segunda-feira, maio 30, 2005

Fim da semana

Ao contrário do que se possa dizer em virtude dos penosos últimos meses do seu governo (e da forma como acabou) e das suas lendárias indecisões, António Guterres é uma óptima escolha para ACNUR. Não só pelo seu desejo expresso em ocupar o cargo mas também pelas características que se exigem: capacidade de diálogo, conhecimento das situações, sensibilidade para os problemas e a sua diversidade e capacidade de decisão. As primeiras Guterres possui com abundância, como é do conhecimento público. A segunda já poderia franzir o sobrolho dos menos desconfiados, se se tratasse de um caso bicudo do nosso país. Mas não: recordemos que o ex-pm mostrou, porventura pela única vez, que tinha estofo de estadista e também sabia decidir na altura da crise de Timor. Aí não se coibiu em tomar decisões em tempos difíceis, nunca largando o comando das operações e acabando por ser o vencedor depois de um combate que chegou a parecer perdido.
É precisamente por me lembrar do papel de Guterres nessa ocasião, que envolvia refugiados e razões de índole humanitária, que julgo que fará um bom lugar e não deixará de tomar as decisões necessárias nos momentos que julgar apropriados.



Como se previa, o OUI à Constituição Europeia perdeu em França, coração da UE, e por números pesados. São portanto vencedores o xenófobo Le Pen, o tradicionalista De Villiers, os infinitos grupos trotsquistas e operários e a facção do senhor Fabius. Diga-se o que se disser, o simples facto desta gente apoiar o Não deixa-me pouco sossegado, pricipalmente quando se usam argumentos demagógicos como a recusa da entrada da Turquia na UE (da qual, já agora, desconfio um pouco).
Devo dizer que estou longe de saber qual será a minha posição no referendo que nos couber em sorte. Se me fiar na minha tradição de voto em tais decisões, escolherei o Não. Se apelar ao fundo da minha consciência europeísta, optarei pelo Sim. Mas até lá serei um fiel seguidor deste e de outros blogues que me possam dar uma visão mais profunda sobre aquela que pode (ou que podia, até hoje) ser a norma fundamental da UE.

Afinal não conseguimos a dobradinha. Com uma equipa gasta e cansada, baqueámos frente a um Vitória de Setúbal fresco e descomplexado. A vitória dos sadinos é perfeitamente justa, e Hélio mereceu plenamente erguer a Taça. Parabéns ao Vitória Futebol Clube. De qualquer forma, o importante já nós conseguimos. Agora é tempo de recarregar baterias e daqui a uns tempos pensar na nova época. Para futebol, já nos chegaram as emoções das últimas semanas.

4 comentários:

Mário Monteiro disse...

Olá João pedro, venho aqui agradecer os teus comentários, particularmente na Chama do Dragão, onde acabei de ler o último.
Por brincadeira: achei engraçado que afirmes no teu blog q é politicamente indefinido depois de afirmares que é um blog monárquico, católico e benfiquista.

eheheheh

abraço amigo, mesmo que nos antípodas, das tuas opções, pois sou republicano, ateu e portista, embora haja uma coincidência não tenho opção partidária, política sim, partidária não.

Um abraço descomplexado e sem preconceitos, pois a verdade é relativa, ao contrário do que afirma o papa Bento XVI

João Pedro disse...

Caro Werewolf, aparece sempre que quiseres, com todas as tuas diferenças e opiniões. Eu por mim tentarei ser mais assíduo na "Chama do Dragão" e no "Acuso". um abraço benfiquista, monárquico, católico e indubitavelmente portuense.

mfc disse...

Guterres fará com certeza um bom lugar, não tenho dúvidas.
Quanto ao voto do NÃO, votarei assim pouco me importando que , formalmente, se sobreponha aos votos da direita. Voto à esquerda e pelas minhas convicções.
Quanto à dobradinha... fiquemo-nos, infelizmente, pelo feijão branco!

A. Narciso disse...

Espero que o Guterres dê uma boa imagem de si mesmo. Quanto ao nosso Benfica: parabens ao Vitoria!
Abraço