José Saramago 1922 - 2010
Morreu Saramago. É sim dúvida uma referência literária contemporânea, além de original, e que deve ser enaltecida por isso. Mas não façam dele, como já se ouve, o que manifestamente não era: um "combatente, toda a vida, pela liberdade". Sem esquecer, claro está, que uma referência literária não é necessariamente, uma referência moral. São aliás duas coisas que raramente se encontram numa mesma pessoa.
Um comentário:
José Saramago não era menos português por não pôr a bandeira à janela na véspera de um evento desportivo. Acima de tudo, a sua essência era ibérica. Convém dizer que só saiu de Portugal devido à ostracização de Sousa Lara, comprovada agora com o episódio político revisionista da não presença de Cavaco Silva no seu funeral. "Viagem a Portugal" é reflexo de amor e do encantamento que sentia pelo país, pela sua beleza e cultura, pela classe trabalhadora, espelhada na sua identidade, mesmo que isso significasse ir contra a ideologia do seu partido, contra a maioria religiosa, contra o politicamente correcto. Para o seu espírito inconformado, a morte é pouco relevante. Como diria Saramago, "o fim duma viagem é apenas o começo de outra".
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