domingo, julho 19, 2015

Elefantes a banhar-se no "rio do esquecimento"


A imagem dos elefantes a banhar-se pachorrentamente no rio Lima, como se fosse no Ganges, diverte pelo sei ineditismo. O que à partida parece ser uma montagem é afinal bem real, graças aos tratadores do circo Cardinalli que por estes dias anda por Ponte de Lima. E junta-se assim a mais antiga vila portuguesa, com os seus solares, o seu vinho verde e a sua ponte secular, ao animal que representa a Índia que por tantos séculos esteve tão ligada a Portugal (sem esquecer que muitos representantes da espécie desembarcaram no Porto de Lisboa).
Não deixa de ser curioso pensar que os elefantes são também conhecidos pela sua enorme memória. Lobo Antunes lembrou-se desta característica para baptizar o seu primeiro romance, e há um conhecido anúncio na televisão a um comprimido para a memória que usa igualmente os paquidermes como exemplo. Ora o Lima era conhecido como Letes pelos romanos, que o associavam ao mítico rio do esquecimento com o mesmo nome. A lenda é conhecida, e a travessia de Décimo Júnio Bruto ajudou a que se desvanecesse o medo de que quem atravessasse aquele curso de água em plena Gallaecia esquecer-se-ia de tudo. Ninguém perde a memória por atravessar o rio Lima, mas caso subsistisse o mito, nada melhor do que elefantes e a sua memória para o fazer cair.




(Fotografias de José Costa Lima)

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