Na luta fratricida pela liderança do Partido Trabalhista, recentemente caído do poder, Ed Miliband bateu com alguma surpresa o seu irmão mais velho (e mediático), David, que esteve à frente da política externa britânica no governo de Gordon Brown. Ed pertence à ala esquerda do partido, e ganhou a contenda com o apoio dos sindicatos, que ainda têm peso considerável no partido, se bem que algo esvaziado nos últimos quinze anos. Adivinha-se que seja a martelada final no New Labour, personificado em Tony Blair. Ainda assim, Miliband tenta descolar da imagem esquerdista com que está rotulado. É naturalíssimo que o faça. Provavelmente começou a interessar-se pela política no início da adolescência, quando o Labour sofreu uma das suas piores derrotas sob a liderança de Michael Foot, morto há apenas uns meses, e que foi o líder mais esquerdista do partido de que há memória. Depois dessa inclinação para a esquerda, Neil Kinnock começou a puxar os trabalhistas para o centro, até que o malogrado John Smith, Blair e Brown enveredaram definitivamente pelo Third Way, com o sucesso que se conhece. Ed tem a sombra do seu pai, o intelectual marxista Ralph Miliband, a toldar-lhe qualquer eventual aproximação aos eleitores mais centristas. Resta-lhe esperar que parte do eleitorado liberal se aborreça com a coligação com os conservadores e se vire para este new old Labour.
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