Não tenho falado muito de bola aqui, e não admira. Com o Benfica a fazer uma época tão modesta e apagada, as minhas atenções futebolísticas voltam-se para os relvados estrangeiros. Mas vale a pena recordar o que têm sido os disparates acumulados nos últimos meses para evitar repetições nos próximos anos.
O Benfica do ano passado já não era uma coisa fabulosa, com jogadores que não renderam o que se esperava, como Rafa e Carrillo, mas servia para vencer o campeonato, como aconteceu, e justamente. Este ano, venderam-se Lindelof, Semedo, Ederson e Mitroglou sem que nenhum dos seus lugares fosse devidamente preenchido. Percebo que o Benfica precise de fazer dinheiro para diminuir o volume de dívida e que tenha de aproveitar as chorudas ofertas que vêm da Premier League e de outros campeonatos abonados. Mas que tenha um pouco de tino no momento de contratar novos jogadores para os lugares em falta. O exemplo da tentativa de substituir Nelson Semedo é ilustrativo: cinco jogadores foram já utilizados no lugar, além dos que foram contratados para a mesma posição e nem sequer entraram em campo, e ao fim e ao cabo, é o "bombeiro" André Almeida que preenche o lugar, nem sempre com bons resultados.
O problema é que os resultados foram ainda piores que os esperados. A (falta de) performance na Europa é aterradora, dando-nos a pior época de sempre, com humilhantes zero pontos, apenas ao alcance das mais medíocres equipas que jogaram por sorte na competição, fazendo do Benfica o pior cabeça de série da história da competição. Para além da vergonha, do dinheiro que se perde e da queda expectável nas tabelas das melhores equipas da Europa, era particularmente importante fazer uma carreira decente este ano nas competições europeias depois da campanha lançada pelos departamentos de propaganda de Porto, sobretudo, e do Sporting (logo a seguir aos responsáveis destas entidades terem reatado relações meio às escondidas). Seria a melhor resposta a uma campanha em tudo poco clara, mas infelizmente correu tudo ao contrário.
Agora fala-se da entrada de novos jogadores e da saída de outros, como os fiascos "Gabigol" e Douglas (este nem chega a sê-lo, de tal forma estávamos avisados da sua fraquíssima aptidão a defender, o que o torna num novo Okunowo, que jogou no Benfica nas mesmas condições, ou num novo Dudic), o que mostra bem a péssima preparação da época, que nem em cima do joelho deve ter sido feita. O campeonato corre menos mal, mas o Benfica está também fora da Taça de Portugal, embora com bastante infelicidade à mistura, diga-se, e não está muito bem na Taça da Liga. Mesmo com mais folga, dificilmente alcançaremos o tal "penta". E diga-se em abono da verdade, não o merecemos muito. Melhor seria começar já a preparar a próxima época, aproveitando alguns dos bons valores do Seixal que jogam na equipa B, além de Rúben Dias.
Mas já que falei em jogadores de saída, não posso deixar de referir um que merece uma palavra: Júlio César. O veterano guarda-redes brasileiro é dos jogadores com mais títulos de sempre no futebol mundial - só lhe faltou mesmo a Taça do Mundo em selecções - e nos três anos que jogou na Luz sempre defendeu a camisola do Benfica com honra e profissionalismo, até as condições físicas o permitirem. É daqueles jogadores que vejo sair do clube com pena. E nas suas despedidas, o guarda-redes também parece já saudoso. Um abraço, Júlio César.
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