O Benfica da época 2011/12 continua a deixar-me sentimentos ambíguos e confusos. Parece-me que está claramente a melhorar, e que há mais soluções, mas continuo a desconfiar de tanta contratação e a desanimar com tão escasso número de portugueses, em tempos que já lá vão ponto de honra do clube.
A saída de Coentrão seria de evitar há uns meses, mas com tanto assédio e com a cabeça do rapaz das Caxinas em Madrid, a ida para os merengues em troca de 30 milhões de Euros não é nada má. Já a saída de Moreira é de torcer o nariz; de Nuno Gomes já falei, e vamos a ver se Carlos Martins fica ou se procura trabalho na Moscóvia. De resto, houve uma limpeza da comunidade brasileira mais ociosa que me parece satisfatória. Mas o idioma luso tem agora de rivalizar com o castelhano. Bem sei que os tempos são diferentes e que é quase impossível conservar uma equipa de qualidade só com portugueses, mas que Diabo, há limites! não se podia apostar um pouco mais na formação? É que as políticas contratuais actuais (não só do Benfica, entenda-se) vão-se repercutir, cedo ou tarde, na Selecção Nacional...
O entrosamento não se compra, vai-se fazendo com paciência. O Benfica deste ano terá de tê-la em abundância. Entretanto, despachou-se Roberto com um negócio duvidoso (eu preferia o empréstimo), mas resolveu-se o problema com um seguro Artur e um Eduardo que quer manter o seu lugar na baliza nacional, o que dada a concorrência, não será fácil. Temos também um jovem Mika, cuja qualidade desconheço. Gostaria de saber onde vão jogar Júlio César e Oblak.
Na defesa, a melhor notícia é a permanência de Luisão. Garay parece ser uma das boas contratações da época, e Jardel e Miguel Vítor são bons suplentes. Mas a saída de Coentrão parece complicada de colmatar. Capdevilla, campeão mundial no ano passado, parece ser uma excelente solução (aliás, surpreendeu-me muito), pelo menos enquanto a concorrência está verde, mas ignora-se qual a forma física actual do internacional espanhol. Mas interrogo-me se seria mesmo preciso trazer emerso, quando havia Carole e César Peixoto.
Depois, o povoado meio-campo. Outro jogador cuja vinda parece supérflua: Bruno César. Encosta Carlos Martins ao banco e precisará de tempo para adquirir rotinas. É muito promissor bem sei, mas não impede que tenha as minhas dúvidas. Outro que precisa de se ambientar e de ganhar ritmo é Enzo Perez. O seu antecessor, Salvio, também precisou, e se o reforço atingir o mesmo nível, é aposta ganha.
Como que a demonstrar que os reforços europeus precisam de menos tempo do que os sul-americanos para se integrarem e compreender o jogo, Witsel chegou, viu, e aparentemente venceu. Nolito também, e com três golos em outros tantos jogos, já é um ídolo dos adeptos. Com a manutenção de Gaitan, Saviola, Jara e do mágico Aimar, mais o regresso de Urreta (enfim!), a coisa está mais do que composta na construção de jogo e nas alas. Resta portanto o imbróglio Cardozo, que parece estar insatisfeito. O Besiktas acena com uns milhões e Hugo Almeida, mas tendo em conta a média de golos do internacional português, a troca seria certamente desfavorável para o Benfica. Nelson Oliveira e Rodrigo ainda são verdes para agarrar o lugar.
Fiquei com razoável/boa impressão nos jogos com o Trabzonspor, salvo na finalização, onde surge de novo o problema do ponta de lança. A equipa do Ponto ficou em segundo lugar, ex aqueo com o primeiro, no seu campeonato, e reforçou-se significativamente, recordemos. A única coisa que tive realmente pena foi não poder ir ver lá o Benfica, já que aquela região do Mar Negro e do antigo Império de Trebizonda era um dos meus motivos de interesse de viagem...
Contra os gunners, na Taça Eusébio, deu para ver que a equipa, com os seus titulares habituais, é fiável e até marca golos. Mas a construção continua a ser bastante superior à concretização. Confirma-se que é matéria a rever. Para já só se têm como certezas que as melhores contratações até ao momento foram Garay, Nolito e Witsel.
Veremos daqui a dias, em Barcelos, como correm as coisas.
PS: para começar, Barcelos desiludiu. Recordou-me a Póvoa do Varzim, ali perto, há dez anos, com um marcador exactamente igual, só que na altura reduzidos a nove. Falhar golos de baliza aberta dá nisto (e aquele Laionel deve entusiasmar-se à brava em jogos contra o Benfica).
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