É claro que fazer jantares no Panteão é patético e de gosto duvidoso. É claro que fait divers destes dão cada vez mais azo a oportunismos políticos, seja do Governo ou da oposição (a última pérola é de Gabriela Canavilhas, uma das mais notórias yes woman do PS). E é claro que é deste tipo de coisas que se alimentam as sempre insaciáveis redes sociais, sendo que esta polémica partiu precisamente de um blogue - o de Seixas da Costa (não sei se também terá publicado no Facebook).
Mas duas coisas me ficaram: uma delas é, como escreveu o Rodrigo Adão da Fonseca, que os nossos governantes e os nossos organismos públicos reagem actualmente sobretudo sob a pressão das tais "redes sociais" e respectivos estados de humor, sobretudo quando estão indignadas, o que nos leva a uma caótica e mesmo degenerada noção de "democracia directa"; a outra é que se os tais web summiters, ou lá como lhes chamam, não perceberam minimamente onde estavam, é porque a sua visão somente apontada à tecnologia, a um certo tipo de empreendedorismo e ao culto da "informalidade" faz tábua rasa de qualquer conceito de sacralidade e de respeito pelo passado e pela memória. Ou seja, um caldo de economicismo e de modernidade a todo o custo baseada na tecnologia, que recorda os "progressistas" do século XIX, que não hesitavam em derrubar traços medievais existentes, como castelos, palácios ou igrejas, para construir as suas particulares visões de futuro e de "civilização". Não admira que as suas reuniões se tenham vindo a fazer em Portugal.
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