quinta-feira, maio 31, 2012

Espanha vs França


Público resolveu hoje fazer um artigo sobre as "dificuldades" por que passa a monarquia espanhola, realçando que "os jovens não aceitam que o chefe de estado seja hereditário"  e que Felipe de Bourbon deve suceder brevemente ao pai sob pena de "Juan Carlos ser o primeiro e o último". Razões? As suspeitas que recaem sobre Urdangarin, marido da Infanta Cristina, a famosa caçada aos elefantes, presumidas despesas da Casa Real (nada que se compare às da república portuguesa) e a relação fria com a Rainha Sofia.

Mas se é assim, recordemos França: nos últimos trinta anos, tiveram um presidente que ordenou que afundassem navios e tinha uma família paralela, outro condenado com pena suspensa por financiamento irregular, outro implicado em casos semelhantes, que se divorciou logo a seguir à eleição, mostrando que o casamento já era de fachada, e outro ainda que se separou da mulher logo depois da derrota desta nas presidenciais de 2007 (outra fachada). Proponho por isso que o jornal Público publique um artigo mostrando a urgência em substituir a república francesa pela monarquia, com os Bourbons a reinar também no Hexágono e a flor de lis a voltar à bandeira. Seria sem dúvida equitativo. Senhores jornalistas, estamos à espera.


PS: um comentário de um leitor sempre atento recorda-me que há um ponto acima que pode induzir em erro. Quando me refiro no texto a "outro que se separou da mulher logo após a derrota desta nas presidenciais de 2007", há que fazer a devida correcção: a senhora em causa, Segoléne Royal, é que se separou do marido, Fraçois Hollande, o agora presidente francês, depois da sua (dela) derrota em 2007.

2 comentários:

A.Teixeira disse...

Concordo que redigido com a redacção que o João Pedro lhe deu causará mais impacto mas, a bem do rigor, a imagem que passou para a opinião pública foi que não terá sido Hollande a separar-se da mulher, antes Ségolène a separar-se do marido. Pelo menos foi ela que assumiu a iniciativa de o anunciar publicamente depois das eleições.

Será que posso esperar um aditamento seu no dia seguinte ao da publicação do tal artigo no Público?

João Pedro disse...

É verdade, ela é que se separou, embora o timing da separação se deva com toda a certeza às eleições. Mas como está no texto, fica-se com a impressão contrária.