Ontem fiz referência á nova lei do tabagismo, que pretende proibir o fumo em locais (semi-) públicos. Hoje tive ocasião de comprovar que antes de todas essas interdições se devia impedir as pessoas de fumar em locais não só proibidos à prática mas acima de tudo perigosos.
Como tivesse o depósito de gasolina na reserva, dirigi-me ao posto de abastecimento mais à mão, ficando na fila para chegar ás bombas. À minha frente, num daqueles mini-carros que circulam por entre o tráfego urbano, julgo que um Smart, uma criatura de sexo feminino fumava com o braço de onde pendia o cigarro virado para fora. Enquando abastecia o seu veículo continuou a fumar, em plena bomba, em clara violação dos sinais que explicitamente proibiam o uso de tabaco naquele local. Não me contive e saí do carro furibundo, embora tenha sido delicado pela maneira como me dirigi à dita mulher, lembrando-lhe a proibição. E que respondeu a criatura? que "sabia que era proibido", rematando com um "não se preocupe", assim como quem diz "não tens nada a ver com isso". Ainda lhe disse que sim, preocupava-me e muito, o gesto dela era um perigo, e por aqui me fiquei. Arrependi-me depois, já que tal inconsciência ou estupidez merecia uma reprimenda bem mais feroz, mas já era tarde para voltar à carga.
Reparei entretanto que no banco do passageiro havia uma cadeira de criança. Se estava lá uma, poder-se-ia compreender em primeira análise que não quisesse que o fumo se espalhasse dentro do carro. O problema é que o exterior não era o local indicado para espalhar cinza ou faúlhas. O que a criatura não podia ter feito nunca era pôr-se a fumar na fila do posto de gasolina. Com uma displicência de bradar aos céus, ou neste caso, de ir pelos ares.
Bem podem impôr leis anti-tabagistas à vontade. O problema não se resolve por aí. Antes de mais há que obter uma cultura de civismo que não permita situações destas, a pior face do habitual "deixa andar" luso. E aí sim, discutamos e coloquemos as interdições onde elas façam sentido. Até lá, tudo mais é palha.
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