A estranha escolha de Paulo Rangel
Paulo Rangel é um jurista com uma carreira sólida, conhece bem o direito internacional (matéria que leccionou) e comunitário, é um bom tribuno e conhecerá como poucos as grandes questões europeias, sobretudo no que à justiça dizem respeito. É além do mais alguém que pensa pela sua própria cabeça, tanto quanto o seu cargo lhe permite. A sua fulgurante ascensão na política não terá deixado indiferente Rui Rio, que vê o seu antigo conselheiro ultrapassá-lo em notoriedade política, e que por isso mesmo tentou pôr Marques Mendes como cabeça de lista do PSD às próximas eleições europeias. Rangel tem ainda a invejável condição de não ser um ex-jota laranja ou um boy acomodado. E o confronto com Vital Moreira, constitucionalista de outra geração, será certamente excitante. Mas não deixa de ser estranho que meses após o convidar para dirigir a tribuna social-democrata na Parlamento, Manuela Ferreira Leite o alcandore agora a primeiro dos eurodeputados. Com tantas opções no seu partido (entre os quais Marques Mendes, precisamente), apostar um mesmo trunfo para duas funções diferentes - e incompatíveis - no espaço de um ano parece táctica desconexa da líder laranja. Talvez uma tentativa de se afirmar, lançando um nome conotado consigo, mas que corre o risco de abrir ainda mais brechas no PSD. Espera-se agora os seguintes nomes da lista, para que se possa falar do que importa.
2 comentários:
Para mim o mais estranho nem é isso. Recordo-me bem dos seus tempos de identificação com o PP anti-europeísta do Monteiro e do Portas, com idas a Congressos do PP e tudo. Foi nessa altura que o PP foi expulso do PPE.
Tenho ideia que a razão da saída de Rangel do PP se deveu exactamente ao eurocepticimso da altura. O facto de ser assistente de Lucas Pires também deve ter contribuído para isso.
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