quarta-feira, janeiro 30, 2019

A nomeação de 10 de junho


Intrigou-me um pouco a nomeação de João Miguel Tavares para presidir à comissão das comemorações do 10 de Junho deste ano, que se realiza em Portalegre, terra do jornalista. Mas concordo que seja refrescante nomear uma pessoa mais nova, fora do meio político e académico, embora com mediatismo. E percebi mais ainda quando uma brigada de bem instalados, lapas políticas de carreira ou simples engraçadinhos que não se dignam a explicar ao que vêm, enquanto troçam da escolha, tão típicos de "lesboa" (não confundir com Lisboa) se atiraram de imediato à nomeação. Depois disto, só me resta dar os parabéns a Marcelo - e a Tavares, evidentemente - pela feliz nomeação e desejar que as comemorações corram o melhor possível. O país, Portalegre e os organizadores merecem-no. Já os ditos instalados de "lesboa" merecem-no bem menos.

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segunda-feira, janeiro 21, 2019

Os 100 anos da Monarquia do Norte



Passaram dois dias desde que, há cem anos, era pela última vez hasteada a bandeira de Portugal pré-1910 no Porto, pela Junta Provisória do Reino, chefiada por Paiva Couceiro, naquilo que ficou conhecido como a "Monarquia do Norte". Foram mais de 3 semanas em que o Norte do país, até Aveiro e à Guarda, e com excepção de Chaves, voltou a usar a bandeira azul e branca como pendão nacional e a aclamar o Rei D. Manuel como seu legítimo chefe de estado. Parece pouco, mas teve a aclamação entusiástica de multidões e raramente houve confrontos para que a coroa real voltasse aos mastos das bandeiras. Quando pensamos que o movimento de 31 de Janeiro de 1891, que durou algumas horas e teve muito menos sucesso, é tantas vezes recordado e exaltado, lembremos que a Monarquia do Norte, seguida da tomada efémera de Monsanto, em Lisboa, teve bem mais êxito e raramente é referenciada. Eu sei que vivemos numa república e que cada regime homenageia os seus próprios sucessos. É compreensível. Mas é por isso mesmo que a Monarquia do Norte, os seus bravos autores e o clamor que levantaram, numa época de caos e em que chefes de estado e de governo eram mortos a tiro merecem, ser recordados e respeitados.



sexta-feira, janeiro 18, 2019

Momentos históricos


À entrada da reunião da Comissão Política do PSD, Rui Rio e Luís Filipe Menezes abraçaram-se e trocaram palavras amáveis. Depois disto, como não acreditar na paz entre israelitas e palestinianos e na reunificação pacífica das duas Coreias?

quinta-feira, janeiro 17, 2019

15 anos


Se acham que este blogue tem andado demasiado claro, não se admirem: está em plena idade do armário. Um adolescente confuso e irregular.

Sim. A Ágora completa hoje 15 anos. Para blogue, é mais terceira idade do que adolescência. Seja como for, e esteja na faixa etária que quiserem, tem boas desculpas para estas paragens prolongadas. Não se admirem com elas. Mas volta sempre.

E 15 anos é sempre uma idade bonita para uma coisa destas. Olhem que não há muitas da mesma idade.

segunda-feira, janeiro 14, 2019

O equívoco Mário Machado


A famigerada entrevista de Mário Machado por Manuel Luís Goucha (isto dito assim seria digno de um jornal satírico), além de levantar celeuma pela qualidade do entrevistado, dividiu um pouco as hostes da micropolítica. Parece que pelo facto de alguma esquerda bramir contra a entrevista, alguma direita pespega com exemplos aparentemente equivalentes que tiveram honras de entrevistados ou até de colunistas, como Camilo Mortágua, Isabel do Carmo ou Otelo Saraiva de Carvalho. Nuno Melo, cabeça de lista pelo CDS às europeias, por exemplo, é um dos que cai nessa armadilha, mais digna de conversas de rede social. É que tirando talvez Otelo, pela sua ligação às tenebrosas FP-25, é difícil equiparar Machado a qualquer um dos outros, e muito menos a Mariana Mortágua, que surge à baila. O equivalente directo seriam as redes bombistas dos anos setenta, também com crimes nas mãos, como o da morte do Padre Max (já depois do 25 de Novembro), cujos autores nunca foram punidos nem sequer condenados. Um dos prováveis autores morais, aliás, teve um elogio póstumo do mesmo Nuno Melo, o que talvez ajude a explicar  o esquecimento.

A ver se nos entendemos: Mário Machado não é um político, nem representante de um sector político, tirando uma dúzia de neonazis. É um delinquente e um psicopata, preso por associação a grupos de criminosos e assassinos, posse de arma, ameaças, etc. Ultimamente tem arquitectado planos para dirigir a Juve Leo, depois da bela operação  criminosa que as cúpulas da claque sportinguista protagonizaram, e de uma facção de motards, Los Bandidos, não  exactamente conhecidos  por actos de beneficência. Talvez a indignação de alguma esquerda por lhe darem a palavra, desde que não lance mensagens de ódio, seja contraproducente e oportunista. Mas a defesa, ou pelo menos a ausência de crítica de alguma direita, fazendo equiparações abusivas, dá a impressão de que tolera Machado, ou que não se incomoda grandemente com ele, passando a ideia de que ele é o radical do "seu lado". Dar importância política a quem tem somente importância criminal, eis o profundo erro dos que recordam eventuais equivalências do outro espectro.

Mas há ainda outra aspecto esta história toda que me deixa espantado: é a pergunta "acha que faz falta um novo Salazar", e sobretudo que Mário Machado ache que sim, É que com o currículo de desordeiro que tem, o mais provável é que no tempo de Salazar ele fosse posto na masmorra ainda mais anos.
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domingo, janeiro 13, 2019

O momento do Benfica


Bem sei que tenho andado ausente neste início de 2019, mas tinha mesmo de voltar a escrever aqui sobre um assunto grave, e a que já devo uns dias: o actual momento do Benfica. Na verdade estou para falar disso há semanas, mas como os primeiros dias trouxeram a demissão de Rui Vitória, achei por bem esperar mais um pouco.

É verdade que já defendi vigorosamente Rui Vitória. Sempre o achei simpático, até porque raramente caía na arrogância e no desrespeito alheio em que o seu meio é fértil, agarrou a equipa num momento complicado, o pós-Jorge Jesus, com a saída de vários jogadores e o reforço de Sporting e Porto, levando o Benfica a uma excelente época, seguida de outra em que conquistou a "dobradinha", e lançou inúmeros novos valores "fabricados" no Seixal, a grande mácula de Jesus.

Mas a qualidade de jogo, progressivamente, decaiu, até à tortura que era ver o Benfica desta época, já sem a desculpa da falta de investimentos; no ano passado essa desculpa ainda passava, mas não apaga a hedionda temporada europeia, com zero pontos e 100% de derrotas no total dos jogos, ainda para mais com adversários como CSKA de Moscovo e Basileia, não exactamente tubarões.

Depois dos desaires no campeonato e na certeza de que o Benfica não iria aos quartos da Liga dos Campeões, após mais alguns jogos pífios, e com o descontentamento dos adeptos em crescendo, Vieira ainda despediu Vitória, mas depois "deu-lhe uma luz" e conservou-o. Os jogos seguintes, entre goleadas animadoras (Feirense, Braga) e triunfos pela rama, mantiveram-no no cargo, mas a derrota com o Portimonense deu cabo do periclitante situação do treinador. Já não havia volta a dar.

Percebeu-se também que a questão financeira (isto é, a indemnização a pagar) estaria acautelada pelo interesse de um clube árabe, que o Vitória não recusou. Resolvida a saída, houve que tratar da continuidade. Bruno Lage, o treinador da equipa B, a fazer uma boa época, era já cogitado pelos adeptos. Aliás, já quando Rui Vitória estivera "despedido" por horas, tinha-se falado nele, com uma equipa técnica onde também constavam Luisão e Júlio César, que tinham dada por finda a carreira como jogadores. Ao que parece, Vieira não estava lá muito convencido, porque andou (embora agora o negue, com alguma cara de pau) à procura de outros treinadores, como José Mourinho, Leonardo Jardim ou Jorge Jesus. Deste trio só Jardim valeria a pena. Mourinho está insuportável, precisa de parar e de reactualizar para voltar a ser o grande técnico que era, e quanto a Jesus, depois da sua saída, seria um golpe baixo ele voltar em triunfo ao clube. Acresce que também ele já teve melhores dias. Como nenhum deles, ou outro, que se saiba, quis ou pôde vir, ficou Lage. Provavelmente seria a melhor escolha possível dadas as circunstâncias.

Quanto ao plantel, pode-se dizer que no início da temporada era o mais completo do campeonato e que dava todas as garantias, até pela sua extensão. Agora, sabemos, é grande demais, tem alguns jogadores sobrevalorizados, e mais do que reforços, precisa de um emagrecimento. Samaris, que de há uns tempos para cá se limita a distribuir faltas, está em fim de contrato, e qualquer venda em janeiro, fosse por que valor fosse, seria sempre uma compensação e pouparia no seu salário. A situação de Salvio está acautelada, mas por causa das graves lesões ao longo da carreira, o argentino não é o mesmo jogador de há uns anos, e provavelmente a renovação era para ganhar alguma compensação no futuro e não para ver um jogador que custou bastante e é "da casa"sair a custo zero. Já Facundo Ferreira, que veio a peso de ouro, pouco ou nada tem mostrado, e deveria no mínimo ser emprestado; Castillo mostrou ainda menos, mas tem menos minutos jogados. Preferia ficar com este e emprestar o argentino e o seu compatriota Lema, que não se sabe porquê não é convocado e quer mesmo sair. Seferovic, o suíço esforçado mas tosco, tem-se mostrado uma agradável surpresa, e obviamente tem de ficar. Pena que o jovem sérvio Jovic vá definitivamente permanecer em Frankfurt...Corchia, lateral direito que veio emprestado para disputar o lugar (e bem preciso era) com André Almeida, parece padecer de algum problema físico, mas agora é tarde para sair. E Varela, que passou de titular a espectador de bancada, também merecia alguns minutos fora. Deste modo, emagrecia-se a equipa e lançava-se aos poucos novos valores como Ferro, Kalaika, Florentino. Tem a palavra o novo técnico, assim lhe dêem poderes para tal, e que consiga ao menos uma taça, já que o campeonato parece difícil. 

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