segunda-feira, janeiro 26, 2004

Lembro-me bem. Estávamos em meados de Outubro. Os numerosos adeptos começavam a acreditar que o desejado golo estaria por pouco, e recomeçavam a incitar a equipa, desejosos de acabar com o enervante nulo perante uns modestos visitantes da Valónia. Até que naquele minuto, de um grande passe, entrou na área e bombardeou a baliza belga e o seu atarantado guarda-redes. Depois dirigiu-se para a bandeirola de canto, saudando os eufóricos espectadores de forma tranquila e sorridente. O mesmo sorriso que se viu na sua cara antes de tombar.
Protagonizou um conflito que prometia abrir precedentes na justiça desportiva, depois de algum tempo posto de parte. Menos na sua terra Magiar, onde continuou a representar as cores nacionais. Até que o vermelho se tornou o seu destino.
Ontem soube que a sua a sua pretensão tinha sido em grande parte deferida pelas instâncias competentes. A razão estava do seu lado e a sua carreira podia continuar sem sobressaltos. Mas inesperadamente caíu, envergando a camisola vermelha com que combatia, em silêncio, sem um queixume. Um silêncio que não se sentiu depois no imenso anfiteatro, com milhares de vozes entoando o seu nome. Durante algum tempo acreditou-se que voltaria à tona. Não voltou. Era o repouso definitivo do guerreiro.

A Miklos Feher, Miki,desaparecido ás últimas horas deste Domingo, 25 de Janeiro de 2004.

Duvido que algum benfiquista se vá esquecer dele. Eu, pelo menos, jamais o farei. E aquele lindíssimo golo ao La Louviére ficará eternamente na minha memória.

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