É mesmo um dia de sorte! Para além de serem os anos da minha mãe e de finalmente ter tido a resposta de âmbito jurídico por que há tanto esperava, tive a oportunidade de encontrar na Comunicação Social a presença de dois antigos professores meus, por sinal das cadeiras de que mais gostava (Ciência Política e D.I. Público) e tanto um como outro exemplares na difícil arte de leccionar. Um apareceu na habitual crónica mensal do Público, que versava sobre o recente prémio Pessoa, Gomes Canotilho, e a sua consequente e benéfica repercussão na justiça e no mundo jurídico em geral. O outro surgia no programa N-Amadores, da NTV ( hilariante, surreal, único no seu gênero), enquadrado pelo Prof. Hernâni Gonçalves, o célebre "bitaites", e Álvaro Costa, homem de rádio, comentando a birra do "Bilau", o golo do jogador/dirigente de uma agremiação de Gaia,e a paternidade naquele mesmo dia do guarda-redes do Rechousa. Mais do que os comentários do meu antigo Prof. retive os sermões psicológicos dos "misters" no balneário ("Aqui não há táctica nenhuma!", ou "é preciso ganhar para oferecer a vitória ao vosso colega que tá na prisão!") ou os desabafos dos adeptos ("A equipa não joga derivado do estado de antiguidade dos jogadores"-sic).
Até hoje nunca me tinha apercebido que o futebol amador, sem os meios monetários e técnicos do profissional, mas com maior paixão e proximidade entre os seus intervenientes, público incluído, podia ser um espelho tão real da emoção das pessoas e, simultaneamente, das dificuldades e crueza do dia-a-dia. Em muito poucas situações consegui ver uma junção tão cristalina entre a magia e a realidade. Deve ser a isto que se chama "Realismo Mágico", tão presente na literatura, sobretudo a latino-americana, de onde aliás o futebol de rua provém; não certamente por acaso.
Uma coisa é certa: a partir de agora prestarei mais atenção à obra de Gomes Canotilho; e evidentemente não deixarei no futuro de assistir a mais N-Amadores, pelo menos enquanto a NTV pemanecer com o actual formato, o que não deve demorar muito mais.
Das duas intervenções destes meus dois ex- mas saudosos - docentes, qual será a que me marcará mais?
quinta-feira, janeiro 22, 2004
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