A retirada do Pai Guerra
Nos anos que passei na faculdade conheci inúmeros professores, alguns dos quais já com alguma notoriedade, e outros que viriam a alcancá-la. Havia porém uma figura que marcava toda a vida académica, alguém que parecia omnipresente, que estava umbilicalmente ligado áquela instituição.
Francisco Carvalho Guerra, o "Pai Guerra", projectou e criou a Universidade Católica no Porto, desde as exíguas instalações da Torre da Marca até aos dois modernos pólos hoje existentes. Lembro-me particularmente de uma assembleia geral de estudantes a pedir a demissão do reitor da UCP na altura, Isidro Alves, que pretendia afastá-lo do seu cargo. E de uma manifestação por ocasião de uma visita de D. Ximenes Belo com o mesmo intuito. Mas Carvalho Guerra permaneceu no lugar, ostentando o mesmo ar bonacheirão e paternal, e o infindável entusiasmo contido. Até ontem, dia em que se despediu entre um coro de emoções e elogios de todos os quadrantes, a acabar no Cardeal Patriarca. Imaginar o "Pai Guerra" na reforma é coisa de difícil hábito e que requer esforço mental sobre-humano.
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