A propósito do inédito apuramento do Desportivo de Chaves para a final da Taça de Portugal, Francisco José Viegas recorda tempos idos do clube, quando ainda não jogava na 1ª divisão e os seus adversários eram invariavelmente clubes da mesma região. Também me lembro de ouvir falar de desafios entre o Vila Real e o Desportivo, no velhinho campo do Calvário, um recinto pelado no centro da cidade ainda hoje usado para os escalões de base. Se os jogos não corriam de feição ao "Bila", qualquer condutor que apanhasse a N2, a estrada para Chaves, nem que fosse para ir para a freguesia a seguir, era invariavelmente insultado pelos passantes.
Do Chaves não me recordo dos tempos anteriores à primeira divisão. Lembro-me de alguns históricos, como Paulo Alexandre, Manuel Correia, António Jesus, Karoglan, da trupe de espanhóis, como Toniño e Baston, e dos mais recentesRicardo Chaves João Alves, esse ex-next big thing do futebol português. E das claques "Força Azul-Grenat" e "Frente Flaviense", cujo nome ainda se pode ver graffitado nos viadutos do IP-4. Já não sou do tempo dos épicos confrontos entre equipas nortenhas, e fico mesmo surpreendido ao saber que o Régua usava camisolas em losangos (um padrão que podia fazer moda, ou então influência british dos produtores ingleses de vinho do Porto), mas acho que o fim dos campos de terra, esmagados pelos relvados, é motivo para um requiem.
Hoje, o Chaves está na Honra e em real perigo de voltar à segunda B. O Vila Real vegeta nos distritais, o Régua também, e o Riopele nem equipa tem, actualmente, ainda que a fábrica se mantenha. Raúl Águas, por sinal um bom técnico, já não treina. O que é certo é que nenhuma equipa trasmontana chegou onde o Chaves chegou. E que apesar de todas as antigas rivalidades, todas as pessoas da região, de todos os clubes, se devem regozijar por esta final (e quem sabe, com algo mais). Mesmo em Vila Real.
Imagem de um Chaves-Vila Real, dos anos sessenta. Tirado daqui, onde se pode ver uma descrição mais completa, e um testemunho da rivalidade referida em cima.
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