terça-feira, abril 22, 2014

Trinta e três


Deixemos as habituais piadas de "Jorge Jesus ressuscitou na Páscoa" e as referências ao número trinta e três como idade de Jesus aquando da sua morte (sim, esses também usei no último post). A Páscoa é também época de arrependimento e redenção. Por isso, há que fazer mea culpa: precipitei-me quando escrevi isto e isto. Achei que a época seria um fiasco total, que Jesus  era prejudicial e que ficaríamos atrás do Porto, que faria uma época q.b., embora com mais dificuldades, e do Sporting, em recuperação. Nada disso sucedeu, felizmente. E embora eu ache que talvez outro técnico conseguisse os mesmos resultados, e que o Benfica tinha sérias dificuldades no início da época, tenho de reconhecer que Jorge Jesus corrigiu vários erros, teve força para unir e acalmar a equipa quando necessário e levar a nau a bom porto. Também Luís Filipe Vieira arriscou todas as fichas e ganhou. Seria sempre injusto recusar o mérito a quem o teve.


E por muito que se diga agora que o Benfica teve o caminho facilitado pelos erros clamorosos do Porto e pela "verdura" do Sporting, é bom recordar que os escolhos não foram poucos: a depressão do terrível final da época passada ainda estava nas cabeças de todos, o péssimo início de campeonato, o clima tenso no balneário, ainda sem sanar o caso de Cardozo, as inúmeras lesões, que ainda não terminaram (vejam-se Salvio e Sílvio, que começaram lesionados e  lesionados terminam), e até o desaparecimento de símbolos vivos como Eusébio e Coluna, que podem ter servido também de incentivo à equipa. A verdade é que o Benfica começou a mostrar melhor futebol precisamente quando morreu o "Pantera", no jogo contra o Porto, verdadeiro click deste campeonato. A partir daí só não ganhou um jogo (em Barcelos), dando pelo meio um baile de futebol ao Sporting, chegou às meias finais da UEFA, com cinco triunfos e um empate, e classificou-se para a final da Taça de Portugal, afastando um derrotado FCP. Melhor seria quase impossível. E neste domingo de Páscoa, alcançou o 33º título, pondo como sempre meio país em festa. As imagens dos festejos no Marquês de Pombal foram particularmente impressionantes, com aquelas tochas a fazer lembrar a recente revolta na praça Maidan, em Kiev. Nem Sebastião de Carvalho e Melo escapou à camisola sagrada. Há quatro anos também ali estive, num cenário idêntico, mas desta vez limitei-me a festejar o triunfo em Vila Real, onde, como no resto do país, houve festa rija, inundando a Carvalho Araújo.


Passado o primeiro objectivo há que pensar nos outros. O próximo já aí está, contra uma fortíssima Juventus que dará tudo para ganhar a competição no seu estádio e que não deixou boas recordações na última vez em que defrontou o Benfica (que o diga Silvino, a quem partiram o nariz sob a complacência do árbitro). Exige-se a desforra contra a equipa dos Agnelli. A equipa do Benfica certamente que terá isso em mente. Isso depois de pôr um país a dizer TRINTA E TRÊS.

2 comentários:

A.Teixeira disse...

Grande gesto de contrição que a penitência também é pascal!

É de saudar uma atitude que rareia aqui por estes meios de comunicação.

Ah! E obrigo-me a acrescentar que eu não tenho clube: não é constitucionalmente obrigatório mas as duas últimas reacções que desencadeei a pretexto deste episódio do título do Benfica parecem pressupor o contrário.

JP disse...

É isso mesmo... Agora que toda a gente aprendeu a dizer trinta e três, está na hora de pensar no Benfica vs Juventus desta noite. Uma nova presença na final da Liga Europa seria épico ;)