quinta-feira, abril 26, 2007

25 de Abril em 2007


Já tinha visto a evocação do 25 de Abril ser feita por neonazis e skinheads, com o pretexto da sua liberdade de expressão (oral e bélica). Ontem, no próprio dia, estando em Lisboa, resolvi passar na FNAC do Chiado. Chegado aos Grandes Armazéns deparei-me com imensa balbúrdia que subia a rua do Almada, sob a filmagem dos inúmeros telemóveis. Uma data de jovenzinhos, alguns com pronúncia espanhola, de cabelos pintados e de aspecto sebento, manifestava-se com impropérios contras a polícia de choque. Perguntei a um dos ditos indivíduos o que é que se passava. Resposta: "passa-se que a polícia anda a bater na malta de esquerda". Nem era necessário perguntar: as bandeiras rubro-negras com o "A" anarquista já diziam tudo. A "malta de esquerda", ainda que com cravos na mão, queria divertir-se a partir montras, ou, na melhor das hipóteses, a pintar tags nas mesmas. Azar o deles: existem regras no país e forças da autoridade que as fazem cumprir. Estranhamente, evocavam o 25 de Abril, como razão para todo aquele desfilar de andrajos e insultos folclóricos, que para eles é "liberdade". O mais provável é que nem nunca tivesse ouvido falar de Bakunine.
Claro que não fiquei lá muito tempo, até porque para esta malta qualquer pessoa que tome banho mais do que uma vez por semana é potencialmente fascista, e desci à FNAC, onde reinava uma placidez em tudo contrastante com a balbúrdia exterior, que permitia a pessoas como Pedro Mexia escolher tranquilamente livros na secção de política.
Pobre 25 de Abril, tão vilipendiado e invocado pelas piores razões! Merecia melhor sorte do que a de ser usado pelos extremistas locais.

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