O mito do "apoio popular" do 5 de Outubro cai perante as evidências. A imagem propagandística e oficial da implantação da república, da autoria de Joshua Benoliel, mostra uma Praça do Município, em Lisboa, a abarrotar de gente, perante os semblantes solenes dos oradores. Mas a foto original autêntica revela o vazio da praça. Também a olissipógrafa Marina Tavares Dias a mostra e refere, no seu último álbum (uma espécie de best of da sua magnífica colecção Lisboa Desaparecida), que o público presente não ultrapassaria as cem pessoas. Mais ou menos o número dos curiosos que costumam assistir à cerimónia anual, no mesmo espaço.
Tendo em conta que o número de manifestantes que na noite de quatro para cinco de Outubro passado ergueu a bandeira azul e branca era de duzentos, fica-se a pensar que a República cairia com mais facilidade do estaríamos à espera...
3 comentários:
Seriam pouquíssimos decerto mas, sendo uma mísera centena, terão sido uma centena a mais do que aqueles que, motivados pela causa do regime que então caía, se dispuseram a ir para a mesma praça vaiar os oradores e manifestar-se contra as grandiloquentes proclamações republicanas então feitas daquela varanda.
Não sei se seria prudente para quem quer que fosse ir vaiar os senhores do varandim, dada a exaltação dos ânimos. Os passa-palavra que ajudaram ao sucesso do 5 de Outubro também teriam desmoralizado muitos monárquicos.
As vaiadelas foram apenas um exemplo caricatural da essência da minha ideia.
E muito frágeis seriam os fundamentos do ideal entre certos monárquicos para se desmoralizarem assim tão facilmente...
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