terça-feira, fevereiro 15, 2005

Regresso (e depressão)

O regresso à pátria não podia começar de forma mais penosa. Já no aeroporto, a comunidade lusa pronta a embarcar era facilmente reconhecível pelos seus "tipical" bonés, bigodaças, por praguejar alto e por um incrível ar de deslocados. Em pleno voo, num compacto de notícias da RTP, apareceram, em lugar de Braga-Benfica dessa noite, José Veiga e Pinto da Costa a trocar os piropos do costume, num registo torpe das duas criaturas. Até à chegada, no entanto, não tive mais percalços do gênero, já que tanto o filme que passavam (Sky Captain, um entertenimento delicioso que me tinha escapado nas salas de cinema) como o livro que lia e até as primeiras páginas do jornal português oferecido à entrada me recordavam a cidade que deixara para trás. Mas é claro que à chegada outras surpresas desagradáveis me estavam reservadas, como a saída do boarding para o voo do Porto (uma coisa mínima), o autocarro que levava ao avião, que demorou um quarto de hora a arrancar, e a patética amostragem dos passaportes ao SEF, à chegada a Pedras Rubras, depois de se ter vindo de ...Lisboa! Sempre gostava de saber como é que é possível exigir-se o documento em voos internos a cidadãos portugueses.
Enfim, ás 9 da manhã, depois de uma noite na ar e em salas de embarque, estava em casa. Mas numa posterior abordagem aos jornais guardados nestes dias, reparei que a campanha eleitoral tem sido a mais rasteira de que há memória, com boatos, calúnias, insultos, incoerências (mas isso já é costume) ou a mais incrível das loucuras, como a de Nobre Guedes apelar aos populares de Coimbra para impedirem Sócrates de entrar na cidade. Felizmente, estive doze dias afastado de todas estas enormidades. Difícil vai ser aguentá-las até Sábado.

Já agora: alguém me explica porque raio é que, havendo nos aeroportos portugueses mangas de embarque para os aviões, se continuam a usar os mesmos velhos e desconfortáveis autocarros de ligação. As mangas servem para quê? Fazer vista ao turista incauto, para mostrar que somos um país civilizado? Se era assim, escusavam de as comprar. Sempre se evitava um pouco mais de défice.

Um comentário:

A. Narciso disse...

Wilkommen :) Pois... as mangas fazem pouco sentido. Eu tb n compreendo.
Vou aguardando pelos relatos da famosa viagem. Curioso, naturalmente.
Abraço