E a Celeste ganhou mesmo. Com lesionados e expulsos à mistura, com um estádio todo a puxar pelos adversário, ultrapassou o Gana, depois de estar à beira da eliminação no último minuto do prolongamento. Os seus jogadores voltaram a exibir uma resistência sobre humana às adversidades, que já não mostravam há muito, mas que os levou aos grandes momentos da sua história futebolística.
Também em 1950, na final do Campeonato do Mundo, num Maracanã a abarrotar de gente (o jogo com mais espectadores de sempre), apoiando furiosamente o Brasil, ao qual bastava o empate para se sagrar pela primeira vez campeão mundial, os uruguaios pareciam meros convidados formais, condenados a ser parte de uma mera formalidade a que toda aquela multidão tinha vindo assistir. Mas não era isso que estava escrito, e, comandados pelo capitão Obdúlio Varela, resistindo a um ambiente adverso e a um golo de avanço do Brasil, entraram mesmo na baliza à guarda de Barbosa, pelo grande avançado da equipa Juan Alberto Schiaffino, primeiro, e depois por Ghiggia, que deu a estocada final. O Brasil não mais conseguiu marcar e perdeu a final num silêncio sepulcral, ao passo que os uruguaios, por quem ninguém dava nada, levaram com eles a Taça. Houve suicídios, lágrimas e culpas para muitos, a começar no guarda-redes. Desde então, s selecção brasileira deixou a camisola branca e adoptou o amarelo, com a qual ainda hoje se veste.
O Uruguai ainda disputou as meias finais quatro anos depois, na Suíça, caindo perante a fabulosa Hungria de Puskas. Muitos dos seus jogadores foram depois jogar para Itália e passaram mesmo a jogar pela selecção transalpina, numa altura em que isso era possível, dado que muitos eram filhos de imigrantes italianos. Com isso, a Celeste perdeu a sua força anterior, começou a falhar Mundiais, e só em 1970 voltaria a umas meias finais. Conseguiu-o de novo agora, numa campanha épica e de muito sofrimento. É pouco provável que consiga ir mais além, com uma moralizada Holanda pela frente, e sem alguns elementos importantes, mas se conseguiram vencer o Brasil no Rio de Janeiro, quem é que pode assegurar que os sucessores de Schiaffino & Companhia não voltam a surpreender?
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