Tesouros inesperados 2
Podem-se encontrar tesouros de grande valor material, ou então outros que não sendo tão comparáveis à caverna de Ali Babá, oferecem uma perspectiva comercial (ou estética, ou museológica) interessante, como os referidos no post anterior. E ainda há os que, a despeito do seu valor em dinheiro, ainda espantam pela sua utilidade, ao fim de anos e anos de protecção.
Houve uma notícia do ano passado que me deixou a sorrir pela perenidade de certos tesouros. Nas profundezas do mar Báltico, entre a Suécia e a Finlândia, uma equipa de mergulhadores descobriu um navio afundado, contendo uma carga de garrafas protegidas por trapos. Desarrolhadas, revelaram um champanhe de primeira ordem, que depois de várias amostras, e por não ser possível identificar o rótulo, se provou ser da Veuve Clicquot. Mais ainda, seriam uma oferta de Luís XV (ou XVI, depende do ano do naufrágio) a Catarina a Grande, da Rússia, o que só aumenta o valor da descoberta. Ao que parece, a temperatura ambiente a escassa luminosidade permitiram que a bebida se conservasse em perfeito estado. Assim, as garrafas com o néctar permaneceram intactas no fundo do Báltico sem que nunca tivessem chegado ao destino. Dificilmente chegarão, porque a carga, pela sua propriedade, deve pertencer a França, a não ser que algum dos habituais multimilionários russos compre alguma garrafa, o que é bem possível.
É verdade que descobrir preciosidades em ouro e pedras preciosas deve ser emocionante. Mas e descobrir uns invólucros com um líquido desconhecido dentro? À primeira ideia não parece ser grandemente divertido. Mas saber-se depois que é um champanhe do século XVIII, da melhor categoria e perfeitamente conservado talvez cause alguma emoção. Fica a dúvida se quereria uma gratificação monetária pela descoberta ou se preferia ficar com algumas garrafas em proveito próprio, que se não fosse um naufrágio naqueles mares tempestuosos, estas primeiras amostras de Veuve Clicquot teriam sido consumidos por boiardos russos e amantes da imperatriz.
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