Protegendo a embocadura do rio Minho, dominado pelo galego Monte de Santa Tecla, equidistante de duas costas, mas indubitavelmente portuguesa, a Ínsua cumpriu, ao longo dos séculos, a sua função de convento, fortaleza e farol. Hoje é uma curiosidade para os turistas (que tanto vandalismo lhe fizeram) que apanhem um barco para lá, já que as correntes do Minho só aos nadadores de elite permitem que a alcancem à força dos braços. As muralhas estão em perfeito estado de conservação, mas as casamatas são semi-escombros e o convento está meio arruinado. Os azulejos da capela há muito foram roubados e resta o pequeno claustro, com um mínimo de dignidade, além da mina de água doce, que poucos encontram. Tal é o estado actual da fortaleza setecentista que defendeu Portugal nos combates com os vizinhos da Galiza e que impediu os exércitos franceses a mando de Soult atravessassem logo ali para Portugal (os poucos que o conseguiram perderam-se no pinhal do Camarido e foram presa fácil para os pescadores locais). Tiveram de dar a volta e só atravessaram em...Chaves.
Diz a vox populi local, e comprovam-no os factos, que de cinquenta em cinquenta os movimentos de mares e de areias transformam durante alguns dias a Ínsua numa península. Da última vez que deveria ter acontecido, no Verão de 2001, a coisa ficou a meio, mas sempre se chegava lá a pé com água pela cintura. Já lá tinha ido algumas vezes de barco, pelo que a sensação de atravessar o canal a pé foi inédita; era ver dezenas e dezenas de pessoas a fazer o mesmo, numa marcha de banhistas que dificilmente alguma outra época teria repetição.
A verdade é que noutras eras atravessava-se para a ilha a pé enxuto, e a comprová-lo estão as fotografias que se podem ver nas paredes do Palma, um dos mais populares bares/restaurantes de Moledo. Em 1947 a Ínsua converteu-se brevemente em península, e organizaram-se marchas e procissões para lá ir.
Mas a sua natureza é insular, como o comprova o nome, tornou-se um ex-líbris da região e deu o nome a um conhecido clube de Moledo (fundado entre outros por António Pedro da Costa). Já se pensou em convertê-la em resort, mas o difícil acesso, e as condições precárias no Inverno, aliadas ao mar que por vezes bate nas muralhas do forte, tornam a empresa incomportável. Antes assim. Continuará a ser a sentinela solitária do Minho, com a ajuda do seu farol, e dará sempre um toque único ao cenário de uma das mais belas praias à face da Terra.
Um comentário:
É BONITO
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