quinta-feira, junho 17, 2010

Mundial


O Mundial começou, e até já entrou na segunda ronda. Não tenho seguido com o mesmo interesse de outros certames. O facto de ser em terras africanas não me dá qualquer acréscimo de interesse. Até acho que mo tira, e não é só por causa daquele infernal tubo de plástico que imita um enxame de vespas durante hora e meia. Se uma vuvuzela já é irritante, uns milhares ao mesmo tempo devem ser insuportáveis. é um dos preços a pagar por se querer levar este tipo de eventos a terras distantes. Os outros são algumas vergonhas, como manifestações de stewards por não serem pagos, e já nem falo da crónica insegurança daquele país.


Outro motivo de pouco interesse é a nossa Selecção, que continua a ser aquele bocejo com Cristiano Ronaldo a fazer que joga. Contra uma Costa do Marfim surpreendentemente bem organizada e com boa defesa (consequências de Mr Eriksson ou já era assim?), tivemos a sorte de Drogba arriscar pouco por causa do braço. As equipas de Queiroz continuam a ser a mesma coisa insípida e sem garra do costume, e sem Nani isso torna.se mais visível. Só um surpreendente Coentrão consegui agitar um pouco as laterais. Viu-se futebol a espaços, como se tem visto neste Mundial. Eis talvez o outro motivo para a minha falta de interesse. Quantos grandes jogos se viram até agora? E com tal escassez de golos, quantos registará o melhor marcador da prova? Parece-me que o facto de haver tantas selecções "exóticas", de que os senhores da FIFA tanto gostam, e que marcam presença como já não se via desde o Mundial de 1982, levam o jogo a esta pobreza franciscana. Se em Espanha 82 tínhamos coisas como o El Salvador e o Kuweit, agora temos as duas Coreias numa mesma prova, a Eslováquia, e os repetentes Nova Zelândia e Honduras.


Até agora, viu-se uma Alemanha digna do seu nome, uma Holanda a tentar imitá-la, ainda pouco certa do seu rumo, interessantes Coreia do Sul, Gana e Chile, e uma Argentina que com um treinador a sério daria cartas. Grandes desilusões até agora foram a Inglaterra e a Espanha, que por várias vezes ficou arredada mais cedo quando era considerada favorita. A Itália empatou com um complicado Paraguai, e os restantes adversários são fraquitos, por isso nem terá muito com que se preocupar.




Paradoxalmente, há um mesmo grupo onde as desilusões se misturam com as maiores emoções. Trata-se do Grupo A, que acolhe a anfitriã, o México, que me parece uma equipa muito razoável, a antiga campeão França e o outrora temível Uruguai. Um dos poucos jogos que segui foi precisamente o confronto entre estas duas últimas equipas, que já ergueram a Taça do Mundo. Entre dois azuis, torci pelo celeste, tendo em conta as más recordações que os Bleus franceses nos dão. Vi um jogo quezilento, sem grandes oportunidades de golo, em que os gauleses nem contra dez conseguiram marcar. Sem Zizou as coisas tornam-se complicadas. Quanto aos uruguaios, há já muito que não conseguem surpreender. Até hoje, em que aplicaram chapa 3 à África do Sul, comandada pelo técnico ex-campeão do Mundo Carlos Alberto Parreira. Não terá sido um Maracanazzo como na dramática final de 1950, mas deixou os da casa quase em estado de choque e em sérios riscos de não se apurarem para a fase seguinte. E notou-se que as vuvuzelas diminuíram de tom. Se isto servir para as calar, os Celestes levam já o meu apoio para a conquista da Taça dourada, excepto no momento em que enfrentarem Portugal. Quem cala aqueles instrumentos do demónio só pode ser uma selecção abençoada.




Um comentário:

Carlos Pires disse...

Pois...