o objectivo, O Bloco cai com estrondo e vê o seu volátil eleitorado fugir, ao passo que a CDU continua a o declínio inexorável, o CDS fica sem rede e vê um futuro sombrio, o PAN afinal é um epifenómeno de modas e Rui Tavares conseguiu capitalizar a sua imagem para o Livre. Pronto, já está. Eis as minhas reflexões pós eleitorais enquanto deambulava pela zona onde mora o Zé Albino, essa grande figura destas eleições. Não posso é ficar contente com os resultados na sua globalidade.

Mas não é só o CDS que sai do parlamento: outro "partido" histórico também perdeu os lugares. Sim Os Verdes, essa formação que nunca concorreu sem ser na CDU.
E entre os que não tinham representação parlamentar, todos tiveram resultados paupérrimos. Como curiosidade, lembram-se do Aliança? Aquele partido que há pouco mais de dois anos seria o futuro do centro direita e até tinha um senado? Pois ficou em último (o PPM só concorreu nas regiões autónomas) com menos de dois mil votos - conferir aqui. Não admira: o seu mentor, Santana Lopes, única razão para a sua existência, veio declarar apoio a Rio e parte dos candidatos das suas listas apelaram afincadamente ao voto no CDS. Que há três anos, com Cristas, iria crescer como nunca e ultrapassar o PSD, segundo juravam alguns militantes. E o PAN era o futuro.

O cenário político está cada vez mais curto e imprevisível, pelo que mais vale não tentar adivinhar o futuro e quais serão as next big things partidárias. Essa é uma das conclusões que tiro, embora isso já me ocorresse há uns tempos.

A outra é que mesmo uma boa campanha eleitoral pode não decidir nada. O PSD mostrou uma capacidade de mobilização e um entusiasmo que há muito não se viam, ao passo que o PS, tirando umas arruadas no fim, parecia titubeante, com Costa a usar uma táctica numa semana e outra completamente diferente na seguinte.

E dentro desta, uma sub-conclusão: pelo menos nesta eleição, os grandes generais, os ex-líderes partidários, não serviram de muito. Rio teve a seu lado Manuela Ferreira Leite, Menezes e um inesperado Santana desprovido de qualquer pudor. Louçã apareceu a discursar num comício do Bloco. Ribeiro e Castro e Manuel Monteiro apareceram em acções de campanha, sobretudo na arruada final, ao lado de Chicão. No PS, que me lembre, só episodicamente Ferro Rodrigues e umas bocas de Sócrates que apenas repele votos. Nenhum dele acrescentou grande coisa, a avaliar pelos resultados finais.

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