quinta-feira, outubro 07, 2004

C-E-N-S-U-R-A

O que se passou nos dois últimos dias é demasiado grave para omitir uma opinião. Já era mau que o Ministro Gomes da Silva (o "moço de fretes" favorito de Santana Lopes, e o primeiro nome que vem à cabeça quando se fala de "Santanistas") andasse a pressionar a AACS para aplicar o "princípio do contraditório", termo jurídico erroneamente chamado ao caso, relativamente aos comentários de Marcelo Rebelo de Sousa na TVI sobre a ponte de 4 de Outubro - comentários esses perfeitamente pertinentes sob o meu ponto de vista. Mas o facto de Marcelo se ter hoje desligado da sua actividade de comentador do canal privado sem mesmo dar a resposta dominical a Gomes da Silva, a falta de explicações de fundo para a saída, e para mais com as ulteriores críticas à actuação do governo por parte do marcelista Marques Mendes levam a crer, sem a menor dúvida, que as pressões governamentais deram resultado. Existe mesmo a desconfiança de uma possível "chantagem" negocial com o "patrão" da TVI, Paes do Amaral, personagem que, pelas declarações que proferiu, em especial numa entrevista dada ao Expresso, não hesitará em atirar para trás das costas certas regras de conduta em nome da eficácia negocial.
Se algum contraditório fosse desejável, o governo deveria utilizar os seus porta-vozes e os seus assessores para a comunicação social, e não manipular, de foma autoritária e ilegal, a Alta Autoridade. A única diferença entre o que se passou hoje e casos semelhantes nos tempos do Estado Novo é que agora há a possibilidade de se insurgir e reclamar contra tais arbitrariedades. Mas a conduta do governo tem um nome, e esse sabe-se bem qual é.

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