Do fim do nosso Mundial falarei mais tarde, bem como de Figo. Mas agora,a poucas horas do fim, quero apenas acabar o dossier da minha ida ao evento com a descrição breve do ambiente no jogo Portugal-Irão. Já lá vai há uns tempos, eu sei, mas já tinha prometido falar nisso, portanto aqui fica.
Desde logo, a facilidade de transportes desde o centro de Frankfurt até ao recinto, em metro directo. Quem não tivesse a percepção da sua localização estranharia ao não vê-lo ali ao lado, mas é preciso dizer que o Waldstadion fica mesmo rodeado por um espesso bosque, com uma extensa alameda até aos seus portões. Nada que saber.
Lá dentro, uma temperatura agradável. Um estádio coberto e com ecrãs suspensos a meio, coisa que nunca antes vira ao vivo. E milhares de iranianos, muitos mais que os lusos, embora não tão exageradamente superiores em número como um jornal quis fazer crer, ao dizer que "aos cânticos iranianos nem valia a pena tentar resistir". Em muitas bandeiras era visível o leão coroado do tempo da dinastia Pahlavi.
E depois as entradas dos jogadores. O hino, sempre um momento de orgulhosa emoção. O apito inicial, as correrias dos nossos jogadores, as belas jogadas, os remates infrutíferos, as contínuas tentativas. Depois, o intervalo,a espera, o nervoso miudinho pelo 0-0 confirmado nos ecrãs. Numa pequena volta, reparar que há ainda inúmeros adeptos alemães, japoneses, ingleses, escoceses, coreanos e mexicanos, com penas de pavão seguras em armações com motivos aztecas.
Recomeço do jogo. Novos remates,novas jogadas, o primeiro perigo esboçado pelos persas. E de súbito, Figo a correr, a passar a Deco, e este a fuzilar para o magnífico golo! Euforia total, o "já está" próprio destas ocasiões, e os incentivos ao tento da tranquilidade. E ao "ponham-se a brincar, ponham", quando o Irão quase marca.
Nova jogada de Figo e...penalty. Ao longe pareceu-me fora da área, mas é mesmo dentro. O miúdo Ronaldo respira fundo, olha para a baliza e concretiza. Aquela expressão de triunfo irrompante, que todas as TVs passaram a seguir foi bem visível nos ecrãs.Talvez a imagem marcante do jogo. Depois, o controlo normal, o desânimo do Irão, as substituições para queimar tempo e para os aplausos. e o apito final. vitória, a Selecção está nos oitavos! Os iranianos, tão eufóricos no início, perderam muita da animação: o jogo com Angola é para cumprir calendário.
Já a saída dos portugueses é retardada pela música de fundo, que espalha a Força, de Nelly Furtado. E é o delírio, com os patrícios a entoarem a música em coroe a agitar as bandeiras. A banda sonora perfeita para a vitória.
E lá fora a multidão, as Televisões de vários países, como a coreana, a perguntar-nos a opinião ,e a SIC, rodeada do habitual círculo de tugas, em que um mais ponderado lá diz que é difícil mas que "estamos com a selecção", enquanto os outros não cessam de gritar que "somos os maiores, vamos ganhar o Mundial!". O costume, nas euforias. Antes do regresso à cidade propriamente dita, de metro, a tempo de ver um excelente Gana-República Checa, e rodeados de dezenas de iranianos, de resto uns tipos impecáveis e afabilíssimos.
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