Sábado à tarde entretive-me a ver a final do Mundial de Clubes, que, como habitualmente, contou com os representantes da Europa e da América do Sul. Vitória natural do Real Madrid sobre o Grémio de Porto Alegre, com um ainda mais natural golo de livre de CR7, a conquistar o ceptro mundial (e ainda lhe anularam inexplicavelmente outro tento). A equipa gaúcha revelou-se uma desilusão, a anos-luz do excelente Grémio de meados dos anos noventa, com Jardel, Paulo Nunes, Adilson e restante esquadra comandada por Scolari. Só o central Geromel, que até passou os primeiros anos da carreira em Chaves e Guimarães, se destacou da mediania-menos.
Bem menos natural do que o triunfo da multinacional desportiva sediada em Madrid é que numa final em Abu Dhabi, nos Emirados Árabes Unidos, apareçam nas placas comerciais à volta do relvado anúncios da Qatar Airways, rival da Emirates, a companhia aérea daquele território (e autêntico embaixador e reserva económica). Ainda por cima a Qatar é patrocinada por um estado que está de relações cortadas com os Emirados e até sofre por parte destes e dos seus aliados um bloqueio económico. É tão bizarro como ver anúncios a uma companha cubana na final da Super Bowl. Seria uma provocação ao Real Madrid (a Qatar Airways patrocina o Barcelona)?
Dizem-me que afinal a transportadora qatari é uma das patrocinadoras da FIFA. Talvez assim se compreenda: a grande organização do futebol mundial é de tal forma poderosa que consegue romper bloqueios e tensões internacionais e impor publicidade em países que tanto por razões políticas como económicas certamente a não desejariam. E assim fica um exemplo eloquente de como uma organização mundial não-governamental tem mais influência e poder do que muitos estados, mesmo os mais endinheirados.
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