terça-feira, dezembro 28, 2004

A colheita best-of 2004

O Natal já passou, mas nunca me importo de dissertar sobre as prendas mais previsíveis, e que por isso mesmo não surpreenderam ninguém pela sua atribuição. Falo não só dos clássicos e eternos pares de meias, de lenços e chocolates, mas sim de uma categoria discográfica muito vilipendiada pela crítica, mas extremamente apreciada pelo público (com este vosso escriba incluído, claro): os best-of, greatest hits, collections, enfim, as colectâneas musicais.
Alguns houve que já eram esperados mais dia menos dia: o de Robbie Williams, por exemplo, um aguardado sucesso de vendas. Também na teen-pop, Britney Spears não esperou por anos mais "maduros" e vá de lançar a sua primeira compilação, de capa a condizer, com minissaia e look presumivelmente sexy. Mas como não prestei grande atenção a este capítulo, deixo a contagem dos demais best-teen aos entendidos.
Durante o ano surgiram algumas colectâneas de grupos interessantes que passaram despercebidas. A dos Tinderstiks, por exemplo, um grupo tão apreciado em Portugal e que colocou as suas melhores canções num álbum que ostentava na capa, pela centésima vez, um burro. Todavia, como o simpático animal já é presença constante entre a banda de Stuart Staples, é justo que figure no respectivo best of. A aproveitar a boleia do Super-Bock-SuperRock (onde desgraçadamente não estive, como lhes dei conta na altura), os Pixies lançaram também a sua mostrazinha de melhores temas, dando-lhe o nome de um dos deles: Wave of Mutilation. Seria presença confirmada na minha discografia não fosse dar-se o caso de já lá constar o mais velhinho Death to the Pixies, que além do mais traz um cd-bónus de um concerto ao vivo na Holanda, em 1990. A registar ainda outros best-of saídos ou no fim do ano passado ou no princípio deste, como o dos Stone Temple Pilots, ou dos Spain.
Já mais cá para o fim de 2004, ou seja, na altura do costume, próximo do Natal, outras bandas semi-esquecidas revelaram o seu melhor. Caso dos The Verve, que para quem não se lembra andaram meses nos tops e nas rádios com o sublime Urban Hymns (um disco que me raz óptimas recordações), e dos Supergrass, uns ingleses não muito mediáticos mas que conseguem ser histriónicos - e divertidos- q. b.
Quem também não resistiu a editar a colecção foram os profetas do moderno glam-rock, os Placebo. O trio de Brian Molko só leva quatro originais na bagagem, fora um excelente DVD ao vivo, e estava em ampla ascensão para se tornar uma das maiores bandas do Mundo. Esta edição é como que uma interrupção do seu trabalho, mas nunca se sabe se os andróginos rapazes se fartaram uns dos outros, ou se pretendem dar novo rumo à banda. Ou se simplesmente a editora quis ganhar uns trocos a mais no Natal com a edição do CD, o que também não me espantaria. Apesar de tudo, o álbum, que até é duplo, aconselha-se a quem esteja em branco na discografia dos Placebo. Não esquecer They don´t care about us e Slave to the Wage, a minha favorita.
Registo semelhante tiveram os Guano Apes, banda alemã de nu-metal, com uma legião de fãs aqui na Pátria, sem dúvida devido à potência sónica da sua vocalista (coisa que já pude constatar de perto), e que depois de três lançamentos lançaram também o greatest da praxe. Provavelmente a rapariga resolveu enveredar por algo a solo, daí a edição do CD. Mas continuo a achar estranho como é que artistas ainda com repertório tão curto, de que estes Apes são bem o exemplo, possam já falar dos seus Greatest Hits. É que uma banda assim ainda não devia ter chegado a essa idade, deveria falar apenas dos seus Hits, sem espaço para que houvesse Greatest. E o mesmo se aplica aos extintos rock-evangélicos Creed, também eles alvo da homenagem best-of.
Quem amplamente merece essa distinção são os Pearl Jam. A banda de Seattle pode não ser a obra mais genial do rock, mas merece o respeito não só de ser a última resistente do Grunge mas também de se estar a marimbar para as campanhas promocionais e preços dos discos, além de que a voz d Eddie Veder é algo de incomparável. Com Kilos de puro rock, original ou ao vivo, mais melódico ou mais ruidoso, mas sem nunca envergonhar, o seu duplo Rearview Mirror é um testemunho de uma sólida e bem sucedida carreira, a merecer mais do que uma nota de rodapé na história da múscia contemporânea.
Ao que parece, também o diabólico Marilyn Manson e os raivosos Korn editaram as respectivas colectâneas. Não serão propriamente as hipóteses mais católicas para pôr no sapatinho, mas há gostos para tudo. Mais calmas e relaxantes são as propostas de Seal e de outra banda de culto em Portugal, os Lamb, também em estado de desagregação.
O post já vai adiantado, bem como a hora, e à memória já não me chegam mais lançamentos do tipo. Se alguém se lembrar de alguma colectânea portuguesa ( sem ser o disco ao vivo dos Silence 4) deste ano que avise. Até amanhã.

PS: lembrei-me de mais dois greatest-lançamentos deste ano: o dos melancólicos Travis e o dos pseudo-alternativos 10.000 Maniacs. A merecer também a sua pequena audição.

3 comentários:

Freddy disse...

Os Greatest Hits a torto e a direito só indiciam a falta de criatividade da maior parte dos autores musicais.
"Este Natal, os melhores êxitos de xxx com 2 inéditos"

Claro, só tiveram (semi) inspiração para 2 temas ranhosos e por exigências das editoras, vamos lá sacar mais cheta aos nossos fans...

Anônimo disse...

Votos de um excelente ano de 2005!

Beijinhos
Sónia

www.lbutterfly.blogs.sapo.pt

mfc disse...

Olha, um grande (enorme) 2005.
...com tudo de bom !