sábado, abril 07, 2018

A overdose de encómios a Manuel Reis


Passada a Páscoa, voltemos ao quotidiano. Das coisas mais exageradas que vi nos últimos tempos foram as laudes a Manuel Reis, como se ele tivesse inventado algo que melhorou incrivelmente a vida da humanidade. Na realidade, alguma elite d Lisboa - cultural, económica e jornalística, como se depreendeu pelo amplo destaque nos jornais - julga-se A própria humanidade, e isso justifica todas as parangonas e artigos a recordar o grande dinamizador da movida lisboeta. Era decerto alguém com imenso talento e iniciativa, e inegável mérito, que fazia acontecer coisas, mas haja alguma moderação. O Luz é uma fantástica discoteca numa fantástica localização, o Rive Rouge tem a sua piada, e nunca cheguei a ir ao Frágil (até pela diferença geracional que me separa dos seus apaniguados e frequentadores), nem ao Teatro Thalia nem ao Papa Açorda original (este por uma arreliadora coincidência, e a oportunidade gorou-se), pelo que não posso testemunhar toda a obra e legado de Reis. Só que todas essas criações não foram exactamente a chegada à Índia. Acreito que muitos tenham sentido a sua falta, mas dizer que ele "mudou o país" é um bocadinho demais. Ou acharão que em Bragança, no Faial ou em Mértola  - ou até mesmo nos arredores de Lisboa - a sua obra mudou minimamente a vida das pessoas? João Miguel Tavares tem toda a razão no artigo que escreveu para o Público sobre isto mesmo. Destaque para a incrível comparação com Salgueiro Maia (!).

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