quinta-feira, setembro 28, 2017

Catarina Portas e o Livre, uma hipotética candidatura para Lisboa


A campanha das autárquicas caminha para o fim. Temo-nos debruçado sobre o que se passa em Lisboa e Porto. Observemos a capital: um sem número de candidatos, de todos os partidos e coligações possíveis, que só não ultrapassa Oeiras em número de candidaturas por aí haver três listas "independentes". Em Lisboa há várias senhoras na luta, a começar por Assunção Cristas, do CDS (mais PPM e MPT) e Teresa Leal Coelho, a escolha tardia do PSD. Há ainda a candidata do PAN e a frenética Joana Amaral Dias, que avança desta vez pelo Nós, Cidadãos, numa das escolhas mais estranhas destas autárquicas, sendo que ela provém da esquerda radical e o movimento tem a encabeçá-lo elementos ligados aos sectores monárquicos.

Mas talvez ainda houvesse espaço para mais uma candidata. Reparei que Fernando Medina, além de ser apoiado, obviamente, pelo PS e pelos movimentos de Helena Roseta e Sá Fernandes (já agora, o que será feito deles?), conta também com o apoio do Livre. Bizarro, numa câmara longe de ser transparente, mas pode ser nova tentativa do movimento de Rui Tavares de conseguir futuras alianças com o PS à esquerda, caso a "Geringonça" gripe. E talvez o Livre tivesse outras opções melhores.

Aqui há ano e tal, numa extensa entrevista ao Público, Catarina Portas criticou várias escolhas da actual CM de Lisboa. Depois de elogiar opções passadas de António Costa, considerou Fernando Medina "uma desilusão", que Lisboa estava "num momento crítico", com um decréscimo da "qualidade da vereação" e com uma "preponderância do urbanismo", cujas opções "não eram as mais inteligentes a longo prazo". E reafirmou-se tendencialmente mais de esquerda, ainda que diferente da que fora do irmão Miguel Portas.

Se o Livre estivesse para aí virado e tentasse um golpe de audácia, e caso Catarina Portas se resolvesse a experimentar a política autárquica, seria uma candidatura alternativa interessante. Ao contrário de Amaral Dias, Portas não chama freneticamente as atenções nem procura o mediatismo como um fim em si mesmo, e tem um projecto interessante e coerente baseado no artesanato e na produção portuguesa dos últimos cem anos. Sendo conhecida do grande público, e com os quiosques, A Vida Portuguesa e os recentes programas televisivos sobre marcas portuguesas tradicionais a trazerem ainda mais atenção, talvez conseguisse votos suficientes para ser eleita vereadora e ter alguma actuação na câmara de Lisboa. Nesse caso, ficaria a curiosidade de ser a terceira Portas a candidatar-se à capital, sendo que Nuno Portas chegou a ser uma forte hipótese para o PS em 1989, que, como se sabe, acabou por avançar vitoriosamente com Jorge Sampaio em coligação com o PCP. Para isso, seria preciso que ultrapassasse as suas hesitações, que como se vê pela entrevista, eram imensas. E que o Livre pelo menos tentasse, em lugar de se juntar a Medina. Eis uma boa oportunidade desperdiçada, e uma hipotética candidatura que seria mais interessante do que a maioria das que são apresentadas aos lisboetas.
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