Já tinha visto a evocação do 25 de Abril ser feita por neonazis e skinheads, com o pretexto da sua liberdade de expressão (oral e bélica). Ontem, no próprio dia, estando em Lisboa, resolvi passar na FNAC do Chiado. Chegado aos Grandes Armazéns deparei-me com imensa balbúrdia que subia a rua do Almada, sob a filmagem dos inúmeros telemóveis. Uma data de jovenzinhos, alguns com pronúncia espanhola, de cabelos pintados e de aspecto sebento, manifestava-se com impropérios contras a polícia de choque. Perguntei a um dos ditos indivíduos o que é que se passava. Resposta: "passa-se que a polícia anda a bater na malta de esquerda". Nem era necessário perguntar: as bandeiras rubro-negras com o "A" anarquista já diziam tudo. A "malta de esquerda", ainda que com cravos na mão, queria divertir-se a partir montras, ou, na melhor das hipóteses, a pintar tags nas mesmas. Azar o deles: existem regras no país e forças da autoridade que as fazem cumprir. Estranhamente, evocavam o 25 de Abril, como razão para todo aquele desfilar de andrajos e insultos folclóricos, que para eles é "liberdade". O mais provável é que nem nunca tivesse ouvido falar de Bakunine.
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Claro que não fiquei lá muito tempo, até porque para esta malta qualquer pessoa que tome banho mais do que uma vez por semana é potencialmente fascista, e desci à FNAC, onde reinava uma placidez em tudo contrastante com a balbúrdia exterior, que permitia a pessoas como Pedro Mexia escolher tranquilamente livros na secção de política.
Pobre 25 de Abril, tão vilipendiado e invocado pelas piores razões! Merecia melhor sorte do que a de ser usado pelos extremistas locais.
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