sexta-feira, novembro 11, 2011

E os mercados derrubaram Berlusconi




Nem os inúmeros processos por crimes fiscais e incompatibilidade com o cargo, nem as histórias de festas indecorosas e relações com prostitutas menores de idade, nem as inúmeras manifestações de rua, nem a traição a Kadhafi, nem as campanhas de Nani Moretti, nem as declarações politicamente incorrectas, nem sequer a perda substancial de boa parte seu grupo parlamentar, que seguiram a cisão de Fini, conseguiram derrubar Berlusconi. Sua Emittenza perdeu duas eleições, mas conseguiu sempre voltar a ganhar, e nos últimos dezassete anos ocupou o poder durante dez. Só os "mercados", essa entidade sem rosto mas de cujos humores dependem os juros dos empréstimos necessários à sobrevivência de qualquer entidade nos dias que correm, seja o estado ou uma família, levaram à queda do Cavaliere. Esta adivinhou-se ao longo dos anos, mas ele sempre se aguentou, o que num país de comediantes e líricos como é a Itália, que inventou um Mussolini e acolheu uma Cicciolina, nem devia espantar. Agora, acabou-se. Aos 75 anos, envolvido em escândalos, com o partido dividido e sem credibilidade internacional, Berlusconi acaba a sua carreira política deixando a Itália num caos financeiro, económico e político. Não deixa de ser irónico que um empresário de sucesso e supostamente liberal seja derrotado pelo seu estrondoso fracasso económico.

Nenhum comentário: