Um hit dos Cárpatos
Todos os anos, pela época estival, surge um ou vários hits dançáveis, que se ouvem ininterruptamente durante seis meses, caíndo depois no sub-esquecimento, como é o caso do movimentado Aserejé, daquelas três manas de Córdova, que há dois anos correu mundo.
Não é preciso estar muito atento para se notar que a "bomba" da movida actual é o omniouvido Dragostea Din Tei, autêntico dance kitsch vindo dos Cárpatos. A música é disputada por um grupo romeno, os O-Zone, e uma cantora da mesma nacionalidade, de nome Haiduci. A versão mais ouvida é no entanto a dos primeiros.
O hit tem partes algo amaricadas, uma língua à primeira indecifrável, e um ritmo electrónico algo ridículo; o videoclip da banda é de fugir, com os rapazes, com aquele ar foleiro típico de um país da Europa de Leste que se tenta modernizar à força, a fazer requebros de corpo nas asas de um avião. Cumpre contudo a função, pondo toda a gente a dançar (e o que é mais incrível, a cantar em romeno, ou fazendo por isso), ouvindo-se em toda a parte e a qualquer hora, e, ao que parece, já levou o respectivo disco a mais vendido no país. Também no resto da Europa o sucesso tem sido grande, havendo inclusivamente um vídeo com legos a parodiar o já referido videoclip e seus intervenientes- pode-se ver aqui, é absolutamente imperdível.
Agrada-me no entanto uma situação: a de que por uma vez a música (dançável) do momento não é anglo-saxónica ou "latina" (no sentido hispânico do termo), mas latina (literalmente) vindo do leste, não da Europa central, mas mesmo do Leste, do Mar Negro, quase ás portas da Rússia. Que venha de um país mais à margem da Europa, que luta com inúmeros problemas para um dia alcançar o nível da UE; um país que procura o seu caminho entre castelos vampirescos, montanhas descarnadas, aldeias medievais, cidades descaracterizadas pelos actos de um tirano megalómano, crianças abandonadas e ciganos errantes. Os últimos bons ecos da Roménia devem ter sido a conquista da Taça dos Campeões pelo Steua e a revolução de Timisoara (mesmo assim com rumo sangrento). Ao menos por uma vez vêem-se protagonistas de algo, projectados pela Europa que dança neste Verão sem cessar ao som de Dragostea Din Tei.
Todos os anos, pela época estival, surge um ou vários hits dançáveis, que se ouvem ininterruptamente durante seis meses, caíndo depois no sub-esquecimento, como é o caso do movimentado Aserejé, daquelas três manas de Córdova, que há dois anos correu mundo.
Não é preciso estar muito atento para se notar que a "bomba" da movida actual é o omniouvido Dragostea Din Tei, autêntico dance kitsch vindo dos Cárpatos. A música é disputada por um grupo romeno, os O-Zone, e uma cantora da mesma nacionalidade, de nome Haiduci. A versão mais ouvida é no entanto a dos primeiros.
O hit tem partes algo amaricadas, uma língua à primeira indecifrável, e um ritmo electrónico algo ridículo; o videoclip da banda é de fugir, com os rapazes, com aquele ar foleiro típico de um país da Europa de Leste que se tenta modernizar à força, a fazer requebros de corpo nas asas de um avião. Cumpre contudo a função, pondo toda a gente a dançar (e o que é mais incrível, a cantar em romeno, ou fazendo por isso), ouvindo-se em toda a parte e a qualquer hora, e, ao que parece, já levou o respectivo disco a mais vendido no país. Também no resto da Europa o sucesso tem sido grande, havendo inclusivamente um vídeo com legos a parodiar o já referido videoclip e seus intervenientes- pode-se ver aqui, é absolutamente imperdível.
Agrada-me no entanto uma situação: a de que por uma vez a música (dançável) do momento não é anglo-saxónica ou "latina" (no sentido hispânico do termo), mas latina (literalmente) vindo do leste, não da Europa central, mas mesmo do Leste, do Mar Negro, quase ás portas da Rússia. Que venha de um país mais à margem da Europa, que luta com inúmeros problemas para um dia alcançar o nível da UE; um país que procura o seu caminho entre castelos vampirescos, montanhas descarnadas, aldeias medievais, cidades descaracterizadas pelos actos de um tirano megalómano, crianças abandonadas e ciganos errantes. Os últimos bons ecos da Roménia devem ter sido a conquista da Taça dos Campeões pelo Steua e a revolução de Timisoara (mesmo assim com rumo sangrento). Ao menos por uma vez vêem-se protagonistas de algo, projectados pela Europa que dança neste Verão sem cessar ao som de Dragostea Din Tei.
Um comentário:
não posso deixar de comentar! a música é simplemente horrível, desde o primeiro instante em que a ouvi. Nunca pensei que fosse fazer tanto sucesso...
gostei da descrição da Roménia da sua "ascenção" através deste hit simplemente intragável.
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