Semana ocupada
Fazer mudanças é sempre complicado, mas fazê-las de um lugar que está associado à nossa memória de sempre e à nossa infância mais remota, lembrando-nos amargas recordações recentes, é ainda pior. Emalar, desembrulhar, transportar, carregar, separar e rearrumar, todo um ritual de gestos e cuidados que moem física e psicologicamente. Cada pequeno objecto traz-nos uma recordação; outros há que nunca vimos e que nos revelam toda uma vida, como se fosse a exploração envergonhada de um diário íntimo que ficou fechado anos a fio numa gaveta. Mas o seu destino, antes mais modesto, vai-se enriquecendo a pouco e pouco. Os livros, esses, têm seu próprio espaço há muito delineado. Coisas que jamais imaginara, autores esquecidos como Francisco Costa ou Manuel Ribeiro, edições raras de Pascoaes, livros ideológicos do integralismo ao marxismo, coisas germanófilas dos anos quarenta, livros do e sobre o Eça, manuais de direito e de agricultura, a enorme História da Administração Pública, policiais, biografias (Maquiavel, Lenine, Albuquerque), etc, etc, etc. Um bom exercício de bibliotecário, de arrumação e catalogação, espera-me nos tempos mais próximos. Hélas, aos soluços.
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